Na hora que nos tocarmos que as consequências são sentidas por nós mesmos, as coisas vão mudar ainda mais!
Publicado por José Herval Sampaio Júnior – 2 horas atrás
Não seria exagero afirmar que grande parte da corrupção que se vê atualmente no setor privado e público, em especial a promiscuidade existente entre as empresas e o Poder Público na realização de contratos administrativos precedidos de licitação fraudulenta tem relação direta com o modo pelo qual os políticos desse país chegam ao poder e logo após agem para continuar nele.
Veja nossa análise nesse artigo: Doação de campanha: investimento com retorno garantido.
Nesse contexto, duas perguntas devem ser feitas: o que o povo tem a ver com isso? Qual a consequência para a sociedade dessa famigerada relação?
A primeira resposta talvez seja mais simples, pois, infelizmente, tá mais do que claro que o povo faz parte desse jogo de poder como fantoche, em que os financiadores bancam os políticos corruptos que querem chegar de qualquer jeito ao poder, usando o povo, que se corrompe por muito pouco, se entregando facilmente como se fosse uma mercadoria, deixando-o impossibilitado de participar do exercício do poder.
Eis o grande problema!
Como o seu voto foi corrompido, o exercício do mandato pelo político corruptor fica livre, ou seja, não tendo qualquer compromisso com quem o elegeu, faz o que quer, não sofrendo qualquer fiscalização, daí a continuidade da corrupção é algo quase que automático.
Não corromper em um sistema que começa com a corrupção é algo praticamente impossível, por isso o descrédito atual da classe política, que se encontra totalmente envolvida em todos os escândalos de corrupção que estamos vendo e não podia ser diferente, já que como a sua campanha foi muito cara, o exercício do mandato é o objetivo maior de quem quer com o poder público retirar todo o dinheiro empregado e ainda lucrar.
As campanhas nesse país claramente tem mais do que uma contabilidade, em que a oficial é um verdadeiro faz de contas e o pior os demais caixas, como se diz, também o são, pois o custo é tão desarazoado que os próprios envolvidos se perdem, sendo uma nova modalidade utilizar a Justiça Eleitoral e as campanhas para lavar o dinheiro sujo de propina (O faz de conta do caixa um e dois das campanhas eleitorais).
Quem diria que as pessoas usariam justamente a Justiça para formalizar dinheiro sujo!
O que estamos vendo agora nessa Operação Lava Jato e diversas outras é justamente isso, os políticos e os partidos utilizando o Poder Público como parceiro de negócios espúrios, em que o povo é partícipe e prejudicado ao mesmo tempo.
É isso mesmo o povo participa aceitando receber qualquer tipo de vantagem para votar em dado candidato e depois não tem moral para cobrar nada de nenhum político, o que faz com que na prática o povo receba diretamente as consequências desse ato e da omissão de fiscalização.
A falta de tudo em termos de políticas públicas que assegurem os direitos mínimos do povo decorre diretamente dessa participação odiosa do povo nesse processo. Imagine o contrário, que as pessoas não aceitassem ser corrompidas e ao mesmo tempo cobrassem dos políticos as promessas feitas.
Tudo seria diferente, pois os próprios políticos que chegassem ao poder seriam qualificados pelas suas propostas, recebendo do povo um voto de confiança na qual dependeria diretamente de ações concretas que realmente servissem a coletividade, desbancando na origem o atual sistema de corrupção.
Desta forma, não se tem nenhuma dúvida que a origem e a sequência natural da corrupção tem ligação direta com a forma de ingresso de nossos políticos na vida pública e para mudar essa realidade, somente conscientizando o povo de que a sua participação é vital para esse sistema e que a sua saída se impõe em seu próprio benefício, não pessoal e sim coletivo.
E o problema maior reside justamente nessa concepção egoística de nossa sociedade, pois enquanto pensarmos em nós mesmos, deixando os interesses coletivos de lado como fazem a maioria dos políticos do Brasil, não cresceremos como sociedade desenvolvida, já que a corrupção se instala com maior facilidade naquelas comunidades que não tem consciência de sua importância.
Por isso, que resolvemos agir na base, ou seja, educaremos desde já as nossas crianças e jovens sobre cidadania, democracia substancial, corrupção e eleições (Cidadania na Escola: Projeto debate democracia, eleições e corrupção com jovens estudantes e Cidadania na Escola vai à zona rural de Mossoró), além de semanalmente escrever uma coluna em jornal trazendo a importância da cidadania.
Esse tipo de ação é a única arma que temos contra os políticos corruptos que possuem toda a estrutura estatal usada em benefício próprio, quando na realidade deveriam estar defendendo nossos interesses, contudo como irão fazer seu trabalho se nós estamos amarrados ao sistema?
Enquanto não dermos o grito de independência desse sistema de corrupção eleitoral, estaremos fadados a todo tipo de corrupção e os políticos estão adorando essa nossa passividade.
A passividade do povo brasileiro e a impunidade de outrora são fatais para a desenvoltura desse sistema corruptivo. Este último fator vem recebendo severos golpes nos últimos anos, restando agora a efetiva libertação do povo e para tanto pregamos a educação como base de uma revolução social jamais vista nesse país, conclamando a todos que faça o seu papel, conscientizando os menos favorecidos, de modo que os políticos tenham uma surpresa já agora nas próximas eleições, pois se isso ocorresse, a corrupção do mesmo modo diminuiria sensivelmente.
Por que não acreditarmos em nós mesmos para mudar esse sistema corruptivo? Eis a grande pergunta, a qual precisa de uma resposta com mais ações e menos palavras e o começo de um novo ano pode ser o pontapé que se espera e que os nossos políticos não acreditam que somos capazes. Pense nisso e vamos virar esse jogo em prol de nossas crianças, futuro desse país que hoje se encontra em uma situação muito difícil e sem nenhuma perspectiva (2016: o Brasil precisa de definição).
José Herval Sampaio Júnior
José Herval Sampaio Júnior
um cidadão indignado com a corrupção
Mestre e Doutorando em Direito Constitucional, Especialista em Processo Civil e Penal, Professor da UERN, ESMARN, Coordenador Acadêmico do Curso de Especialização de Direitos Humanos da UERN. Autor de várias obras jurídicas, Juiz de Direito e ex-Juiz Eleitoral.
03ddb116cd1f9106ece6359d693918bec495fe5f388729.png
Descubra mais sobre Jornal Alfredo Wagner Online
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.