Ontem, 1º de novembro, completaram-se 100 anos do nascimento de uma mulher extraordinária, Lahir Vano Demarchi, cuja história começou em Casa Branca, um pequeno município do interior de São Paulo, próximo a Itobi. Filha de uma costureira e de um artista, Lahir cresceu em um distrito onde a vida era simples, mas as relações e os laços familiares eram fundamentais e marcantes. Era um tempo em que as famílias estavam profundamente conectadas ao trabalho e à terra, e a infância se vivia ao ar livre, entre árvores e campos.
Catarina de Vitta, sua avó materna, era presença constante e querida na infância de Lahir. Com ela, Lahir saía para buscar lenha nos arredores do povoado, carregando cestos que enchiam com gravetos e pedaços de madeira, essenciais para aquecer o lar e cozinhar as refeições diárias. Essas saídas com Catarina iam muito além de uma tarefa cotidiana; eram momentos de troca de histórias e de amor entre avó e neta, momentos que formariam a base de sua sabedoria e sua força.
Em casa, a mãe de Lahir, Francisca Gadhi Vano, costureira habilidosa, fazia cada ponto com uma paciência cuidadosa, ensinando que a dedicação transforma o trabalho em expressão de amor. Do pai, António Vano, Lahir herdou a criatividade e o senso estético, valores que a acompanhariam em toda sua trajetória.
Quando chegou a hora de partir para a cidade grande, Lahir levou consigo essas raízes e esses valores, que a sustentariam em tempos de alegria e também nos de adversidade. Foi na cidade de Santo André que ela conheceu Alcindo Demarchi, o grande amor de sua vida. Juntos, construíram uma família e criaram um lar onde reinaram o companheirismo, o amor e o desejo de ver os filhos crescerem com segurança e alegria. No entanto, a vida trouxe-lhes uma provação inesperada quando Alcindo faleceu prematuramente, deixando Lahir viúva e com quatro filhos pequenos. Uma perda que abalaria qualquer pessoa, mas que Lahir enfrentou com a força que já havia se tornado parte de seu ser.
Entre os filhos que cuidava com tanto amor, estava Francisco António Demarchi, que, infelizmente, possuia um tomor no cérebo e que faleceu dois anos depois da partida do pai, após uma operação de risco realizada em grande hospital de São Paulo. Mesmo em meio à dor dupla da perda de seu marido e de um filho, Lahir encontrou coragem para seguir em frente e dedicou-se aos outros três filhos, superando os desafios com amor incondicional e uma fé inabalável.
Hoje, no centenário de nascimento, Lahir Vano Demarchi, que não está mais entre nós, seu exemplo nos leva a refletir sobre a vida dessa mulher que, com perseverança e graça, manteve a família unida e deu um exemplo inestimável de força e dignidade. Sua história, iniciada há 100 anos, continua viva no coração daqueles que tiveram o privilégio de ser seus filhos e de conviver com ela. E, por tudo isso, deixamos aqui um agradecimento eterno: “Muito obrigado, Mãe!” Que o legado de Lahir inspire as próximas gerações, lembrando-nos do poder do amor e da importância das raízes que nos formam.
Descubra mais sobre Jornal Alfredo Wagner Online
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.