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O mercado pet food e a humanização dos animais de companhia

Tutores tratam seus pets como filhos e se preocupam cada vez mais com sua qualidade de vida, bem-estar, saúde e alimentação

De acordo com a ABINPET, no Brasil, a população de cães e gatos apresentou crescimento acumulado entre os anos de 2020 e 2021 de, respectivamente, 3,9% e 5,9%. Simultaneamente, é possível observar que a presença dos pets nas residências tem aumentado significativamente nos últimos anos.

Com essa proximidade, a humanização dos animais também cresceu, onde tutores tratam seus pets como filhos e se preocupam cada vez mais com sua qualidade de vida, bem-estar, saúde e alimentação. Atualmente, percebe-se que estes cuidados estão relacionados com a modificação da estrutura familiar e a maior participação dos pets nesse contexto, tornando as despesas com eles essenciais. Quem explica é Letícia de Assunção Costa, zootecnista e Analista de Gestão de Produtos da Special Dog Company, que figura entre as maiores indústrias de petfood do país.

De acordo com a especialista, os tutores estão cada vez mais atentos acerca da importância da nutrição e das necessidades alimentares dos animais, buscando oferecer uma alimentação de melhor qualidade, onde se sintam seguros com o que seu pet está ingerindo, mesmo que o fator de escolha seja baseado em suas próprias preferências alimentares.

Acompanhando a mudança comportamental dos clientes, as empresas vêm buscando expandir seu portfólio por meio de produtos específicos para cada fase da vida, porte, estado fisiológico e níveis de atividade física dos pets, também incluindo diversos benefícios como forma de se diferenciar e atender às novas demandas.

Hoje em dia, os alimentos comerciais possuem aditivos responsáveis por manter as características inerentes a cor, textura, sabor e estabilidade dos nutrientes.

Entretanto, mesmo com a expansão de alimentos comerciais convencionais, a procura por novas alternativas de alimentação tem aumentado no segmento, visto que a premissa baseia-se na preocupação constante com a origem e qualidade dos ingredientes utilizados nas formulações. Além disso, os tutores buscam por produtos que incluam ingredientes semelhantes aos do seu consumo. Mediante tal situação, destacam-se novos nichos de dietas não convencionais para animais de companhia, como, por exemplo, a alimentação natural – caseira e crua.

Os tutores que optam pela dieta caseira buscam uma alimentação personalizada e diversificada, tanto para os pets saudáveis, quanto para aqueles que apresentam algum tipo de problema de saúde, como obesidade, enfermidades renais, alergia alimentar, entre outros. Esse tipo de alimentação possui como principal vantagem a possibilidade de variação no cardápio. Mesmo os alimentos pet food convencionais possuindo variação de sabor, esse fator fica mais evidente para o tutor na alimentação do tipo caseira-crua devido ao seu aspecto visual. No entanto, o tutor precisa estar comprometido em seguir a dieta à risca, sem alterar as quantidades e ingredientes indicados, além de exigir maior tempo e cuidado no preparo. Destaca-se ainda o maior custo das dietas caseiras quando comparado à alimentação convencional. Outro fator que deve ser levado em consideração é que, quando as dietas são elaboradas por profissionais qualificados – zootecnistas ou veterinários nutrólogos –, elas são balanceadas e atendem as necessidades individuais, porém, na internet, há diversos canais que disseminam dietas não recomendadas, ocasionando em deficiências nutricionais.

Outra prática recente na alimentação natural de cães e gatos é a inclusão de ingredientes crus, seguindo o padrão dos naturalistas humanos que condenam alimentos industrializados e preferem aqueles de referência à ancestralidade da espécie. BARF e Prey Model são alguns exemplos de modalidades de alimentação crua. Na BARF, há o fornecimento de vísceras, carnes e ossos em sua forma in natura, podendo ser combinado ao uso de verduras e hortaliças. Já a Prey Model é uma alimentação semelhante à de caça ou presas, desta forma, sua formulação envolve ossos (costela, pescoço de frango), vísceras (rins, baço, fígado, coração), carnes (músculo bovino, coxa) e peixes, podendo ser adicionados na dieta suplementos, frutas e vegetais. Os defensores destes tipos de alimentação alegam que não há perdas nutricionais por não haver tratamento térmico, além de promover a saúde bucal, melhoria na pele e pelagem, diminuição de alergias, qualidade das fezes, melhor digestibilidade e ser fonte de antioxidantes naturais. Porém, estudos recentes sinalizam que essas dietas podem estar relacionadas à carências nutricionais quando não balanceadas, os pets podem quebrar seus dentes com maior facilidade e aumentam os riscos de engasgo com os diferentes tamanhos de ossos, a incidência de doenças virais, infecções por bactérias multirresistentes, diarreia, toxoplasmose, entre outros. Além disso, são envolvidas também questões relacionadas ao risco à segurança alimentar devido à contaminações microbiológicas, sendo os humanos mais susceptíveis aos seus efeitos.

Há também as dietas vegetarianas, onde a escolha desta modalidade pelos tutores está relacionada com questões naturalistas, étnicas, religiosas ou de estilo de vida. Quem desenvolve este tipo de dieta enfrenta diversos desafios em relação ao cumprimento das exigências nutricionais mínimas, sendo mais difícil seu atingimento e, como consequência, caso não esteja balanceada corretamente, acarreta deficiências nutricionais.

Os avanços na nutrição animal comprovam que o manejo nutricional adequado, alinhado com a manutenção da saúde e bem-estar, contribuem para maior longevidade e qualidade dos animais de companhia. A compreensão dos tutores sobre a necessidade do correto manejo alimentar é um fator importante que influencia diretamente na vida dos pets, pois caso feita de maneira inadequada, pode causar problemas como obesidade, desnutrição, entre outras doenças. Em vista disso, o mercado pet food investe constantemente em pesquisas e desenvolvimentos para atender às novas demandas dos tutores de forma segura, visando a segurança alimentar, a correta e eficiente nutrição dos pets, e a preocupação com os impactos ambientais e na cadeia de suprimentos.

Por fim, para qualquer decisão sobre o tipo de alimentação escolhida, é de extrema importância realizar uma avaliação acerca dos prós e contras das modalidades alimentares, considerando o ponto de vista nutricional, segurança alimentar, características da dieta, individualidade animal e rotina do tutor, para que seja escolhida a dieta ideal.


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Anna
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