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Preços altos para os alimentos está apenas no começo

É o que afirma a revista online especializada Notícias Agrícolas analisando o mercado, as condições climáticas e os estoques.

A jornalista Carla Mendes , responsável pela matéria, afirma que “o consumo maior – intensificado pela pandemia do novo coronavírus -, uma oferta ajustada e mais incertezas sobre as próximas safras em função de adversidades climáticas que vêm sendo registradas muito além das fronteiras do Brasil tem motivado expressivas altas entre os preços dos alimentos. A tendência é de que esse avanço dos valores continue e, na sequência, venham a se estabilizar. Uma baixa, ao menos no curto e médio prazos, está descartada”.

O Notícias Agrícolas lançou a série especial A Verdade Contra a Fome, para que o leitor entenda por que a produção de alimentos – em especial a brasileira – continua sendo severamente atacada em meio ao crescimento exponencial de pessoas passando fome no mundo todo. Segurança alimentar, comércio de commodities e preservação ambiental estão no centro dos três episódios.

VALOR DA COMIDA

Informa Notícias Agrícolas que nos últimos sete meses – pico da pandemia do coronavírus – a alta nos preços dos grãos provocaram uma alta também no preço das refeições em diversas partes do globo. E por isso, o aumento da população mundial que vem sendo ameaçada pela insegurança alimentar também cresceu desmedidamente no período, de acordo com dados da FAO – braço da agricultura e alimentação da Organização das Nações Unidas – e os problemas podem se agravar.

Preço das refeições - Fonte: ONU

Fontes: FAO/ONU e Bloomberg

 

A Covid-19 forçou os consumidores a mudar do gerenciamento de estoque ‘da mão para a boca’ para uma abordagem mais conservadora, que foi rotulada como ‘só caso aconteça’“, disseram analistas do Bank of America Corp., liderados por Francsico Blanch, chefe de commodities globais à Bloomberg. “O resultado é que os consumidores estão mantendo mais estoques como uma precaução contra futuras interrupções no fornecimento“, completa.

Em contrapartida, o economista sênior da ONU, Abdolreza Abbassian, explica que as compras destes mesmos países que anteciparam suas aquisições este ano podem ser menores nos próximos.

Muitos podem comprar agora, mas podem comprar menos no próximo ano porque não vão precisar. Pude ver isso acontecendo, especialmente, porque as condições do trigo no inverno não são tão boas e, se você esperar, os preços podem subir ainda mais“, explica Abbasian em uma entrevista também à Bloomberg.

A reportagem ainda reflete sobre o efeito climático nas safras levando a preocupação pela produção deste ano.

Segundo relatórios da Bloomberg, “os estoques globais de trigo estão próximos de um recorde, enquanto os dos principais exportadores estão em suas mínimas de seis anos”.

O mercado de trigo segue em alta. Estamos com problemas de clima em três dos cinco maiores exportadores mundiais do grão, sendo Rússia, EUA e Argentina, o que sinaliza que segue a alta, e a tendência também. E isso se dá também para o mercado nacional“, explica a diretora da De Baco Corretora, Rita De Baco.

Há insegurança alimentar em função de inúmeros fatores. O primeiro deles é porque a pandemia empobreceu alguns países e devido a falta de recursos e questões financeiros. Alguns povos terão dificuldades para se abastecer devido aos efeitos econômicos do Covid. Ou seja, oferta existe bastante, mas está mal distribuída“, diz o consultor de mercado da Cerealpar e da TradeHelp, Steve Cachia.

Ele explica também que a oferta global está bastante dependente do que vem da América do Sul nesta nova safra: “Se houver quebra de safra, aí sim poderemos começar a ver escassez de produtos. Mas não é o caso até agora. A nível mundial, se a demanda continuar firme e forte como está, vamos comendo mais dos estoques, e o preço se valoriza mais. E se quebrar a safra da América do Sul? Aí sim pode haver uma confusão geral porque boa parte da safra 2020 dos EUA e 2021 do Brasil já estão negociadas. Ou seja, oferta boa só a partir de setembro do ano que vem“.


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