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Ômicron reinfecta o mercado: bolsas e petróleo em queda

Incerteza sobre a nova variante causa mais volatilidade nesta terça. Futuros nos EUA caem 1%; petróleo, 3%.

Por Alexandre Versignassi e Guilherme Jacques

A previsão para hoje é de chuvas, trovoadas, furacão. Os índices futuros dos EUA amanheceram numa queda feia, com S&P 500 e Dow Jones abaixo de -1%. Nas bolsas europeias, idem: todo mundo no vermelho.

O clima turbulento veio após uma entrevista de um dos executivos da Moderna para o Financial Times. “O número de mutações nesse vírus é surpreendente“, disse Noubar Afeyan, co-fundador da a fabricante de vacinas. “Ele representa uma ameaça séria“. O problema todo é o seguinte: a bioquímica é uma ciência exata. Precisa de dados e de tempo para construir suas certezas. O mercado financeiro é o oposto: uma entidade terrivelmente humana, esquizofrênica.

Uma criptomoeda chamada Ômicron, por exemplo, subiu 900% entre sexta e segunda. Ela já existia antes da nova mutação, e só subiu porque o nome da 15a letra do alfabeto grego ficou famoso da noite para a dia. Malucos passaram a comprar a tal cripto na esperança de poder vender a um valor maior depois para gente ainda mais insana. Pelo jeito, deu certo – nesta manhã, a cotação da coisa já tinha caído de US$ 700 para US$ 380. Ainda assim segue bem acima do preço pelo qual ela era oferecida até a semana passada, US$ 65.

O caso é anedótico, mas dá uma amostra do quanto o mercado conversa mal com a realidade.

A ciência ainda vai levar um certo tempo para ter como avaliar o tamanho do risco que a Ômicron representa. Albert Bourla, CEO, da Pfizer, deixa claro. Diz que precisamos de pelo menos duas ou três semanas para avaliar se o vírus é mesmo resistente às vacinas atuais. Na África do Sul, onde a Ômicron multiplicou-se até se tornar a variante mais presente, a porcentagem de pessoas com duas doses é relativamente baixa: 24% da população, versus 42% da média mundial (no Brasil, são 63%). Falta um certo chão, então, para entender qual é a transmissibilidade do Ômicron em lugares onde a cobertura vacinal é mais alta. Também vale notar que o número de mortes na África do Sul segue em baixa: 34 na média móvel dos últimos 7 dias, contra mais de 500 no auge da pandemia por lá. Em mortes por milhão de habitantes, o índice é de 0,63. Menor que o do Brasil, que, com 228 mortes/dia está em 1,08.

Ou seja: não há razões concretas para pânico neste momento, mas não dá para combinar isso com o mercado.


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