Se os dois candidatos não mudarem a linguagem, mas ficarem em mutuas e cansativas arengas, abstenção, brancos e nulos serão os grandes vencedores nas próximas eleições.
Políticos já tem notado este aumento, mas não são capazes de reconhecer o verdadeiro culpado!
Dirá alguém: mas não são votos válidos, por isso não contam! Quem se abstém, transfere seu direito de voto a quem foi votar, etc etc.
Abstenção, votos brancos e nulos, demonstram que os candidatos não souberam falar o que os eleitores quiseram ouvir e tem aumentado a cada eleição o número de eleitores que não se consideram representados pelos políticos oferecidos pelas legendas partidárias.
Na eleição de 2018, o número de abstenções, brancos e nulos chegou a 29,12 por cento no primeiro turno, totalizando mais de 40 milhões de eleitores. Estas informações poderão ser obtidas pelo site do TSE https://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais
No segundo turno para Presidente abstenção votos nulos e brancos teve taxa maior ainda: 30,87 por cento no segundo turno com 42.466.402 eleitores descontentes com o quadro político geral.
Eleições para Prefeito e Vereador costumam ser mais concorridas do que as eleições para cargos nacionais, entretanto, em 2020 a taxa de abstenção, brancos e nulos foi ainda maior: 32,80%. Votos nulos foi 7.054.302, brancos 3.915.103 e abstenções 34.242.550 totalizando 45.211.955 de eleitores descontentes.
Se considerarmos o número de eleitores, e não o que é considerado voto válido pela atual legislação eleitoral (ou seja: votos válidos são considerados apenas os votos nominais, votos em legendas, etc) temos que abstenções, brancos nulos representam 1/3 do eleitorado brasileiro e já está superando o segundo candidato e se aproximando do primeiro.
Nas próximas eleições, com certeza, abstenções, brancos e nulos superarão o número dos dois candidatos que estão preparando para disputar as eleições em 2022.
Bolsonaro não pode afirmar que metade do Brasil o elegeu, pois ele só obteve 1/3 dos votos. Outros 2/3 não concordam com o que ele pensa. Os dois “extremos” estão se afastando, não um do outro, mas do eleitorado que não está sendo representado por eles.
A Justiça eleitoral deveria rever a legislação, pois abstenção, brancos e nulos são votos contra as opções oferecidas aos eleitores e o aumento indica que é preciso melhorar na qualidade da classe política.
Se o voto não fosse obrigatório, com toda certeza, passaria de 70 % a taxa de abstenções, brancos e nulos, colocando em xeque o sistema democrático brasileiro.
Não é solução aumentar a multa para aqueles que não se sentem representados por uma democracia falsificada! A solução é apresentar políticos de qualidade que apresentem uma folha de serviços pelo país e que não priorizem apenas seus clãs familiares ou políticos.
Os eleitores estão dando sinais de que esta democracia não é representativa e ficará cada vez mais patente que o país está descontente com a classe política nacional.