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INDUSTRIALIZAÇÃO OU AGRONEGÓCIO E TURISMO RURAL?

A péssima situação pela qual passa o produtor rural alfredense, neste momento em que a safra da cebola comemora mais um recorde nacional, está trazendo de volta uma discussão repetitiva quando o assunto é crise: a industrialização do município. Dizem vozes tidas como sábias que a indústria gera emprego para a cidade e faz circular dinheiro no comércio.

É verdade, quem diz isso fala verdade, mas não é tudo. Dificilmente falarão dos aspectos negativos de uma indústria para a Capital Catarinense das Nascentes.

E quais são os lados negativos? Vários e de grande impacto. Não vamos falar do impacto ambiental que dependerá do tamanho da indústria e de sua constituição. Uma indústria para se instalar no município precisará de incentivo da Prefeitura através de isenção de impostos por um período de tempo compensatório. Pelo menos uns 20 anos sem pagar uma nesga de imposto. Uma indústria que queira se instalar aqui quererá, custe o que custar, ter a Câmara de Vereadores do seu lado. Pagando bem… e, amigos e amigas leitores, não existe pior coisa para um município do que uma Câmara de Vereadores dependente de uma Indústria.Vim de São José dos Campos, cidade do Vale do Paraíba considerada como a melhor do Brasil para tratamento de tuberculose, sendo considerada Estância Climática por causa de seu ar puro. Na Década de 70, Vereadores apoiados financeiramente por grandes indústrias, conseguiram eliminar o status de Estância Climática, para que fabricas pudessem ser erguidas no município. Hoje a cidade tem mais de 800 mil habitantes, uma poluição que envenena todo mundo e um grave problema de desemprego, comércio falido, só prosperando grandes Shoppings. E mais, recentemente li uma mensagem num grupo que participo onde fiquei sabendo que a única solução para a cidade é a construção de usinas que geram energia elétrica através do lixo. E a Câmara de Vereadores vem no cabrestro puxada pelas grandes indústrias exigindo que o Executivo permita a construção destas usinas, consideradas pelos especialistas como obsoletas e altamente poluentes. A leitora já imaginou acordar de manhã, sair para ordenhar sua vaquinha, colher umas verduras fresquinhas e ficar sabendo que Alfredo Wagner deixou de ser a CAPITAL CATARINENSE DAS NASCENTES, para que uma indústria possa se instalar aqui? Tenho absoluta certeza que nossos atuais Vereadores jamais permitirão isso. Mas sabemos quem serão os futuros vereadores?
O impacto social de uma indústria é sempre negativo, especialmente para uma comunidade como a nossa, com características próprias e uma unidade dentro da variedade. Culturas diferentes invadindo em massa o nosso espaço e impondo um estilo de vida diferente só traz confusão e segregação.
Qual seria então a solução?
Tenho falado com diversos lideres da área agrícola e noto pouco interesse em resolver o problema para o produtor rural. Buscam-se paliativos, mas dificilmente se busca uma solução definitiva. Estamos no município que produz a melhor cebola da região, para não dizer do Estado e do Brasil. Alfredo Wagner sempre ganha vários prêmios da Festa da Cebola. Então, a tradição da produção ceboleira pode e deve continuar. Mas para continuar os produtores precisam se transformar em empresários. Noto que os agricultores são muito desunidos. Cada um para si. E não existe um órgão da classe produtora dedicado especialmente à comercialização da cebola. Os Sindicatos tem outro objetivo. Não é função deles vender cebola. Os Bancos também tem outros objetivos e não estão ali para vender a safra do produtor.
Já convidei alguns lideres agrários para fazermos uma visita a uma Cooperativa de cafeicultores no interior de São Paulo. Essa cooperativa comercializa o café de seus cooperados pelo preço da bolsa de valores de Nova York. Uma indústria, nacional ou estrangeira, faz um pedido de café em grãos, a direção verifica a cotação da Bolsa online. E vende o produto com um preço justo. Os produtores deveriam se organizar em cooperativa para oferecer a cebola para grandes mercados. O Fulano do Rio Engano não sabe lidar com a bolsa de Nova York, o sicrano da Lomba Alta não sabe falar espanhol, o Beltrano do Caeté tem mercado para a sua cebola? Juntos, Fulano, Sicrano e Beltrano poderão negociar com mercado externo e resolver o problema que afeta a todos os produtores: a injustiça do preço da cebola. Se eu vendo um gado eu dou o preço. Posso até negociar, mas eu vendo pelo preço que quero. Se eu tenho uma loja de roupas, eu vendo no preço que eu quero. Só os produtores rurais são obrigados a vender o produto pelo preço que o comprador quer? Este problema se dá também com os produtores de leite.
O Agronegócio é uma das maiores fontes de divisa no Brasil de hoje. A alta produtividade da agricultura mantém estável a balança comercial. Se a agricultura familiar não começar a pensar grande e formar uma cooperativa e entrar de cabeça no agronegócio, vai parar de produzir por falta de dinheiro. Os agricultores e lideres rurais interessados em conhecer esta cooperativa, podem me procurar. Quem sabe agendamos uma visita à Cooperativa de Cafeicultores de Marília para ver como é a organização deles.
O Turismo Rural é outra fonte de renda altamente qualificada e que não vai mudar em nada a rotina do produtor, apenas acrescentando alguns cursos a mais para se adequar ao recebimento e atendimento dos turistas. Atualmente tem sido levado a frente uma iniciativa, já noticiada neste Jornal de Alfredo Wagner, da união entre o produtor rural e o turismo. A comunidade de S. Leonardo tem recebido turistas levados por Gisele Schuller. Lá sob a direção da Da. Izolde o Grupo de  Danças se apresenta, os turistas vão conhecer a roça de cebola e participam da colheita, etc. A comunidade vende seus produtos e o turista sai feliz. Eventos que tragam turistas de qualidade devem ser incentivados, tanto pelo Executivo quanto pelo Legislativo pois atrairão um público que irá somar às caracteristicas municipais e não causar impacto negativo. No ano passado organizei o II Encontro Catarinense de Escritores de Alfredo Wagner e Região. Estiveram representados aqui 5 Estados e 30 Municípios e mais três países: Brasil, Estados Unidos e Portugal. Nos dois dias de Encontro quase 150 escritores participaram. Os que se hospedaram na cidade puderam percorrer o comércio e visitar pontos turísticos. Posso dizer sem exagero que Alfredo Wagner os apaixonou.
Vamos fazer um esforço para continuar apaixonando os visitantes. Vamos continuar sendo a maravilhosa CAPITAL CATARINENSE DAS NASCENTES. O Cooperativismo no agronegócio, e o turismo rural de qualidade é solução para o município. Indústria não resolve problema nenhum, só agrava!


Mauro Demarchi
Twitter: @maurodemarchi @monarquiaja
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