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Duas Guerras, Duas Estratégias: O Que a Ucrânia Pode Aprender com Israel?

A comparação entre as abordagens de Israel contra o terrorismo palestino e da Ucrânia contra a invasão russa revela diferenças profundas, enraizadas nas particularidades geográficas, políticas e estratégicas de cada conflito.

1. Natureza dos Inimigos e Tipos de Conflito

  • Ucrânia x Rússia: A Ucrânia enfrenta uma invasão militar em larga escala, com o objetivo declarado da Rússia de controlar territórios ucranianos e influenciar a política do país. O inimigo ucraniano é o exército russo, altamente organizado, com vastos recursos, tecnologia avançada e uma linha de comando estruturada. A guerra é de alta intensidade e envolve grandes deslocamentos de tropas, artilharia pesada e combates tradicionais de exércitos.
  • Israel x Terrorismo Palestino (ex. Hamas): Israel enfrenta o terrorismo praticado por grupos como o Hamas, cuja tática central inclui ataques a partir de áreas densamente povoadas e o uso de túneis para infiltração. O conflito não é convencional: ao invés de linhas de frente, é marcado por ataques surpresa, bombardeios esporádicos e ataques terroristas, onde os civis são usados como escudos humanos. A resposta de Israel foca em eliminar as infraestruturas e a liderança terrorista, em vez de ocupar grandes áreas de território.

2. Metodologia Militar: Guerra Total vs. Cirurgias de Precisão

  • Israel: A estratégia militar de Israel envolve ataques de precisão, inteligência avançada e um uso intensivo de tecnologia para minimizar baixas civis onde possível (embora existam controvérsias sobre a eficácia desses métodos). Israel atua com alvos específicos, buscando desmantelar redes de túneis, depósitos de armas e esconderijos de militantes sem necessariamente ocupar áreas por períodos longos. Para isso, conta com um sistema de defesa como o Domo de Ferro para interceptar ataques e proteger a população civil.
  • Ucrânia: A Ucrânia, por outro lado, enfrenta um exército que ocupa seu território. Para repelir a Rússia, não basta eliminar alvos específicos: o país precisa de uma estratégia de defesa territorial e de desgaste da capacidade russa. A abordagem de precisão também é dificultada pela extensa linha de frente, pelo número elevado de tropas russas e pela resistência em áreas urbanas e rurais ocupadas. Aqui, uma campanha de guerrilha, defesa territorial e contra-ataques massivos são mais viáveis que ataques de precisão.

3. Posição Geopolítica e Apoio Internacional

  • Israel: Conta com o apoio militar e financeiro direto dos EUA e mantém uma autonomia militar muito consolidada, com tecnologias avançadas de produção local. Além disso, a guerra de Israel ocorre dentro de uma zona de influência limitada, o que permite reações rápidas e uma supervisão minuciosa de alvos potenciais.
  • Ucrânia: Também recebe apoio do Ocidente, mas de forma mais restrita e muitas vezes subordinada às dinâmicas diplomáticas com a Rússia. Os países da OTAN têm evitado um confronto direto, o que limita o armamento ucraniano a mísseis de médio alcance e veículos, sem suprir o tipo de tecnologia que Israel utiliza. Assim, os ucranianos precisam de uma estratégia que maximize os recursos, seja sustentável ao longo do tempo e não escale o conflito para uma guerra nuclear.

4. Regras de Engajamento e Consequências Internacionais

  • Regras de Engajamento: Israel, apesar das críticas que enfrenta, opera com uma latitude mais ampla e define sua estratégia baseada em uma resposta rápida e, muitas vezes, ofensiva. A Ucrânia, no entanto, está sob pressão internacional para manter certas normas de guerra, além de respeitar as populações nos territórios ocupados pela Rússia, com o objetivo de reconquistar a confiança de seus cidadãos.
  • Consequências Internacionais: Israel responde a ações terroristas de grupos específicos, mas seu conflito não gera risco direto de uma guerra nuclear ou um confronto entre potências. A Ucrânia, por outro lado, enfrenta a Rússia, que é uma potência nuclear. Qualquer escalada desproporcional no uso de armamento ou táticas ofensivas pode provocar uma resposta mais severa de Moscou e, potencialmente, envolver outras potências em um conflito de escala global.

Conclusão

Enquanto Israel combate um inimigo que se infiltra e se esconde em territórios próximos, a Ucrânia enfrenta um exército invasor que ocupa regiões inteiras e que busca controle territorial. Por isso, a estratégia ucraniana precisa combinar defesa em larga escala com apoio popular e resistência contínua. Cada guerra reflete a necessidade de adaptar a estratégia às realidades práticas e ao contexto geopolítico, e a Ucrânia se vê numa situação onde as táticas de Israel podem servir de inspiração apenas limitada.


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