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Como o aumento do imposto de importação do poliéster abre oportunidades para o algodão brasileiro

Por Fernando Conti,
gerente comercial da Incofios

A alteração no imposto de importação da fibra de poliéster, estabelecida pela Resolução GECEX nº 606/2024, impõe ao setor têxtil brasileiro novos desafios, mas também, uma gama de possibilidades. A elevação da tarifa de importação de 14,4% para 16% visa proteger a produção nacional de poliéster, porém, abre uma janela de oportunidades significativas para o algodão, uma fibra natural e nacional de grande relevância para a indústria têxtil.

De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), a safra 2023/2024 do algodão chegou a 3,7 milhões de toneladas – com 60% da produção já comercializada. Além disso, o Brasil tornou-se o maior exportador de algodão do mundo, superando os Estados Unidos. Considerando essas informações e diante do aumento dos custos associados à importação de fibra de poliéster, o algodão surge como uma alternativa atraente para confecções e malharias.

Investir no algodão pode trazer várias vantagens para o setor têxtil. A primeira delas, é a facilidade de encontrar fio de algodão no mercado interno. Por ser uma fibra produzida localmente, elimina os custos adicionais associados às tarifas de importação. Além disso, o algodão proporciona um toque mais suave e maior conforto às peças, uma vez que oferece melhor transpiração. A qualidade superior do algodão brasileiro é reconhecida internacionalmente, o que pode ser um diferencial dos produtos no mercado, atendendo à demanda crescente por tecidos naturais e confortáveis.

Outro ponto a ser considerado é a pauta do momento: sustentabilidade. O algodão é uma fibra natural e biodegradável, ao contrário do poliéster, que é derivado do petróleo e não se decompõe facilmente. Investir na fibra natural pode atrair consumidores que buscam por produtos que representem uma consciência ambiental. Ainda no quesito da sustentabilidade, a crescente demanda global por produtos ambientalmente responsáveis torna comercialmente atrativas nos mercados internacionais as empresas que investem neste tipo de produção.

As confecções e malharias que optam por investir no algodão podem usufruir de várias vantagens estratégicas, como inovação e diferenciação, uma vez que o algodão permite uma vasta gama de formulações em design e textura, oferecendo produtos diferenciados que podem conquistar nichos específicos de mercado, como moda sustentável e roupas premium. 

Outra questão importante neste tema é o fortalecimento da cadeia produtiva nacional. Com uma cadeia de produção completa e fechada dentro do país, o maior interesse no uso do algodão vai beneficiar desde os produtores rurais até as fábricas de confecção. Os efeitos desse movimento são geração de empregos e o desenvolvimento econômico regional, promovendo uma economia mais resiliente e integrada.

Apesar das vantagens, a transição para o algodão não está isenta de desafios. A indústria precisa se adaptar à oferta e às características específicas dessa fibra pois, para amplificar os benefícios, é crucial adotar práticas agrícolas e industriais eficientes, além de investir em tecnologia e inovação. Estratégias como o uso de algodão orgânico, certificação de sustentabilidade e desenvolvimento de técnicas avançadas de fiação e tecelagem podem ajudar a superar esses desafios. Em paralelo, campanhas de marketing focadas nas vantagens do algodão natural e sustentável podem educar os consumidores e aumentar a demanda por esses produtos.

Considerando todas essas questões, é possível entender como a elevação do imposto de importação da fibra de poliéster oferece uma oportunidade única para o setor têxtil brasileiro reconsiderar o algodão como uma fibra principal. As confecções e malharias que abraçam essa mudança podem não apenas reduzir custos e aumentar a sustentabilidade, mas também diferenciar seus produtos no mercado competitivo global. E por fim, com planejamento estratégico e investimentos adequados, o algodão pode se tornar um pilar fundamental para o crescimento e a inovação no setor têxtil brasileiro.

Aline Camargo
Jornalista – Presse Comunicação


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