Prezado(a) Editor(a):
Bom dia
Venho por meio deste e-mail solicitar a possível publicação de um artigo de opinião cujo título é: ÁGUA: A "ABUNDÂNCIA" PODE LEVAR À ESCASSEZ
Como já dito em outras ocasiões gostaria de ter a oportunidade de publicar o artigo em vosso jornal.
O artigo é produto de um projeto de extensão que desenvolvemos na UFMS (Câmpus de Três Lagoas/MS) em parceria com a UFAL (Câmpus de Arapiraca/AL); ESALQ/USP (Câmpus de Piracicaba/SP); UFG (Câmpus de Goiânia/GO); UNIFEI (Câmpus de Itajubá/MG); UNESP (Câmpus de Tupã/SP); Anhembi Morumbi de São Paulo/SP; Faculdades Gammon de Paraguaçu Paulista/SP e Faculdade de Presidente Epitácio/SP (Grupo UNIESP S/A.).
Assim sendo, segue artigo abaixo e em anexo.
Sem mais para o momento muito obrigado por vossa atenção!
Att.
Professor Dr. Marçal Rogério Rizzo
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ÁGUA: A "ABUNDÂNCIA" PODE LEVAR À ESCASSEZ
Por Lucas Otávio Gonçalves Dias e Ana Claudia Bansi
Segundo o sítio eletrônico do Instituto Carbono Brasil nosso país detém 12% de toda a água doce da superfície do planeta. Justamente por essa posição privilegiada, podemos observar o uso irresponsável dos recursos hídricos como uma atitude enraizada na cultura de algumas regiões do país. Pode ser destacada como exemplo a atitude de lavar calçadas e carros regularmente com o uso de água corrente, um mau hábito que causa grande desperdício de água e, pois, que deve ser abandonado, dentre inúmeros outros.
Nossa mídia, como importante agente formador de opinião, dissemina a ideia de que a água é um recurso recorrente e inesgotável no Brasil, salvo os habitantes da região Nordeste, que desafortunadamente foram desprovidos de tal abundância. Os brasileiros, por sua vez, estão distantes do tema “água”. A população, no geral, não procura conhecer a procedência da água que consome e, muito menos, saber se a fonte de água consumida pode garantir abastecimento sustentável no longo prazo.
Como cidadãos, cada um de nós já vivenciou ou presenciou inúmeros momentos de uso despreocupado da água. Se alguma preocupação aparecia, era mais com o possível valor da conta do que com o desperdício de água em si, que muitas vezes também era descartada quando “gatos”, “desvios” ou outro meio de captação ilegal e gratuita de água era utilizado. Isso é fruto do perigoso pensamento de que a água é uma propriedade de quem paga por ela e tem o direito de usá-la da maneira que quiser, como um produto qualquer. Esse tipo de pensamento ignora totalmente o fato de ela ser um recurso natural de disponibilidade limitada e que o mau uso pode culminar em sua falta.
Influenciada durante muito tempo por esse pensamento, a administração pública, principal responsável pela gestão desse recurso no país, acaba agindo de maneira igualmente negligente, com a agravante de permitir desperdícios de escala imensurável. E esses desperdícios começam desde o momento em que a água é captada de suas diversas fontes de abastecimento, permanecem ao longo de todo o sistema de distribuição e se estendem até o usuário final, que pode ser qualquer cidadão que possui em sua casa uma simples torneira que pinga ininterruptamente ou um cano furado.
Entre o mau uso e as diversas formas de desperdício, o Brasil perde 37,57% da água que circula pelas redes. Esses dois exemplos não são os únicos problemas com que o país tem que se preocupar quando o assunto é “água”. Ainda existe a natural distribuição irregular do recurso pelo país e a não preocupação com a preservação de fontes ou mananciais, além de fenômenos climáticos periódicos como secas e enchentes, entre outros.
Como sabemos, a mudança de tais atitudes leva tempo e é dependente da trajetória que cada nação decidir percorrer. Não podemos, no entanto, deixar de observar um movimento mundial que busca envolver tanto a sociedade civil, por meio dos seus representantes políticos, quanto as organizações de produção industrial e agrícola. Como exemplo desse movimento, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu 2013 como o “Ano Internacional de Cooperação pela Água” com o objetivo de discutir os desafios concernentes à gestão da água.
Apesar da importância desse tipo de movimento como instrumento de conscientização – diante da escassez da água e de dados publicados pela ONU, que indicam um aumento, até 2030, de 40% na necessidade de consumo pela população mundial –, parece-nos necessário que ações mais pontuais, com base em leis e regulamentos, tenham um papel mais incisivo nessa questão.
Voltando ao Brasil, a questão da água no Direito é muito recente. Somente em janeiro de 1997 surgiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei Federal nº 9.433, que regulamenta a concessão do direito de utilização da água para a realização de atividades econômicas. Acreditamos que tal legislação possa contribuir de forma positiva para o uso mais racional e responsável da água no Brasil; no entanto, para funcionar e ser cumprida, a lei ainda necessita de uma fiscalização rigorosa de suas determinações, o que ainda é visto como insuficiente.
Caso não haja uma mudança imediata de postura do Brasil, o país com a maior disponibilidade de água doce no mundo pode ser, em um futuro não muito distante, um país que enfrenta a escassez ou mesmo o fim desse recurso. Por mudança de postura, entende-se a necessidade de abandonar a cultura do desperdício e utilizar a água de maneira mais inteligente e eficaz por parte dos cidadãos e das organizações de produção industrial e agrícola. Além disso, deve haver maior engajamento da administração pública em propor ações para estancar o enorme desperdício de água dentro dos setores que lhes competem, bem como punições condizentes com o desperdício de água cometido.
Atrelado a isso, ainda nos resta questionar: Como incluir no sistema nacional de distribuição de água os aproximadamente 40 milhões de brasileiros que não têm acesso à água tratada e ainda garantir que a utilização desse recurso seja sustentável? A resposta ideal para essa questão ainda está distante de nós, mas uma coisa é certa: se não começarmos a pôr em prática, logo, ações para poupar, preservar e manter nossos recursos hídricos, aquela torneira, hoje ignorada, que pinga ininterruptamente e irritantemente, amanhã pode ser tudo o que resta.
Lucas Otávio Gonçalves Dias: Acadêmico do curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas. E-mail: logdias
Ana Claudia Bansi: Professora do curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas. E-mail: ana_bansi
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