E o Oscar foi para…

O vencedor do principal prêmio da 88ª cerimônia de entrega do Oscar, realizada na noite de ontem no Teatro Dolby, em Hollywood, podia ter sido o diretor Alejandro González Iñárritu. O mexicano ficou com os prêmios de melhor diretor pelo segundo ano consecutivo – primeiro por “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” e agora por “O Regresso”. Ou o diretor Tom McCarthy, que chocou o mundo como uma das maiores surpresas da História do prêmio ao tirar o Oscar de melhor filme dos favoritos e levar para “Spotlight – Segredos Revelados”. O maior nome da noite, no entanto, foi o protagonista de “O Regresso”, Leonardo DiCaprio.

Há anos, Leo é tão querido quanto alvo de piadas. Foram seis indicações até o Oscar de melhor ator chegar. Aplaudido de pé, DiCaprio tirou um peso dos ombros e entrou na história pela atuação visceral em “O Regresso”. Paralelamente, a milhares de quilômetros de distância, a atriz Glória Pires ocupou o posto de novo meme cinematográfico para a Internet brasileira. Lacônica e pouco preparada para comentar a cerimônia, ela foi um dos assuntos mais comentados com frases como “não sou capaz de opinar”, tanto quanto paradoxal para alguém atuando como comentarista.

Antes de Glória e DiCaprio chamarem a atenção, a cerimônia se iniciou com um discurso polêmico do comediante Chris Rock. Negro, o ator ora criticava a falta de diversidade étnica no Oscar, ora ironizava os astros afro-americanos que decidiram boicotar a festa. No final das contas, Rock errou mais que acertou. Outro destaque no início da festa foi “Mad Max: Estrada da Fúria”, do australiano George Miller, que arrebatou quase todos os prêmios técnicos, acumulando 6 Oscar – recorde na edição. No final das contas, deu “Spotlight”, que só ficou com duas estatuetas (Filme e Roteiro Original).

Além de DiCaprio, a cantora Lady Gaga e o compositor italiano Ennio Morricone foram os outros dois aplaudidos de pé pelo público presente no Teatro Dolby. A norte-americana emocionou ao cantar “‘Til It Happens to You”, canção original indicada pelo documentário “The Hurting Grounds”, sobre estupros em campus universitários. Surpreendentemente, ela não ficou com a estatueta, perdendo para a morna “Writing’s on the Wall”, de Sam Smith. Já o experiente Morricone, 87 anos, se tornou a pessoa mais velha a ganhar um Oscar, dessa vez pela trilha sonora de “Os Oito Odiados”. Ele ganhara anteriormente pelo conjunto da obra, em 2007.

Outros prêmios importantes da noite foram para os favoritos Brie Larson (Melhor Atriz), Emmanuel Lubezki (Melhor Fotografia; pelo terceiro ano consecutivo) e “Divertida Mente” (Animação), que superou o brasileiro “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu. “Mad Max” ficou com as estatuetas de Montagem, Mixagem de Som, Edição de Som, Maquiagem, Figurino e Design de Produção. Outro favorito confirmado foi o húngaro “O Filho de Saul”, de Lázsló Nemes, escolhido Melhor Filme em Língua Estrangeira.

No fim das contas, o Oscar 2016 foi uma cerimônia que parecia previsível, mas que guardou uma carta na manga em sua última curva. Inconstante, surpreendente. Tal qual a Internet que ajudou DiCaprio em campanhas e agora tenta transformar Glória Pires em seu novo mito.

Prêmios da noite
– Roteiro Original – Tom McCarhty e Josh Singer (Spotlight – Segredos Revelados)
– Roteiro Adaptado – Adam McKay e Charles Randolph (A Grande Aposta)
– Atriz Coadjuvante – Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa)
– Figurino – Jenny Beavan (Mad Max: Estrada da Fúria)
– Design de Produção – Colin Gibson e Lisa Thompson (Mad Max: Estrada da Fúria)
– Maquiagem – Lesley Vanderwalt, Elka Wardega e Damian Martin (Mad Max: Estada da Fúria)
– Fotografia – Emmanuel Lubezki (O Regresso)
– Montagem – Margaret Sixel (Mad Max: Estrada da Fúria)
– Edição de Som – Mark Mangini e David White (Mad Max: Estrada da Fúria)
– Som – Chris Jenkins, Gregg Rudloff e Ben Osmo (Mad Max: Estrada da Fúria)
– Efeitos Visuais – Andrew Whitehurst, Paul Norris, Mark Ardington e Sara Bennett (Ex Machina)
– Curta (Animação) – A História de Um Urso (Chile), de Gabriel Osorio Vargas
– Animação – Divertida Mente, de Pete Docter e Ronnie Del Carmen
– Ator Coadjuvante – Mark Rylance (Ponte dos Espiões)
– Curta (Documentário) – A Girl in the River: The Price of Forgiveness, de Sharmeen Obaid-Chinoy (Paquistão)
– Documentário – Amy, de Asif Kapadia (Reino Unido)
– Curta – Stutterer, de Benjamin Cleary (Reino Unido)
– Filme em Língua Estrangeira – O Filho de Saul, de László Nemes (Hungria)
– Trilha Musical – Ennio Morricone (Os Oito Odiados)
– Canção Original – Writing’s on the Wall, de Sam Smith (007 Contra Spectre)
– Direção – Alejandro González Iñárritu (O Regresso)
– Atriz – Brie Larson (O Quarto de Jack)
– Ator – Leonardo DiCaprio (O Regresso)
– Filme – Spotlight – Segredos Revelados, de Tom McCarthy