Belezas de Alfredo Wagner/SC História Memória notícia

O sitio arqueológico de Alfredo Wagner – SC – 02

Em nosso primeiro artigo O sítio arqueológico de Alfredo Wagner/SC descrevemos a descoberta de peças indigenas em terras da olaria do Sr. Balcino Matias Wagner e a vinda do Pe. João Alfredo Rohr, SJ, a Alfredo Wagner para a pesquisa e conduzir a equipe que iria trabalhar no local.

Neste artigo iremos descrever quais foram os achados e apresentar uma galeria de imagens gentilmente cedida pelo Museu do Homem do Sambaqui, através de Jefferson Batista Garcia, responsável pelo arquivo fotográfico.

Relembrando nossos leitores que, segundo datação realizada nos Estados Unidos, os artefatos encontrados datam de 3.000 anos,

De acordo com a revista PESQUISAS,  Antropologia, nº 17 – Ano 1967, “O Sítio Arqueológico de Alfredo Wagner SC – VI 13” aqui “foram encontrados artefatos de madeira, artefatos de fibra e artefatos de pedra”.

1, Os artefatos de madeira foram em número de três, o primeiro com a forma de curta muleta fabricada de nó de pinho, com 25 centímetros de comprimento. Provavelmente se trate de um tembetá ((do tupi antigo (e)mbetara ou (e)metara), também chamado de tametarametara e pedra de beiço). Ou seja, um enfeite labial. O segundo artefato de madeira assemelha-se a um prego de madeira, feito também de nó de pinho. Supõe-se que “se trata de um virote, isto é, ponta de flecha destinada a atordoar pássaros ou a derrubar pinhões”. O terceiro artefato, semelhante ao anterior, um pouco mais comprido e a cabeça mais grossa.

Diz o Pe. João Alfredo Rohr:

“Todos os três artefatos, possivelmente, possuíssem superfície, perfeitamente, polida, mas sofreram decomposição superficial, em decorrência da longa exposição à humidade.” página 11.

2. A segunda categoria de artefatos encontrados foram trançados de folhas de imbé (phylodendron pertusum). Oito artefatos foram encontrados  no Sítio Arqueológico de Alfredo Wagner. Três peças foram retiradas ao nível de sessenta centímetros pelo próprio Pe. Rohr e equipe, e outros cinco foram retirados pelo oleiro no mesmo nível. Em sua descrição o Pe. Rohr não especifica se o “oleiro” era o proprietário do terreno, Sr. Balcino Matias Wagner, ou algum trabalhador da olaria, pois não menciona nomes.

O primeiro artefato é uma espiral de fibra que envolvia a ponta de um arco que desapareceu, mantendo, entretanto, a forma. O segundo artefato de fibra, encontrado ao lado do primeiro e semelhante a ele, porém menor em tamanho. Por fim, o terceiro artefato, uma espécie de trançado de fibra feito fitas muito finas de imbé.

Muito interessante a descrição feita pelo Pe. Rohr deste trançado:

As fibras individuais possuem, aproximadamente, um milímetro de largura. O tecido tem uns cento e sessenta centímetros de comprimento por oitenta de largura. É composto de tiras individuais justapostas e comprimidas.

Cada tira individual horizontal, é formada por duas fitas onduladas e enroladas uma ao redor da outra, ficando as ondulações opostas, formando como que os elos de uma corrente. Através destes elos, de espaço a espaço, passa uma fita vertical que dá consistência ao trançado.

Todo trançado é tão regular e perfeito, que dá a impressão de se tratar de trabalho de fábrica e demonstra habilidade extraordinária, por parte do artífice indígena.

O conjunto formava pequena cestinha.

Os artefatos encontrados pelo oleiro: quarto artefato uma espécie de tecido trançado de fibra finíssima de imbé, o quinto artefato é formado “por um volumoso conjunto de centenas de fitas de fibra onduladas e enroladas duas a duas, uma ao redor da outra, lembrando os elos de uma corrente“. O sexto artefato é um trançado de fibra de imbé, de quinze centímetro de comprimento. O sétimo é uma corda dobrada em feixes de seis centímetros de comprimento, amarrado com fita de imbé. A corda é da mesma fibra.

Diz o Pe. Rohr que “o comprimento da corda é de, aproximadamente, dois metros e a espessua de um centímetro. É formada por duas fitas de imbé de centímetro e meio de largura, torcidas e enroladas uma ao redor da outra.

Podia servir como corda de arco.”

A oitava peça é uma fita de imbé de dois e meio centímetros de largura e metro e meio de comprimento com um nó ligando as duas pontas.

O terceiro tipo de material arqueológico encontrado no terreno do Sr. Balcino Matias Wagner são os artefatos líticos. Machados, quebra-coquinhos, batedores, amoladores, e seixos do rio sem evidências de uso e outros lascados.

Após a passagem do Padre João Alfredo Rohr por Alfredo Wagner, passou-se a dar mais importância aos artefatos encontrados em roças e campos pelos proprietários rurais que, primeiro, os guardaram em suas casas, e depois, doaram para a Fundação Alfredo Henrique Wagner, mantenedora da instituição do Museu de Arqueologia da Lomba Alta, idealizado pelo Eng. Altair Wagner.

Em próximo artigo traremos as conclusões do Pe. João Alfredo Rohr sobre esta escavação.

As fotografias apresentadas a seguir, foram gentilmente cedidas pelo Museu do Homem do Sambaqui – Colégio Catarinense ao qual damos os parabéns pela manutenção do acervo e a disponibilização para a divulgação em nosso Jornal Capital das Nascentes – Sou da Serra.