O que os candidatos à presidência têm a dizer (ou não) sobre tecnologia
Posted onAuthorJornalista Mauro DemarchiComentários desativados em O que os candidatos à presidência têm a dizer (ou não) sobre tecnologia
(Foto: Agência Brasil)
LUCAS CARVALHO
Foi realizado nesta semana o GovTech Brasil, um evento organizado pelo BrazilLAB em parceria com o ITS Rio. Nos dias 6 e 7 de agosto, diversas lideranças no setor de tecnologia e administração pública discutiram a inovação no governo do país.
No painel que fechou o evento, cinco pré-candidatos à presidência da República discutiram, cada um, seus planos e visões para o uso de tecnologia no governo do Brasil. São eles João Amoêdo (Novo), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede). Veja também:
A seguir, destaques da proposta de cada pré-candidato, na ordem em que eles se apresentaram no GovTech.
João Amoêdo (Novo)
O ex-vice-presidente do Unibanco e um dos fundadores, em 2010, do partido Novo, foi o primeiro a defender, entre outras coisas, a adoção de uma identidade digital única, capaz de concentrar os diferentes documentos físicos existentes hoje.
“A gente tem que usar a tecnologia para mudar os processos, e não digitalizar processos errados que existem”, diz Amoêdo. “Tem muita coisa de digitalizar identidade, digitalizar título de eleitor, quando na verdade a gente tinha que ter um documento só.”
Amoêdo defende também o fim dos cartórios no Brasil, substituindo-os pelo sistema de processamento descentralizado usado em transações por Bitcoin, o blockchain. “Acabar com os cartórios e usar basicamente a tecnologia do blockchain para validar os documentos e tirar toda essa burocracia.”
Guilherme Boulos (Psol)
O segundo a subir ao palco foi o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pré-candidato do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Guilherme Boulos. Ele também se diz a favor da criação de um documento de identidade digital único.
Boulos diz que sua equipe de trabalho está desenvolvendo “um procedimento de unificação de documentos, identidade, mas que também, a partir daí, se possa fazer ouvidoria, uma forma de participação e de consulta das pessoas”.
Além disso, o pré-candidato do Psol defende a universalização do acesso à internet pelo Brasil. Para isso, ele sugere usar o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), que, segundo ele, não é usado atualmente para expandir o acesso à internet.
Henrique Meirelles (MDB)
Em seguida, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, pré-candidato pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB, antigo PMDB), propôs a digitalização completa dos processos internos do governo federal.
“Temos o problema da complexidade burocrática. A quantidade de horas gastas em pagamento é gigante. Precisamos trazer facilidade, rapidez, transparência. Depois estender à toda a sociedade”, afirmou Meirelles.
O pré-candidato também defende a unificação de documentos num só “cartão digital” e também a unificação de aplicativos do governo – que, segundo ele, somam hoje 48 apps que não se comunicam. “Temos uma serie de aplicativos feitos por cada ministério. Precisamos de algo unificado, centralizado, único. Para isso precisa de um geek como presidente”, comentou.
Geraldo Alckmin (PSDB)
O próximo no palco do GovTech Brasil foi o ex-governador do estado de São Paulo e presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Geraldo Alckmin. Ele também defendeu a criação de um documento digital único, mas não detalhou qualquer outro projeto.
A proposta da sua candidatura, segundo Alckmin, é de que o Brasil possa “simplificar, desburocratizar, destravar a economia, e não tem como fazer sem uma agenda digital”. “Eu diria que é uma mudança cultural. O Brasil tem uma cultura de cartório. Uma cultura do carimbo, do selo, do documento. Temos que mudar essa cultura.”
Alckmin também propõe mais sinergia entre universidades, estado e empresas, além de mais parcerias público-privadas (PPPs). Tudo para colocar tecnologia em todos os setores da economia e da governança. “O Brasil tem 17 mil quilômetros de fronteira seca. Sem tecnologia é impossível monitorar isso. Então precisa ser implementado na segurança, na saúde, na educação, visando redução de custos”, disse.
Marina Silva (Rede)
A última participante do evento foi a ex-senadora e ex-ministra do meio ambiente, Marina Silva, representante do partido que ela mesma fundou, a Rede. Ela foi mais uma que defendeu a proposta de unificação de documentos na forma de uma só identidade digital.
Além disso, Marina chamou atenção para a necessidade de plataformas de big data no governo, de modo que o estado possa tirar conclusões rápidas a partir de grandes volumes de dados. “É possível implementar a tecnologia nas áreas da segurança, saúde, em ações de combate aos crimes ambientais, na detecção de desmatamento, na proteção da biodiversidade, no envolvimento da sociedade em diferentes níveis”, disse.
Marina também disse que é preciso haver cuidado com os dados de brasileiros e com a forma como eles circulam entre empresas de tecnologia, à luz de escândalos de vazamento recentes como o do Facebook. “Trabalhamos com a ideia de criar um sistema para proteger os cidadãos. É desejável uma base integrada, mas proteger o cidadão, sem deixá-lo vulnerável.”
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