- Por Karen · Agosto 25, 2017
Parece que estamos diante uma nova tendência: pegar-se fotos antigas, em preto-e-branco e, muito meticulosamente, dar-lhe uma nova roupagem através de cores. Algumas vezes, as fotos são coloridas de forma tão moderna que nem parecem terem sido tiradas há décadas atrás.
Com as matizes de tinta em mãos, artistas dão cara nova às fotos antigas, tendo em mente objetivos diferentes. Afinal, argumentam alguns, ao selecionarem as cores que irão utilizar, a história é reescrita de uma maneira que não condiz com a realidade. Porém, na maioria das vezes, as impressionantes técnicas utilizadas são recebidas de uma maneira muito boa. Além disso, ao colorir-se as fotos do passado desperta-se o interesse pela história, ajudando a entender o relacionamento entre pessoas e eventos de então. Sem dúvida, cores podem trazer vida às fotos, ou pelo menos uma perspectiva diferente.
A foto que ilustra este artigo, dos homens desempregados, em pé, numa rua de San Francisco, na Califórnia, foi tirada por Dorotea Lange, em abril de 1939 (créditos: Bilbioteca do Congresso). Anos mais tarde, a artista brasileira Marina Amaral coloriu-as digitalmente. Marina é responsável também pelas próximas fotos (originalmente todas elas eram em preto-e-branco), que postamos a seguir.
O que você prefere: as fotos coloridas ou as originais?
Marina só tem 22 anos e é realmente muito talentosa. Antes de se tornar especialista em técnicas de coloração, ela era estudante de Relações Internacionais e nunca teve nenhuma experiência com fotografia.
Então: como começa a restauração das fotografias em preto-e-branco? Falamos com a Marina para descobrirmos como ela se transformou em colorista digital.
Marina sempre gostou de usar o photoshop em seu tempo livre, passava horas estudando tutorias no youtube e lendo sobre as técnicas disponíveis para aprender a utilizar melhor as suas ferramentas e explorar ao máximo o seu potencial.
Um dia encontrei uma coleção de fotografias restauradas da Segunda Grande Guerra e decidi reproduzir a técnica eu mesma. No começo, eu não sabia muito bem o que eu estava fazendo, mas, pouco a pouco, fui entendendo como as coisas funcionavam e fui capaz de encontrar maneiras de fazer cada vez melhor. E conforme eu ia praticando, fui desenvolvendo técnicas próprias. Fui melhorando cada vez mais e meu trabalho chamou a atenção da mídia. Em pouco tempo, meu hobby se transformou em profissão.
Ultimamente, Marina tem se dedicado a restaurar uma grande quantidade de fotos de 1850. Dependendo da qualidade da foto, o trabalho pode levar desde 40 minutos até 4 dias para ser completado. Ela faz de tudo para utilizar uma técnica minimamente invasiva.
Eu removo arranhões, sujidades, mas jamais tiraria algo de cena, por não gostar ou achar que não é adequado.
A foto que causou mais impacto em Marina, desde que começou o seu trabalho de coloração, foi a de uma garota, assassinada em Auschwitz.
Esta foto é importante de muitas maneiras. Meu objetivo primordial era dar-lhe uma oportunidade de se apresentar, de “dizer o seu nome”, mostrar seu rosto e contar sua história. Eu queria que todos compreendessem que não só ela, mas todas as pessoas assassinadas nesta guerra tinham uma história, uma vida, família, amigos, ambições, sonhos e medos e que tudo isso foi arrancado delas.
Marina sempre foi fascinada por história e ela vive este amor diariamente, através do seu trabalho – que combina criatividade e amor ao passado.
Amo ler um livro e ficar me imaginando vivendo esta época, com as mesmas condições e ambiente da minha leitura. Colorir as fotos tem o mesmo propósito pra mim. É uma experiência maravilhosa.
O que você acha da coloração de fotos antigas?
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