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ENFIM, UM ALENTO

pedroinovaes@uol.com.br

Pedro Israel Novaes de Almeida

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Jornal Alfredo Wagner Online
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O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

A escolha de Sérgio Moro, como titular do Ministério da Justiça, gerou especulações e manifestações de toda ordem.

O juiz, tornado celebridade pela aplaudida atuação na Operação Lava Jato, ousou aceitar o convite do presidente eleito. Sai da pouco cômoda situação de julgador, para a nada cômoda situação de formulador e condutor de políticas públicas.

Como juiz, Moro exercia atividade soberana, submetido tão somente a leis e ritos da magistratura. Suas sentenças renderam-lhe muitos e retumbantes aplausos e concordâncias de instâncias superiores.

Soube, com mestria, esgrimir legalidades, preservando a impessoalidade mesmo diante de bancas privadas insistentes e bem aparelhadas. O ofício rendeu-lhe a pouca privacidade, e de sua família, não raro atacada de maneira sórdida, em tentativa de desmerecer e desacreditar seu desempenho na atividade.

Tal qual ocorrido na Itália, com magistrados da Operação Mãos Limpas, foi forçado a carregar consigo um amontoado de seguranças, eis que suas sentenças afrontaram poderosos, nada resignados com condenações as mais diversas. Condenou corruptos de quase todos os partidos.

O presidente eleito manifestou interesse por sua indicação a ministro do STF, quando da abertura de alguma vaga. Nada mais justo, eis que reúne todas as condições, de saber jurídico a notória idoneidade, para tal função.

Ocorre que Moro vislumbrou, na titularidade do Ministério da Justiça, a oportunidade de idealizar e conduzir medidas mais efetivas e eficientes, no combate à corrupção e ao crime organizado, pontos nevrálgicos da precária situação em que nos encontramos. Sai da mesa julgadora para alçar maiores âmbitos.

Aceitando a nova condição, de subalterno ao presidente, demissível a qualquer tempo, sinaliza para a confiança nos novos rumos que estão sendo anunciados. Para conforto de todos, temos a perspectiva, enfim, de sermos beneficiados por uma condução ministerial isenta e competente.

É compreensível a reação de poucos, alegando que os fatos de agora demonstrariam tendenciosidade política, nas ações e sentenças pretéritas, de Moro. Nada mais irreal, desacreditado e injusto.

A suposta parcialidade de Moro já foi definitivamente afastada, por seguidas e sólidas decisões de tribunais superiores, e, principalmente, pelo clamor popular, a saudá-lo como verdadeiro herói, que sacrificou seu conforto pessoal pelo benefício comum.

É triste a situação de um país que ainda precisa de heróis, mas é maravilhosa a situação do país que ainda os tem.  Somos vítimas de uma situação inercial de desmandos, desonestidades e ineficiências, de tal maneira arraigada, há séculos, que só a atuação de heróis pode solucionar.

É confortante confiar, e dispor, de um herói. Torçamos para que as conveniências administrativas e políticas não se oponham à tentativa de transformar um ministério em irradiador de cidadania e exemplo.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.