Enquanto o mundo avança a passos largos na corrida pela inteligência artificial, o Brasil parece estar alheio a essa revolução, desperdiçando seu potencial tecnológico e humano. A recente AI Action Summit em Paris, organizada pelos presidentes da França e da Índia, reuniu líderes globais, cientistas premiados e grandes empresas para discutir o futuro da IA e sua regulação. Enquanto isso, o governo brasileiro parece mais preocupado em equilibrar um orçamento deficitário e conter o descontentamento popular com a alta dos preços dos alimentos.
No entanto, uma nova perspectiva surge com o lançamento do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), uma estratégia nacional anunciada em 2024 com um investimento previsto de R$ 23 bilhões até 2028. Esse plano pretende fomentar o desenvolvimento da IA no Brasil e criar um ambiente propício para inovação e competitividade no setor. De acordo com a Ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, o PBIA é um esforço estratégico para alinhar o país às transformações tecnológicas globais.
O Brasil tem potencial para estar entre os líderes
O Brasil já demonstrou sua capacidade em áreas tecnológicas como a aviação, com a Embraer, e o agronegócio, com tecnologias avançadas de monitoramento e automação. Na academia, pesquisadores brasileiros contribuem para avanços em IA, mas frequentemente precisam buscar oportunidades no exterior devido à falta de apoio interno. Grandes nações como Estados Unidos, China e União Europeia investem bilhões de dólares para garantir sua soberania digital, enquanto o Brasil se mantém tímido nesse debate.
Com o PBIA, a expectativa é que o país avance na direção certa, mas ainda há desafios a serem enfrentados. A implementação eficaz do plano dependerá de um compromisso real do governo e da destinação adequada dos recursos para garantir que a IA seja um motor de inovação e desenvolvimento nacional.
O que falta?
- Execução Eficiente do PBIA: O governo deve garantir que os investimentos sejam de fato aplicados e direcionados para pesquisa, infraestrutura e startups.
- Infraestrutura Digital: Criar centros de computação de alto desempenho e incentivar a produção nacional de chips e hardware.
- Política Nacional de IA: Expandir o PBIA para incluir incentivos fiscais, parcerias internacionais e desburocratização para empresas inovadoras.
- Regulação Inteligente: Criar regras claras que protejam a privacidade e os direitos dos cidadãos sem sufocar a inovação.
O risco da omissão
Embora o PBIA represente um passo importante, ainda é necessário que o governo demonstre compromisso real com sua implementação. Se a estratégia não for seguida de ações concretas, o Brasil continuará importando soluções e ficando refém de tecnologias desenvolvidas no exterior. O impacto não será apenas econômico, mas também estratégico, pois IA está diretamente ligada à segurança cibernética, defesa nacional e competitividade global. Os líderes brasileiros precisam mudar o foco de suas ações antes que seja tarde demais.
A pergunta que fica é: até quando o Brasil continuará assistindo ao futuro acontecer sem participar dele?