Há palavras para quase todas as dores da vida. Quem perde os pais é órfão; quem perde o esposo ou a esposa é viúvo. Mas quando um pai ou uma mãe perde um filho, não há uma palavra específica para nomear essa dor. A língua parece silenciar diante do sofrimento mais profundo que um coração humano pode suportar.
Algumas línguas antigas tentaram nomear esse luto. No sânscrito, vilomah significa “contra a ordem natural”, porque um filho deveria sepultar os pais, e não o contrário. No hebraico, shakul descreve aquele que foi privado de um filho. No árabe, thakla se refere à mãe que perdeu seu filho. Mas, mesmo com um nome, o sofrimento não se torna mais leve.
A dor da perda de um filho parece insuportável porque atinge a própria essência do amor. Desde o momento em que um filho é gerado, os pais constroem sonhos para ele, fazem planos, veem nele um pedaço de si mesmos. Quando essa vida é interrompida, é como se parte da própria alma fosse arrancada. A ausência se torna um vazio imenso, difícil de preencher.
Como superar essa dor?
Não há respostas fáceis, porque cada coração sofre à sua maneira. Mas há caminhos que podem ajudar:
- Aceitar a dor sem pressa para curá-la – A perda de um filho não é uma ferida que se fecha rapidamente. O luto precisa ser vivido, não negado. Chorar, lembrar, sentir saudade são formas de respeitar o amor que nunca desaparecerá.
- Confiar em Deus e na esperança eterna – Para os que creem, a morte não é um fim, mas uma passagem. Deus, em sua infinita misericórdia, acolhe cada alma com amor. A fé na eternidade permite vislumbrar um reencontro que, um dia, acontecerá.
- Encontrar significado no amor – Embora a dor pareça insuportável, o amor pelo filho nunca se apaga. Esse amor pode se transformar em algo que ilumina outros caminhos: ajudar outras famílias, honrar a memória da criança, encontrar maneiras de dar sentido à vida apesar da perda.
- Buscar apoio – O luto não precisa ser vivido sozinho. Família, amigos, grupos de apoio e até a oração comunitária podem ser um alívio para o coração que sofre.
- Permitir-se viver novamente – Muitas vezes, os pais que perdem um filho sentem culpa ao experimentar alegria novamente. Mas seguir em frente não significa esquecer. Pelo contrário, significa carregar o amor no coração e honrar a vida que partiu vivendo com gratidão pelo tempo que foi dado.
A dor de perder um filho talvez nunca desapareça completamente. Mas, com o tempo, pode se transformar. A ausência nunca deixará de ser sentida, mas pode ser envolvida pelo amor que permanece. E esse amor é mais forte que a própria morte.