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Quais são os riscos das manifestações para as exportações?

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Especialistas apontam que, as manifestações, devem gerar reflexos no abastecimento do mercado interno e nas exportações

Rodovias por todo o país começaram a ser fechadas por caminhoneiros desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa presidencial. De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), são 47 bloqueios distribuídos em 11 Estados, além do Distrito Federal. Especialistas apontam que, as manifestações, devem gerar reflexos no abastecimento do mercado interno e nas exportações.

Para Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada no comércio exterior, o Brasil é muito dependente da sua malha rodoviária e, por este motivo, o problema é ainda mais grave. “Com os bloqueios, o fluxo normal de caminhões é interrompido. As cargas que deveriam chegar aos seus destinos deixam de ser entregues. É um problema em cadeia, que impacta diretamente o consumidor final. Com o desabastecimento dos produtos no mercado, a tendência é de que os preços comecem a subir”, explica o executivo.

Os Estados com registro de bloqueio são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Pará, Goiás e Distrito Federal. No início da manhã, o número de pontos de interdição chegou a 70, mas vêm caindo gradativamente. Em alguns locais, pneus chegaram a ser queimados. Para Pizzamiglio, outro problema é com relação aos produtos perecíveis, que tendem a estragar na estrada. “Infelizmente, esse é um desdobramento muito comum. Vimos com bastante frequência em outras manifestações promovidas pelos caminhoneiros. Se as estradas permanecerem paradas, isso significa perdas para o agronegócio brasileiro e para o fornecimento nos mercados”, afirma.

Pizzamiglio alerta ainda que os bloqueios também podem afetar o comércio exterior, uma vez que os produtos não conseguem chegar às suas rotas de escoamento. “Para qualquer mercadoria chegar no território nacional e ser entregue ao seu destino ou, para qualquer mercadoria ser encaminhada para a exportação, somos dependentes das nossas estradas. Isso porque cerca de 65% do transporte de cargas do Brasil passa por essas estradas”, afirma o diretor.

Além disso, o Brasil já vive um problema grave de inflação dos alimentos e, com isso, uma paralisação dessa magnitude pode impactar ainda mais esse cenário. Os alimentos e bebidas acumulam inflação de 9,54% nos primeiros nove meses do ano, é a maior alta no segmento desde a criação do Plano Real, segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). “Esse impacto dependerá do tempo que essas paralisações permaneçam e, também, em quais estradas estão sendo realizadas. Temos que analisar quais mercadorias estão sendo transportadas nessas regiões para entendermos o real impacto desse movimento”, completa Pizzamiglio.

Por: –Aline Merladete


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