EM CLIMA DO CENTENÁRIO... Professores da Escola Municipal Santa Cruz da Figueira, em Águas Mornas-SC. Fotografia de março de 2018. Divulgação.
História

Em Águas Mornas escola comemora 100 anos

ESCOLA DE SANTA CRUZ DA FIGUEIRA, EM ÁGUAS MORNAS-SC,
COMPLETA 100 ANOS

Toni Jochem
Historiador

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Na Avenida Ida Hahn Back, nº 1.920, no bairro Santa Cruz da Figueira, em Águas Mornas-SC, há uma centenária instituição escolar. A história registra que, no próximo dia 06 de março a hoje Escola Municipal Santa Cruz da Figueira, lá instalada, completará 100 anos de existência.

Testemunha da história do referido bairro, a instituição aniversariante foi criada através do Decreto o nº 1.106, assinado pelo então Governador Felippe Schmidt, em 06 de março de 1918, sob a denominação de “Escola Mista Estadual Barra do Rio dos Bugres”, no então município de Palhoça. O referido Decreto, em seu Artigo 2º, além da atual Escola de Santa Cruz, cria outras quatro escolas em diversos municípios:

“Ficam criadas escolas mistas nas seguintes localidades: Inglaterra, no Município de Biguaçu; Alsácia e Guabiruba do Sul, no Município de Brusque; Estação Braço do Norte, no Município de Tubarão e BARRA DO RIO DOS BUGRES, no Município da Palhoça”.

É interessante observar que Rio dos Bugres é a denominação do curso dágua que, após passar pela localidade de Santa Isabel, deságua no Rio Cubatão; surgiu daí o nome da povoação de “Barra do Rio dos Bugres”, como alusão à sua foz. Década depois, por disposição da Lei Municipal nº 13, datada de 20 de abril de 1972, a localidade muda oficialmente sua denominação para “Santa Cruz da Figueira” cujo nome também foi adotado pela escola local.

São muitos os meandros desta história e dos quais poucos foram devidamente esclarecidos. Até a data da fundação da escola foi descoberta casualmente; o historiador Toni Jochem ao pesquisar nos jornais publicados em Florianópolis no ano de 1918 fez a descoberta por puro acaso. Estava pesquisando o Jornal “O Dia”. Entre outros assuntos lá estava publicado, à página 2, na edição de número 8.836, no dia 15 de março de 1918, o Decreto nº 1.106. Até então, baseado em informações orais, se acreditava que a mencionada escola tivesse sua fundação creditada ao ano de 1922. E, ao continuar a pesquisa, descobriu-se mais: a escola foi fundada pelo então governador de Santa Catarina Felippe Schmidt, em 06 de março de 1918 e, naquele ano, começou a funcionar com 42 alunos; era considerada “mista”, isso é, frequentada por alunos de ambos os sexos; seu primeiro professor – considerado “provisório” – foi o Senhor João Reynaldo Grünfeld. Logo em seguida lecionaram na menciona escola as professoras provisórias Nicolina Trancredo, Amélia de Souza Bach, Emma Bach. A lista com os nomes dos demais professores ainda é desconhecida…

Não se sabe com exatidão o local da antiga escola, quando de sua fundação em 1918. Mas acredita-se que tenha sido na propriedade do Senhor Mathias Back (1882-1928) ou, até mesmo, em sua residência. Mathias Back era destacado comerciante e tornou-se referência social da localidade. Naquela época, geralmente alguns anos após as fundações escolares, construíam-se as famosas “casas de escola”. Estas muito se assemelhavam às casas residenciais com a distinção de que, seu principal espaço físico era utilizado como escola e as demais dependências serviam de residência para o respectivo professor. Quando estas não existiam, não raro alguma família cedia ou alugava a sala de estar de sua residência para que esta servisse de escola. Desta forma, é possível que, inicialmente o Senhor Back tenha cedido parte de sua residência e/ou instalações para que nela funcionasse, nos primeiros anos, a escola local. São hipóteses que precisam ser confirmadas com o desenvolvimento das pesquisas históricas. Também é pertinente pesquisar o contexto histórico da fundação da escola, considerando as conseqüências da Primeira Guerra Mundial e as restrições então impostas pelo Governo Brasileiro às escolas particulares dos imigrantes, principalmente as da etnia alemã.

De escola Estadual, quando de sua fundação, teve seu ensino municipalizado e hoje é uma das quatro Escolas mantidas pela Prefeitura de Águas Mornas. Fundada em 1918, com o passar do tempo a escola tornou-se também referência para os habitantes do município de Águas Mornas – criado em 1961, notadamente, para os seus atuais e ex-alunos, muitos dos quais tiveram nela a única instituição escolar que frequentaram.

Um século após a sua fundação registra-se parte das primeiras páginas históricas da Escola Municipal Santa Cruz da Figueira; fica o desafio de desvendar e socializar o que dela até hoje ainda se desconhece. Parabéns pelos seus 100 anos! Parabéns aos alunos, professores, diretores e comunidade local que, no decorrer de um século, nos legaram esta rica história.

BIBLIOGRAFIA:
JOCHEM, Toni. Pouso dos Imigrantes. Florianópolis: Papa-Livro, 1992.
Jornal “O Dia”, Florianópolis, Ano XVIII, edição 8.836, datado de 15 de março de 1918, p. 2.
Jornal “República”. Florianópolis, Ano XIV, edição 59, datado de 10.12.1918, p. 3.
LOPES, José Lupércio. Monografia do Município de Palhoça. Florianópolis: Livraria Cysne, 1919, p. 144.
SCHADEN, Francisco. “Notas sobre a Colônia Vargem Grande”. In: Revista Atualidades, Florianópolis, números 6, 7, 8, 9, 10/11 e 12 de 1947.


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