BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O MPF (Ministério Público Federal) denunciou nesta terça-feira (12) 17 pessoas por corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e gestão temerária em negócios feitos com o BRB, banco estatal de Brasília.
Na ação, enviada à Justiça Federal, procuradores da força-tarefa Greenfield pedem a condenação de ex-dirigentes da instituição financeira e de empresários, entre eles Diogo Cuoco, filho do ator Francisco Cuoco, e de Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, neto do general João Baptista Figueiredo, último ditador do regime militar no Brasil.
De acordo com a peça de acusação, os diretores do BRB receberam propinas para liberar recursos próprios, de fundos de pensão de estatais e de regimes próprios de previdência para ao menos dois fundos de investimento em participações. Esses fundos foram constituídos para bancar a construção do antigo Trump Hotel, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, empreendimento a cargo de Figueiredo Filho; e do edifício Praça Capital, em Brasília, tocado pela Odebrecht Realizações.
A Figueiredo Filho, o MPF imputa os crimes de corrupção ativa, organização criminosa, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e desvio de recursos de instituição financeira. Ele foi alvo de mandado de prisão em janeiro, na Operação Circus Máximus, mas seu paradeiro é desconhecido.
Segundo a denúncia, Diogo Cuoco integrou a “organização criminosa” e ajudou a lavar recursos usados no esquema de corrupção ao, supostamente, emitir notas frias de uma empresa, a Globomix, para justificar a geração de dinheiro em espécie para os subornos. Os comprovantes eram de fornecimento de concreto ao Trump Hotel.
Diogo chegou a ser preso na Circus máximus, mas foi solto por ordem do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).
O advogado dele, Fernando Fernandes, sustenta que o empresário prestou serviços e recebeu regularmente por eles.
Também foi denunciada Adriana Cuoco, casada com um irmão de Diogo, por lavagem de dinheiro. A defesa dela não foi localizada.
Segundo a denúncia, os prejuízos causados pelo suposto esquema foram de R$ 348 milhões ao BRB, participantes de fundos de pensão e regimes de previdência, entre outros.
Os pagamentos de propina, segundo a força-tarefa, contavam com um complexo sistema de doleiros e entregadores de dinheiro, que possuíam sua base de operações no Uruguai.
A investigação foi feita com base em delações premiadas de empresário ligado ao Trump Hotel e de executivos da Odebrecht.
Os procuradores pedem, além da condenação dos envolvidos, o confisco de valores, bem como uma indenização correspondente ao triplo das quantias desviadas por cada um, “a fim de satisfazer os danos materiais, morais e sociais causados”.
“A despeito da esperada gestão profissional inerente à administração de uma instituição pública, as investigações demonstraram um clima informal, típico de uma empresa familiar, no que se referia à diretoria do banco estatal”, sustenta o MPF.
A denúncia vai tramitar na 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília.
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