Ele foi o primeiro alemão a se fixar nos limites onde hoje é território de Alfredo Wagner.
Naquela época era comum os soldados mercenários integrar o Exército Imperial. Recebiam soldo como soldados brasileiros, mas eram mais destemidos e de espírito militar.
Seu nome era Christian Schlichting. Estabeleceu-se na Colônia Militar Santa Thereza com a família, esposa e filhos.
Os soldados-colonos da Colônia Militar, concediam 3 dias de serviço para os trabalhos de segurança e manutenção dos limites coloniais. O restante, ficava livre para trabalhar em suas terras, cuja posse receberiam após 3 anos de serviços prestados.
Christian era o oleiro da Colônia e pesquisou diversos pontos nos limites da colônia para extração de barro próprio para tijolos, tendo feito diversos experimentos, fracassando em quase todos devido à baixa qualidade do material. Em sua última tentativa, conseguiu produzir bons tijolos, cuja qualidade foi elogiada pelo Diretor de Santa Thereza.
O soldado Christian veio para o Brasil com a esposa e pelo menos 2 filhos (um deles chamado Henrique e outra provavelmente Catarina) tendo tido outros filhos durante sua estadia na Colônia Militar.
Embora operoso e trabalhador, Christian não se entendia bem com o restante da tropa e foi qualificado pelo Diretor da Colônia como sendo de “espírito rixoso”. O fato é singular e demonstra como eram as relações entre as várias etnias existentes na Colônia Militar naquele momento.
Os soldados engajados pelo Império do Brasil para compor o quadro dos militares de baixa patente, eram em geral de classe muito baixa, sem cultura, dispostos a briga por qualquer motivo. Desentendiam-se, frequentemente, com seus colegas colonos, ocasionando disputas e violências.
O rixoso, com certeza, não era Christian Schlichting, que preferiu abandonar a Colônia Militar com sua família e buscar novas terras. O sobrenome, pelo que parece não existe mais em Alfredo Wagner. Tendo a posse da terra após os anos de serviço prestados, Christian a vendeu ou passou a propriedade para outro e se foi daqui, buscando outra região.
Quando o médico Avè-Lalement passou pela Colônia Militar em sua viajem de reconhecimento recomendado pelo Imperador Dom Pedro II em 1856, ele foi apresentado à família Schlichting, encontrando apenas filha Catarina, de 11 anos, cuidando dos irmãos menores, pois os pais estavam na roça de milho do outro lado do Rio Itajaí do Sul.
A menina falava fluentemente um dialeto do alemão e encantou o médico com o asseio da casa e o cuidado das crianças. Este encontro pode ser lido na Alfredo Wagner em Revista – Jubileu de diamante 1961/2021.
A Colônia Militar Santa Thereza não recebeu mais alemães natos em seus limites depois que Christian e sua família abandonou o local. Apenas, 20 ou 30 anos mais tarde, encontramos referências a descendentes dos germânicos nestas terras.
Alfredo Wagner não foi destino de imigração alemã, como erroneamente é afirmado por aí! Pelo contrário, dezenas de anos depois de fundada a Colônia Militar, vieram filhos e netos de imigrantes.
Christian teria sido o primeiro e autêntico imigrante alemão que desistiu de morar em Alfredo Wagner.
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