O agricultor familiar aprendeu que o associativismo é fundamental para sua sobrevivência, principalmente diante da competição com a agricultura patronal, voltada na sua maioria a produção de commodities. É através das entidades (sindicatos, associações e cooperativas) representativas dos agricultores familiares, que legislações e políticas públicas buscam dar proteção, subsídio e fomento a esta classe produtiva, caracterizada pelo emprego da própria mão-de-obra familiar na gestão e
operacionalização de seu negócio rural de pequeno porte. O associativismo catarinense é exemplo para todo o país. E na apicultura os aspectos históricos que marcaram o desenvolvimento da atividade no sul do Brasil, reforçaram ainda mais este viés da coletividade.
A criação de abelhas com ferrão no Sul do Brasil se deu, juntamente com a imigração europeia de camponeses que lá viviam. Seguindo o exemplo do continente europeu, aqui também surgiram inúmeras cooperativas, clubes de caça e tiro, e outras agremiações, formadas na sua maioria no final do Séc. XVIII e ao longo do Séc. XIX. Um exemplo, no Vale do Itajaí, foi um grupo de descendentes de imigrantes na maioria de etnia germânica e italiana, que fundaram a CEESAM – Cooperativa Geradora de Energia
Elétrica e Desenvolvimento de Santa Maria, em 07/02/1960 no município de Benedito Novo-SC. A qual se constitui um verdadeiro caso de sucesso até os dias de hoje.
Com a chegada das abelhas africanas no Brasil, o associativismo tornou-se ainda mais imprescindível. Era preciso aprender com rapidez a criação racional das abelhas que aqui se formariam (as africanizadas). Foi assim que a partir deste marco histórico o Estado de Santa Catarina passou a contar com associações regionais de apicultores. E desde então, o associativismo apícola tem como objetivo o aprendizado
coletivo, o acesso a novas tecnologias, a redução de custos através de compra de insumos em grupos, a inclusão do mel da agricultura familiar nos mercados institucionais e principalmente fortalecer o setor apícola no âmbito do agronegócio catarinense. Pois é através de associações regionais ativas que os apicultores catarinenses mantém uma federação forte, que consegue ocupar espaços e reivindicar seus pleitos juntos aos governos e mercados.
Neste contexto, gostaríamos de trazer o caso da BlumenApis – Associação de Apicultores de Blumenau, que no ano de 2022 fez mais de 25 anos de fundação, já teve cerca de sete presidentes, sendo a maioria reconduzidos ao cargo. Com a verdadeira sensação do dever cumprido, recebeu Moção Honrosa da Câmara Municipal de Vereadores. E neste mesmo ano, conseguiu na forma de comodato do poder executivo municipal de Blumenau, uma sede própria, em meio a uma unidade de conservação Parque Natural Municipal Claus Feldmann, instituído pela Lei Complementar 8.993, de 27 de março de 2021.
A BlumenApis também possui o título de utilidade pública no âmbito municipal e estadual. Os associados procuram atender de forma consciente e cuidadosa os casos de enxames voadores em residências e sobretudo em locais públicos, escolas, instituições e parques. Promovendo a segurança da população em parceria com o Corpo de Bombeiros da região.
As reuniões da BlumenApis são bimestrais, na segunda terça-feira do mês. Neste dia, todos levam algo para saborear no café de encerramento. Os assuntos são técnicos e administrativos, compras de insumos coletivos como cera e açúcar VHP vêm tornando a vida do apicultor associado mais fácil e de menor custo.
A Epagri costuma receber um espaço de fala em cada reunião onde podemos acompanhar as discussões, trazer informações técnicas e motivar para a participação em eventos do setor. A atuação da Epagri, está fundamentada na qualificação da orientação e assistência técnica aos produtores envolvidos, além do assessoramento para a gestão e o associativismo do setor apícola, onde planeja e executa diversas ações em apicultura e meliponicultura. Quando há um trabalho em conjunto da Epagri com o associativismo,
representado pela Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de SC – FAASC, há uma potencialização do trabalho, nas diversas ações de organização e desenvolvimento do setor.
Compreendemos que a vida em sociedade é um aprendizado, nem sempre nossa opinião ou vontade serão a prioridade da maioria, é preciso esforço para romper o individualismo. Cada vez mais o apicultor e o meliponicultor necessitam, a exemplo da vida em sociedade das abelhas, buscar o associativismo. Faça parte da associação de apicultores e ou meliponicultores do seu município ou região.
Autora:
Nelita Fabiana Moratelli (Eng.º Agrônoma) – Extensionista Rural – Epagri –
Escritório Municipal de Blumenau – fabiana@epagri.sc.gov.br, (47) 33788365
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