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Durante essa semana derramei litros de lágrimas em frente à TV, é incrível pensar que já fazem 20 anos que vivi a morte de Ayrton Senna.
Quando ele morreu eu tinha apenas 7 anos, mas posso dizer que ele marcou muito minha vida até essa idade. Lembro de quando eu acordava cedo aos domingos para assistir as corridas com meu vô ou então de acordar mais tarde e a primeira coisa que me preocupava em perguntar era: “O Senna ganhou?”. É incrível como esse homem fez todo mundo se apaixonar por automobilismo, pela F1, fez as famílias se reunirem na manhã de domingo para torcer por ele. Sem dúvidas foi muito triste para todos nós, seus fãs assistirem “ao vivo” sua morte. Ficamos todos um pouco órfãos.
Crianças, adultos e idosos, todos sem exceção ficaram órfãos do patriotismo emanado por ele. Ayrton Senna do Brasil deixou o país um pouco mais pobre com sua morte.
Quem não se arrepia ainda hoje quando ouve o tema da vitória?
Lembro exatamente da hora da batida, eu estava sentada do lado do vô e enquanto eu pensava que era uma batida normal, meu vô já sacudia a cabeça percebendo que tinha acontecido uma tragédia. Mais tarde sai para brincar na rua e uma vizinha chorava na frente da casa, dizendo que o Senna tinha morrido, voltei para casa e até meu vô tinha os olhos marejados e um tom de voz carregado de tristeza. Também fiquei triste, mas até então não tinha entendido as proporções daquela batida. Lembro de ter assistido as imagens do enterro em uma manha fria, na minha casa. Eu assisti a tudo de debaixo da mesa da sala e a empregada vinha de tempos em tempos ver se eu tinha parado de chorar. Tudo aquilo era tão triste e injusto. Ele me parecia uma pessoa tão boa. Todo mundo estava chorando e a frase “Perdemos um herói nacional” começava a fazer sentido.
O Brasil é tão carente de grandes heróis. Acho que nunca valorizamos as pessoas certas, exceto nesse caso. Passaram-se 20 anos, eu cresci e continuo não achando exagero o termo herói. Ele não era apenas o cara que subia ao podium todo domingo e mostrava o verde e o amarelo de nossa bandeira ao mundo. Ele era o nosso modelo de honestidade, de simplicidade, determinação, garra, competência ele era o filho que nosso país queria ter. Assim como o Capitão América era o modelo de americano da década de 40, Ayrton Senna deveria ser o modelo de brasileiro que todos nós deveríamos almejar ser. A única diferença entre o herói Capitão América e o herói Ayrton Senna é que Senna era real e tivemos a oportunidade de viver na mesma era que ele.
Hoje duas décadas depois ainda choramos sua morte, é incrível ver como mesmo o Brasil sendo famoso por ter um povo sem memória se comoveu neste último dia 1º de maio. Mas, além disso, deveríamos lembrar-nos da pessoa que ele era e pensar que ele deixou a cada um de nós o seu legado, pois o que de melhor ele nos deixou não foram os seus três títulos mundiais e sim o seu exemplo.
“Tudo o que consegui foi através de dedicação, perseverança e muito desejo de atingir meus objetivos, muito desejo de vitória. Vitória na vida e não como piloto”
Ayrton Senna, 1994
Postado por Carol Pereira às 17:33
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