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Cúpula do G20 no Rio: expectativas, tensões e polêmicas

A cidade do Rio de Janeiro é palco, a partir de hoje, da aguardada cúpula do G20, um evento que reúne líderes das principais economias globais para discutir os desafios do momento. Enquanto os presidentes e chefes de estado chegam ao Brasil, os negociadores permanecem mergulhados em debates que já ultrapassam 12 horas, tentando finalizar o comunicado oficial. O encontro, que acontece nos dias 19 e 20 de novembro, é marcado por desafios relacionados a questões geopolíticas, mudanças climáticas e transição energética.

O desafio do consenso

Repetindo o cenário visto no G20 de 2023 na Índia, as negociações enfrentam dificuldades para alcançar consensos. No ano passado, a guerra na Ucrânia quase impediu a conclusão de um comunicado conjunto. Este ano, além do conflito russo-ucraniano, a crise humanitária na Faixa de Gaza adiciona mais camadas de complexidade.

Na Índia, a solução para divergências foi apresentar um documento com trechos entre colchetes indicando pontos sem acordo. Uma alternativa semelhante é cogitada para a cúpula no Brasil, apesar do governo Lula ter apostado em um planejamento que produziu resultados parciais positivos, como a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e 41 documentos técnicos aprovados por todas as delegações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante um discurso no G20 Social no sábado (16), enfatizou a necessidade de apoio dos países ricos para proteger as florestas tropicais, chamando a atenção para o impacto das mudanças climáticas. “O clima está mudando e, se tem um responsável, ele se chama ser humano”, declarou Lula, sinalizando a relevância da COP30, que será sediada no Brasil, como espaço para o protagonismo da Amazônia.

Bilaterais e tensões políticas

Lula também participa do Urban20, uma vertente do G20 focada em soluções urbanas sustentáveis, antes de se envolver em uma série de 12 reuniões bilaterais. A Avenida Atlântica, no Rio, foi fechada para garantir a segurança das 55 delegações internacionais presentes, destacando o robusto esquema de proteção em meio à instabilidade climática do fim de semana.

Contudo, a cúpula também enfrenta polêmicas internas. A primeira-dama Janja da Silva, em um evento do G20 Social, criticou duramente o bilionário Elon Musk, associando-o a fake news e regulamentação das redes sociais. A declaração, que incluiu um insulto em inglês, viralizou nas redes sociais e provocou reações imediatas. Musk respondeu no X (antigo Twitter), sugerindo que o partido de Lula não vencerá as próximas eleições, enquanto diplomatas brasileiros expressaram preocupação com o impacto da fala nos esforços de diálogo com o governo dos Estados Unidos, especialmente diante de um possível retorno de Donald Trump ao poder.

Lula, por sua vez, buscou amenizar a situação durante o Festival Aliança Global, pedindo que sua campanha e aliados se mantenham firmes no propósito de “indignar a sociedade” sem apelar para ofensas.

Expectativas e oportunidades

Apesar das controvérsias, o G20 no Brasil é uma oportunidade para reforçar o papel do país como mediador de interesses globais. Ao sediar o evento, o Brasil não apenas demonstra sua relevância no cenário internacional, mas também busca soluções concretas para questões urgentes, como segurança alimentar, energia sustentável e justiça climática.

Se os desafios de consenso são altos, a cúpula também serve como um palco para fortalecer alianças e apresentar o Brasil como um interlocutor relevante em debates globais. Resta agora observar se o evento no Rio será lembrado pelas soluções que propôs ou pelas polêmicas que o acompanharam.


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