Belezas de Alfredo Wagner/SC Cultura Religião

O Soldadinho em 4 tempos

O Soldadinho, desde o momento de sua morte, naquela noite gelada do final do Século XIX, tem atendido as orações de quem passa por sua sepultura.

Sua vida, porém, continua um mistério que pacientemente está sendo pesquisada.

Se “talis vita, finis ita”, “tal vida, igual fim”, podemos concluir que tal fim, igual vida… Se a vida de alguém é boa, esta pessoa também terá um bom fim. No caso do Soldadinho, desconhecemos, por enquanto sua vida, mas sabemos de sua morte e do pronto atendimento a aqueles que a ele recorrem em suas necessidades. Assim, com certeza, o Soldadinho era em vida, atendendo a todos aqueles que o procuravam para resolver algum problema pessoal.

Vamos analisar 4 fotografias de tempos diferentes e do estado em que se encontrava no passado, e se encontra hoje, o Túmulo do Soldadinho:

1910/1920

Esta fotografia foi tirada há mais ou menos 100 anos atrás. Com toda certeza é a mais antiga fotografia do local já encontrada até o momento. Foi publicada no Alfredo Wagner News, página no Facebook, sem indicação da origem da fotografia. Nela podemos observar dois militares com suas famílias. Não consta o nome de nenhum dos presentes. É interessante observar que os dois militares casaram-se com índias xoklengs, um deles com numerosa prole. Eles foram pagar alguma promessa. O local era circundado por uma cerca de ripas de madeira, o túmulo, possuía a lápide de granito, que ainda hoje se vê, com uma placa com os dizeres: “Ao Soldadinho – Homenagem do povo da Catuira pelas graças alcançadas (…) Sgto Tobias (…) Sefim (…). Sobre o túmulo um caixote de madeira onde eram acesas as velas. Hoje em dia a Cruz, sobre a lápide, já não existe mais, provavelmente se quebrou e está enterrada em algum lugar. O mesmo da placa que só resta a parte de cima, oculta por outra colocada há uns 10 ou mais, dificultando o conhecimento de todo o teor do oferecimento a que ela se refere.

 

1986

A fotografia publicada por ocasião do jubileu de prata na “Alfredo Wagner em Revista – 1961/1986” apesar de não ter uma boa qualidade, mostra um outro aspecto do túmulo do Soldadinho em 1986. A cerca de ripas continua, mas sobre o Túmulo, agora, existe um telhadinho, sustentado por palanques de madeira e em volta é cercado por tijolos. Na fotografia aparece uma cruz deslocada, a esquerda. A cruz que não se queimou quando o fogo tomou conta do campo. Hoje, esta cruz de madeira está colocada atrás da lápide de granito. Neste período, os fiéis depositavam poucas velas, mas muitas coroas de flores artificiais, que levavam em pagamento de alguma promessa.

2003

Fotografia provavelmente tirada por Juliano Norberto Wagner. Nela notamos a permanência da lápide de granito, com a velha placa, apenas com os dizeres: “Ao Soldadinho”, com certeza o calor das velas quebrou a placa e a mesma se perdeu. O suporte do telhado é de madeira e a cerca de ripas foi substituída por um muro de tijolos que circunda o local. O chão é coberto de pedra brita. O muro e o telhadinho são caiados de branco, dando uma alvura e leveza ao local. O tumulo não aparece, mas com certeza já havia uma cobertura  de tijolos. Flores, velas e coroas indicam a piedade dos alfredenses que continuvam a recorrer ao Soldadinho. 

2010

Dentre as muitas visitas que fiz ao Soldadinho, esta ficou registada para o Jornal Alfredo Wagner, em 2010, junto com o amigo Marcos Lemos Vitório. O suporte do telhadinho foi substituído por colunas de cimento dentro de tubos de PVC, e a pedra brita que revestia o entorno da sepultura, recebeu uma cobertura de cimento, protegendo todo o local. Poucas flores, algumas velas, mas muitas imagens, desgastadas pelo tempo e que não tem um destino digno e que ali encontram abrigo. A lápide de granito continua no mesmo local e sobre ela, cobrindo a antiga inscrição, foi colocada uma nova, de plástico, hoje desbotada com a inscrição que já publicamos em outra postagem: http://jornalaw.com.br/2014/11/13/o-soldadinho-um-santo-desconhecido/

2018

O túmulo do Soldadinho em Janeiro de 2018. São frequentes os visitantes que param e ali deixam flores e velas, deixam também seus pedidos e suas orações. Poucas mudanças, apenas os cupins, realizando um trabalho silencioso, corroem a armação do telhadinho. A placa negra de plástico sobre a lápide de granito encontra-se desbotada pelo tempo. O que não é corroído e nem diminui é a Fé dos fiéis católicos que lá vão pedir e agradecer.