Na celebração da Missa deste domingo, na Capela Sagrado Coração de Jesus, no Estreito,um fato singelo, mas profundamente significativo, chamou a atenção dos fiéis. Entre os presentes, quatro crianças se movimentavam pelo templo: uma menina de aproximadamente cinco anos e seu irmãozinho, que usava um aparelho auditivo especial, além de um menino de quatro anos e sua irmãzinha de dois ou três anos. Durante toda a celebração, os pequenos circulavam de um banco ao outro, cruzando o corredor para ir de encontro aos pais, que estavam sentados em lados opostos.
Embora pudessem parecer dispersos, sem prestar atenção ao que acontecia no altar, um momento inesperado revelou o quanto essas crianças estavam, na verdade, atentas ao rito sagrado. Logo após a oração feita pelo sacerdote depois da comunhão, a menininha menor, de apenas dois ou três anos, que estava no fundo da igreja, perguntou suavemente: “Já acabou, Padre?”. Apesar de sua voz ter sido baixa, Padre Leandro Kammer, que celebrava a Missa, a ouviu do altar e, com carinho, respondeu: “Ainda não, mas já está quase”, seguindo então para os avisos finais e a bênção.
Esse episódio nos faz refletir sobre a forma como as crianças percebem e assimilam o ambiente ao seu redor. Muitas vezes, pensamos que, por não conseguirem permanecer quietas ou por se distraírem facilmente, elas não absorvem o que acontece à sua volta. No entanto, seu aprendizado ocorre de maneira diferente: observam, interagem, imitam e constroem suas referências a partir dos exemplos que recebem.
É por isso que o papel dos adultos é fundamental. Seja no ambiente familiar, escolar ou religioso, os pequenos estão sempre atentos ao que fazemos, muito mais do que ao que dizemos. Quando os levamos à igreja, mesmo que pareçam inquietos, estamos proporcionando a eles um ambiente de fé e devoção que será internalizado ao longo da vida. Um dia, essa participação aparentemente desatenta dará frutos.
Por outro lado, a presença das crianças também exige paciência e acolhimento da comunidade. Em vez de se irritar com a movimentação infantil, os fiéis podem enxergar nisso um sinal de esperança: elas são o futuro da Igreja e, desde cedo, precisam sentir que pertencem a esse espaço sagrado. Pequenos gestos, como o carinho do Padre Leandro ao responder à menina, demonstram o quanto a inclusão e o respeito fazem a diferença na experiência religiosa dos pequenos.
O episódio deste domingo reforça que a participação das crianças na Missa nunca é inútil. Pelo contrário, é essencial. A formação espiritual começa desde cedo, muitas vezes sem que percebamos, mas sempre de forma profunda e duradoura. E assim, entre brincadeiras, movimentos e perguntas inocentes, as sementes da fé vão sendo plantadas nos corações infantis.