Nesta semana, o deputado Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais, viralizou com um vídeo que distorcia uma medida do governo federal sobre o Pix, gerando pânico e facilitando golpes. O vídeo alcançou 300 milhões de visualizações, potencializado pelas recomendações algorítmicas das redes sociais. No entanto, não foi alvo de moderação pela Meta, que isenta políticos de verificações de fatos sob a justificativa de defender a liberdade de expressão e o processo democrático.
Além do impacto da desinformação, é crucial considerar o aspecto financeiro. Com o alcance do vídeo, Nikolas provavelmente obteve ganhos significativos, já que a Meta monetiza conteúdos amplamente visualizados, mesmo que desinformativos. Estima-se que publicações desse porte possam render dezenas de milhares de reais em engajamento e monetização direta.
Embora não se tenha acesso ao valor exato recebido, a monetização por meio de visualizações e engajamento é um incentivo direto para a produção de conteúdos sensacionalistas. Em paralelo, é plausível que parte do sucesso tenha sido impulsionado por investimentos em promoção do conteúdo — prática comum entre influenciadores e políticos, mas cujos valores também permanecem opacos.
A política da Meta, que exclui declarações de políticos da checagem de fatos, agrava o problema. Enquanto cidadãos comuns enfrentam restrições por disseminar desinformação, figuras públicas são imunes. Isso torna ainda mais difícil combater o impacto de conteúdos falsos, especialmente em contextos eleitorais, onde a transparência deveria ser prioridade.
A falta de regulamentação e de mecanismos de controle abre espaço para o uso das redes como ferramentas de manipulação de massa, beneficiando quem explora a desinformação como estratégia.