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Vale a pena financeiramente ter um carro?

*Por João Victorino

A decisão de ter um carro costuma gerar muitos questionamentos e divide opiniões. Enquanto algumas pessoas consideram o carro essencial para o dia a dia, facilitando a rotina, outras o veem como um gasto supérfluo, desnecessário em suas vidas. Mas quem está certo nessa história? A verdade é que a resposta depende da realidade de cada um, tornando essencial avaliar o contexto em que esse indivíduo se encontra.

No entanto, antes de decidir pela compra do carro, o primeiro passo é definir claramente o motivo dessa aquisição. É importante ser sincero consigo mesmo e se perguntar: isso é realmente uma necessidade? A necessidade, nesse contexto, pode ser entendida como a incapacidade de manter uma rotina regular e saudável sem o veículo, como no caso de ter filhos pequenos e precisar levá-los a uma escola distante.

Um fator que costuma pesar bastante na decisão de ter ou não um carro é o aumento da qualidade de vida e independência que o veículo pode proporcionar. Para quem usa o automóvel para trabalhar ou para cuidar de familiares no dia a dia, o tempo economizado (e a praticidade oferecida) podem compensar os custos adicionais, o que acaba sendo uma vantagem relevante.

Por outro lado, se a compra for motivada por fatores como o desejo de ter um carro – porque todos ao seu redor possuem – ou a crença de que ele se valoriza e agrega status, é importante reavaliar a real necessidade e os benefícios dessa aquisição. Por exemplo, se você ainda não tem filhos e vive em grandes centros urbanos, onde o trânsito costuma ser caótico, optar por outros meios de transporte pode ser uma escolha menos custosa e menos estressante.

Como planejar a compra de um automóvel?

Porém, se a sua motivação é válida e você decidiu realmente comprar um carro, esteja atento. É fundamental fazer um planejamento financeiro, avaliando o impacto da compra no seu orçamento. Considere não apenas o valor do carro, mas também os custos adicionais como seguro, manutenção, combustível e impostos. Priorize a compra de modelos conhecidos pela confiabilidade e segurança, tanto para você quanto para os passageiros.

Outro aspecto importante é avaliar qual é o melhor tipo de carro para a sua necessidade específica. Isso envolve escolher entre um veículo pequeno, médio ou grande, ou decidir entre um SUV, coupé, entre tantos modelos. A escolha deve ser guiada, principalmente, por aspectos práticos, que atendam suas necessidades da maneira ideal, como espaço, conforto, custos de manutenção e uso pretendido.

A forma de pagamento do veículo também deve ser analisada com cautela. A decisão de financiar ou pagar à vista deve ser baseada em uma análise cuidadosa do seu orçamento e das finanças pessoais. Se você tem o montante necessário disponível sem comprometer suas reservas de emergência ou outros investimentos importantes para objetivos de médio e longo prazo, pagar pelo veículo à vista será a melhor opção. Evite dívidas, sempre.

O problema é que existem pessoas que costumam cair na conversa de vendedores, que falam assim: “Deixe o dinheiro investido e faça um financiamento, é melhor negócio, você vai manter o recurso”  – Não existe isso, impossível. Muitas financeiras pagam comissões aos vendedores pelos financiamentos, então vão querer te empurrar essa ideia mesmo. Por isso não se deixe influenciar e escolha o que achar melhor.

Se optar por fazer o financiamento, avalie o impacto das parcelas no seu orçamento mensal. Verifique o valor total a ser pago ao final do contrato, incluindo juros, e compare com o valor do carro. Em muitos casos, os juros podem aumentar o custo final do veículo, o que pode não ser vantajoso. Neste sentido, considere o prazo do financiamento: quanto mais longo, menores as parcelas, mas o custo total fica maior, devido aos juros acumulados.

Saiba que, ao assumir um financiamento, você compromete parte de sua renda futura, o que pode limitar sua flexibilidade para lidar com outras despesas ou emergências. Portanto, antes de decidir pelo financiamento, faça simulações, compare ofertas de diferentes instituições financeiras e avalie se o comprometimento de renda se encaixa no seu orçamento, sem sobrecarregar suas finanças.

Cuidados adicionais

Além disso, tome bastante cuidado com aquelas ofertas que parecem “muito boas” ou “imperdíveis”. Desconfie de preços muito baixos, verifique o histórico, documentação e os eventuais registros de reclamações da loja revendedora no Procon e em redes sociais. Esses cuidados podem ser muito úteis para evitar surpresas desagradáveis, garantindo que a sua compra seja mais segura e satisfatória.

Do ponto de vista financeiro, um carro não é um investimento, pois desvaloriza e deprecia com o passar dos anos. Mas a economia de tempo e o ganho de praticidade podem ser fatores determinantes na qualidade de vida. Analise todas essas questões com cuidado, evite decisões precipitadas e, caso opte pela compra de um carro, que seja de forma sustentável, sem comprometer sua saúde financeira no futuro.

*João Victorino é administrador de empresas, professor de MBA do Ibmec e especialista em finanças pessoais. Com uma carreira bem-sucedida, busca contribuir para que as pessoas melhorem suas finanças e prosperem em seus projetos e carreiras. Para isso, idealizou e lidera o canal A Hora do Dinheiro com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e inclusiva.


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