Como pode alguém, que morreu de frio há mais de 100 anos, que foi enterrado na beira da estrada, do qual até o nome foi esquecido e que apenas se conhece por apelido, como pode, perguntará um cético, que este alguém ainda exerça influência neste século onde os rastros do sagrado parecem estar se apagando?
Quem visita o Tumulo do Soldadinho na Comunidade do mesmo nome em Alfredo Wagner, notará que o local, embora pouco visitado, é bem cuidado pelos moradores da região. Sempre limpo, embora pobre, pinturas refeitas a cada ano, mantendo sempre o local digno e respeitável.
Para conhecer a história do Soldadinho visite este link: O mistério do Soldadinho e O Soldadinho: um santo desconhecido?
No livro publicado por Carol Pereira “As aventuras de Eva Schneider” é relatado a ajuda que as pessoas recebiam quando se perdiam nos inúmeros caminhos que levavam à Colônia Militar, depois à Catuíra. Um soldado aparecia e os ajudava a encontrar o caminho certo.
Isso foi no fim do Século XIX. Já no Século XX eram comuns as romarias ao local onde está enterrado o Soldado José (este é o nome do Soldadinho segundo um mapa antigo). No dia 31 de outubro, alfredenses de todos os lugares se dirigiam ao faxinal (antigo nome do local) e ali, após a oração do terço realizavam uma grande confraternização pois cada qual levava algo para comer e compartilhavam entre todos.
O Padre franciscano
Este costume foi interrompido quando um padre franciscano disse que não havia ninguém enterrado lá pois os parentes haviam levado o corpo embora. Ele nunca informou como, sendo de fora, ficou sabendo deste detalhe desconhecido por todos os moradores do local e do município. Também nunca pediu para fazer uma exumação para saber se haveria restos de algum corpo ali. Como os fiéis jamais esperariam que um padre mentisse, acreditaram e as romarias cessaram.
O Padre, provavelmente, assustado com a comilança, conversas e cantoria que se seguia à reza do terço naquele lugar sagrado, achou por bem e para a santificação das almas que o melhor era parar completamente aquele encontro. Foi o que fez.
A piedade, entretanto, não cessou e as visitas continuaram para pagamento de promessas.
Vou contar três fatos que vai te surpreender. Fiquei maravilhado quando os ouvi. Aliás, um deles aconteceu comigo mesmo! Os outros dois não poderei revelar ainda os personagens pois não pedi a autorização deles para mencionar seus nomes.
Os fatos também revelam algo sobre a psicologia do próprio soldado desconhecido ali enterrado: o desejo de ajudar o próximo e também o espírito alegre e descontraído de alguém que sabe interagir com o seu semelhante, mesmo estando separado pela barreira da morte.
Vamos aos fatos:
O apicultor
Um apicultor luterano contou-me que quando começou a criar abelhas encontrou dificuldades para capturar enxames. Conhecedor da fama do Soldadinho, ele pediu que nosso Santo o ajudasse e para cada colmeia que ele capturasse acenderia uma vela em seu túmulo.
Enquanto ele cumpriu a promessa de acender uma vela por cada colmeia, seus enxames aumentaram consideravelmente! Um dia ele acabou esquecendo o que havia prometido e envolvido com seus trabalhos não mais foi ao túmulo do Soldado José para lhe retribuir o favor. Até que, os enxames pararam de cair em suas caixas e a memória da promessa feita voltou viva e forte.
O escritor
O fato que vou narrar aconteceu comigo mesmo. Pretendendo fazer uma coletânea com textos diversos em 2012, procurei diversos escritores propondo participar comigo do livro mediante uma participação monetária que compensaria a todos. Prometi, então, ao Soldadinho que a cada mil reais levaria uma vela em agradecimento. Os escritores foram enviando seus textos e depositando o dinheiro. Foi possível publicar a coletânea com muita qualidade e todos gostaram. Quando fui pagar a promessa ao Soldadinho, ocorreu um fato curioso. Levei apenas uma vela de 7 dias (minha promessa era uma destas para cada mil reais…) mas nada de conseguir acendê-la. Minha esposa, acendeu seu maço de velas tranquilamente, mas a minha não tinha meios de acender. Até que me lembrei da promessa e de como estava faltando com ela. Neste momento a vela acendeu sem dificuldade alguma.
A mãe
Esta história é a mais impressionante e ocorreu quase na mesma época, por volta de 2010. A própria mãe me contou a história. Ela desejava muito um futuro brilhante a seu filho e para isso fez todos os esforços, inclusive, recorrendo ao Soldadinho para que ele ajudasse na consecução deste sonho. O fato é que as portas começaram a se abrir e pouco a pouco seu filho foi sendo conhecido em diversos meios.
Agradecida, esta mãe é católica, mas casada com luterano, foi até o túmulo do Soldadinho pagar sua promessa. Seus filhos a acompanharam, mas começaram a rir dela e zombar do fato da mãe estar pagando uma promessa naquele lugar. Enfim, ela me contou que não deu importância ao fato e continuou suas orações.
A surpresa começou quando foram ligar o carro para voltar a sua casa. O carro não pegava. Tentou-se de tudo, nada. Foi preciso empurrar o carro por um trecho. O túmulo do Soldadinho fica a 860 metros de altitude e eles moravam 9 quilômetros de distância e a 460 metros de altitude, portanto 200 metros de diferença, empurraram até começar a decida. Quando chegaram próximos de casa, já no fim da descida o carro voltou a pegar e não deu mais problemas.
E você, já passou por algo parecido?
Estas manifestações demonstram uma interação direta do Soldadinho com os alfredenses de um modo um tanto inusitado.
Seu túmulo continua sendo importante para a comunidade e para aqueles que lá vão pedir alguma ajuda e implorar o seu auxílio.
E você, já passou por algo parecido? Conseguiu uma graça do Soldadinho, algo estranho ocorreu e que não tem explicação? Envie por mensagem ou pelo whatsapp para podermos anotar todos estes fatos.
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