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TV digital: entenda o que muda e conheça as vantagens

TV digital: entenda o que muda e conheça as vantagens

GUSTAVO SUMARES 18/02/2016

O sinal analógico de TV está com os dias contados no Brasil. Muitos anos após deixar de ser transmitido nos Estados Unidos, seu encerramento já está começando no Brasil – embora com alguns percalços ao longo do caminho.

Não é à toa que o governo está se dando o trabalho de substituir as transmissões analógicas por digitais. A tecnologia mais nova oferece uma série de vantagens importantes que fazem com que o esforço valha a pena. A seguir, falamos sobre a diferença entre os dois tipos de transmissão, e sobre as vantagens da TV Digital:

Diferenças

Embora as duas tenham a mesma finalidade – exibir imagens – a TV analógica e a TV digital funcionam de maneiras muito diferentes. Na TV analógica, as imagens são recebidas por meio de uma antena, e, com base nos dados que chegam à antena, um tubo de rádios catódicos desenha a imagem na tela. Em inglês, esse componente é chamado de cathode ray tube, e é daí que vem a sigla CRT para se referir às TVs de tubo.

As televisões digitais, por sua vez, recebem dados na forma de longas sequências de 0s e 1s, e possuem pequenos computadores que interpretam esses dados e transformam-os em imagem. Como as duas tecnologias de transmissão são muito diferentes, uma TV analógica não conseguirá receber sinal digital a não ser que possua um conversor. Sem ele, seria como tentar assistir a um DVD colocando ele um vídeo cassete, ou colocar um vinil pra rodar em um diskman. Essa nova tecnologia, no entanto, possui muitas vantagens. Veja a seguir as principais:

Imagem melhor

A primeira delas e mais óbvia delas é a resolução. Mesmo uma imagem digital transmitida e recebida em baixa qualidade ainda tem mais definição do que uma imagem analógica transmitida e exibida na melhor qualidade possível. De maneira mais detalhada: enquanto a TV analógica consegue exibir apenas 525 linhas horizontais, a TV digital consegue chegar a 1080 linhas digitais, oferencendo mais que o dobro de detalhes na mesma imagem.

O formato da imagem também é diferente entre as tecnologias de TV analógica e digital. Enquanto as imagens analógicas são transmitidas em formato 4:3, as imagens de TV digital têm formato 16:9. Isso dá a elas um aspecto mais horizontal e cinematográfico, e permite que mais informação apareça nas laterais da imagem, conforme pode se ver na imagem abaixo:

Reprodução

Áudio melhor

A televisão analógica recebe áudio mono ou estéreo. Isso significa que ela consegue reproduzir um (mono) ou dois (estereo) canais de som ao mesmo tempo. A vantagem de ter som estéreo em vez do mono é que, como são dois canais diferentes, é possível criar um efeito de espaço com o som: ruídos que vêm do lado direito, saem do lado direito, e os que vêm do lado esquerdo saem do outro lado.

O sinal de televisão digital, no entanto, permite a transmissão simultânea de até seis canais de som. Em vez do efeito espacial direita-esquerda que o som estéreo permite reproduzir, os seis canais de som podem envolver completamente o espectador, colocando-o no centro sonoro de uma cena. Vale notar, entretanto, que para aproveitar esses seis canais, é necessário ter um equipamento de som compatível.

Mais estabilidade

A transmissão digital é uma forma mais robusta de se transmitir informações. Isso se traduz numa estabilidade maior da imagem: quedas de sinal ou interrupções da transmissão por conta de condições climáticas são muito menos comuns em sistemas de transmissão digital.

Além disso, há também a questão da interferência: o sinal digital é muito menos suscetível a oscilações de qualidade. Por sua natureza digital, ele não perde definição entre a origem da transmissão e o local de recepção da imagem, o que significa que você não precisa se preocupar com “chuviscos” ou “fantsmas” na imagem.

Mais canais

Por conta da natureza do sinal analógico, ele precisa ser transmitido em determinadas frequências. E, para evitar interferências, canais diferentes precisam de um espaço grande entre suas respectivas frequências.

A TV digital não é diferente, mas é muito mais precisa: ela permite que mais canais se encaixem no mesmo espectro de frequências. Imagine que esse espectro de frequências é um estacionamento, e cada canal é um carro. Na TV analógica, cada carro ocupa um grande espaço; na digital, o espaço ocupado por cada um é menor, e por isso cabem mais carros no mesmo espaço sem que eles esbarrem entre si.

De maneira mais aprofundada: cada canal de TV analógica ocupa uma faixa de frequências de 6MHz (megahertz). O canal 3, por exemplo, é transmitido a 60MHz, e o canal 4, a 66MHz, e assim por diante. Na TV analógica, porém, é possível acomodar até quatro canais diferentes denrto dessa mesma faixa de 6MHz, sem perda de qualidade ou risco de interferência.

Interatividade

O sinal analógico de transmissão de televisão é uma via de mão única: as TVs analógicas conseguem apenas receber informações, mas não conseguem enviar nada de volta. O sinal digital, por outro lado, permite essa via dupla de comunicação.

Isso permtie que o espectador interaja um pouco mais com a informação que lhe é apresentada. Ele pode, por exemplo, acessar um menu de programação (que mostra quais programas serão transmitidos em cada horário), responder a enquetes realizadas pelo canal e ter acesso a outras informações além das que aparecem na tela – de maneira semelhante aos links que o Youtube permite inserir nos vídeos.

Isso é possível porque todos os aparelhos produzidos no Brasil a partir de 2013 são compatíveis com uma linguagem de programação chamada Ginga. Criada no Brasil, a Ginga permite até mesmo que canais de TV enviem sinais com aplicativos interativos. Todas as televisões com o selo DTVi são compatíveis com essas funcionalidades.

O Olhar Digital já falou sobre as possibilidades de interatividade da TV digital em um vídeo que você pode ver abaixo:

Prazo para mudanças

Por bem ou por mal, a TV Digital em breve não será uma opção, mas uma imposição. A primeira cidade a deixar de ter sinal analógico de TV foi Rio Verde, em Goiás, que está servindo de cidade-piloto para o resto do país desde 15 de fevereiro.

Em seguida, Brasília e uma série de cidades de Goiás terão o sinal desligado a partir de 26 de outubro de 2016. São Paulo continuará com sinal analógico até 29 de março de 2017, e Goiânia passará pelo desligamento em 31 de maio de 2017. Uma tabela com o atual cronograma para o desligamento do sinal analógico no país pode ser vista aqui.