Wellington Carvalho de Almeida, 37 anos, é um funcionário público que trabalha como fiscal da Prefeitura de Dourados, Mato Grosso do Sul, há mais de 15 anos, recebendo um salário fixo de R$ 6.191 reais. O servidor, entretanto, decidiu levar uma vida dupla e resolveu se passar por policial federal, aproveitando a “nova profissão” para aplicar golpes milionários em contrabandistas de cigarros paraguaios. As informações são do portal G1.
Wellington passou dois anos fingindo ser um agente federal. Ele tinha uniforme, colete, armas e até um nome falso: Welder. O homem passou a extorquir os criminosos que contrabandeavam os cigarros, exigindo propinas altíssimas para liberar os caminhões carregados com a mercadoria. Durante o período em que se passou por policial, Wellington faturou bastante dinheiro: o suficiente para viver confortavelmente em uma mansão, além de possuir carros, camionetes e motos que somam mais de R$ 450 mil.
Wellington ganhou a confiança dos contrabandistas ao garantir que impediria futuras operações da Polícia Federal. Junto com ele, ao menos outros 12 policiais participavam do esquema de facilitação do contrabando.
O falso policial chegou a ser acionado pelos próprios contrabandistas em dezembro de 2017, quando um caminhão foi parado por policiais militares que exigiam uma propina de cerca de R$ 150 mil para que o veículo fosse liberado. Na ocasião, Wellington foi chamado para resolver a situação e conseguiu enganar o próprio GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) com sua atuação.
Para resolver o impasse, o próprio Wellington acionou a polícia, resultando na prisão de cinco policiais militares e do motorista do caminhão. Assim, nenhuma propina foi paga e a mercadoria foi apreendida. Apesar de perderem o caminhão, a quadrilha saiu com um saldo positivo: tiraram do caminho policiais que atrapalhariam a operação.
Com o tempo, o falso policial entrou para a lista de pagamento do chefe dos contrabandistas, Angelo Ballerini. Ele recebia R$ 10 mil a cada entrega concluída do contrabando. Em uma determinada ocasião, Wellington foi além. Ele chegou a pedir R$ 1 milhão para impedir que uma operação de combate ao contrabando acontecesse. O valor seria para comprar o silêncio de um juiz e dois delegados. Ballerini não hesitou e pediu ao falso PF “manda a conta”.
O esquema foi descoberto quando Wellington e seu irmão gêmeo, Alisson Carvalho de Almeida, que realmente é policial federal e atuava juntamente com o irmão, cometeram um erro crucial em um posto de combustível. Ao acharem que estavam sendo perseguidos, os irmãos abordaram dois homens e pediram suas identificações. Porém, para o azar da dupla, os homens eram agentes do serviço de inteligência da polícia rodoviária federal.
Wellington e Alisson, que agiam praticamente como uma milícia, foram presos em flagrante. Da prisão, entretanto, a reportagem do Fantástico ficou sabendo que o falso policial tinha acesso a um telefone celular e continuava a enviar mensagens por ele. Questionada, a direção do presídio afirmou em nota que o aparelho já foi apreendido e que o preso está isolado.
O advogado dos irmãos alega que ambos negam as acusações. Já a defesa de Ballerini afirma que o seu cliente nega a participação no esquema e alega ter sido vítima de extorsão por parte do falso policial. A quadrilha de cigarros contrabandeados movimentava mais de R$ 1,5 bilhão por ano.
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