(*) Paulo César Régis de Souza
Nosso atual ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, tem trabalhado com ideias brilhantes e mirabolantes, no entanto, em desacordo com as propostas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Primeiro resolveu diminuir os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos consignados. A medida era ótima para os aposentados, mas ele esqueceu de combinar com a área econômica e o Planalto. Foi censurado pelo presidente, por ministros do governo e pelos bancos públicos e privados, pois essa medida era ruim para os bancos, inclusive os oficiais do governo, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Recuou apesar dos nossos aposentados estarem com dívidas astronômicas na casa dos bilhões, pois esses empréstimos não beneficiam o aposentado do INSS.
Agora nosso brilhante ministro apresenta mais uma nova proposta a ser colocada em prática, imediatamente.
A Dataprev criou um cartão virtual, onde o aposentado terá descontos em academias, shows, telemedicina, viagens, apesar de que os idosos acima de 60 anos já têm garantido alguns desses benefícios.
As duas brilhantes ideias não servem para melhorar a imagem da Previdência, em especial a do INSS, que tem hoje quase 3 milhões de benefícios represados.
Tenho até uma sugestão, que para os que aguardam no represamento, um cartão oferecido, gratuitamente, até que possam pagar. O cartão teria um papel social relevante.
No meu entendimento, a Previdência Social foi criada há cem anos por Eloy Chaves para conceder benefícios, e não para se transformar em balcão de negócios, empréstimos, “cartão de descontos”.
A Previdência precisa é de um gestor, com dimensão de estadista, para arrecadar e pagar benefícios, fiscalizar e combater a sonegação, que passa dos 30% da receita líquida, precisa de concurso público para cobrir 11 mil servidores que se aposentaram, faleceram ou saíram em busca de melhores salários. A Previdência precisa é de compliance, de se modernizar, de acabar com a fila virtual, melhorar as condições de trabalho dos seus servidores, pagar o bônus por produtividade, melhorar suas instalações para receber melhor seus clientes, os 65 milhões de contribuintes e os 33 milhões de segurados.
Hoje temos agências e postos com 3 servidores, gerente, médico perito e 1 servidor ou funcionário terceirizado que não pode conceder benefícios. Uma vergonha!
Alguns servidores estão trabalhando em “home office” e só não estamos com um represamento maior porque esses servidores continuaram trabalhando em casa com os seus equipamentos e internet próprios.
A Previdência paga em dia 33 milhões de benefícios, ajudando famílias e municípios a sobreviverem.
Acredito que se fizermos uma pesquisa entre os aposentados, certamente eles irão preferir o reajuste dos seus benefícios, pagamento em dia e sem represamento na hora da concessão, melhores instalações, enfim, RESPEITO!
“Eu vivo para que a justiça social, venha antes da caridade”. Faço minhas as afirmações de Paulo Freire.
Paulo César Régis de Souza – vice-presidente Executivo da ANASPS- Associação Nacional dos Servidores Públicos, da Previdência e da Seguridade Social.
Att,
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