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Um revolucionário em terras alfredenses

A História costuma pregar peças em quem a estuda com seriedade… 

Organizando minha papelada, encontrei um texto da história de Alfredo Wagner que me chamou a atenção. Pouco se fala deste cidadão, mas ele foi um revolucionário que perdeu uma guerra… mas saiu ganhando, e muito!

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Falo de Serafim Muniz de Moura, um dos coronéis da Guerra dos Farrapos.

Sobre esta revolta iniciada em 1835 a Wikipédia relata:

“A revolução, que com o passar do tempo adquiriu um caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a Revolução Liberal que viria a ocorrer em São Paulo em 1842 e para a revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da época. Inspirou-se na recém findada guerra de independência do Uruguai, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como Corrientes e Santa Fé. Chegou a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages.

“A revolta teve como líderes: general Bento Gonçalves da Silva, general Neto, coronel Onofre Pires, coronel Lucas de Oliveira, deputado Vicente da Fontoura, general Davi Canabarro, coronel Corte Real, coronel Teixeira Nunes, coronel Domingos de Almeida, coronel Domingos Crescêncio de Carvalho, general José Mariano de Mattos, general Gomes Jardim,[5] além de receber inspiração ideológica de italianos da Carbonária refugiados, como o cientista e tenente Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti,[6] além do capitão Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália.[7] Bento Manuel Ribeiro lutou em ambos os lados ao longo da guerra, mas quando acabou a revolução ele estava ao lado do imperador.

“A questão da abolição da escravatura também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam à liberdade.[8][9]Mesmo o ideal supremo dos revolucionários fosse a independência de uma república, os líderes da revolução, eram defensores da escravidão.[10] Tanto que nunca houve promessas aos cativos utilizados na guerra como se fossem militares, de que seriam libertos do cativeiro.” https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Farrapos

Poucos livros citam o nome de Serafim Muniz de Moura, mas o Coronel esteve lado a lado com Garibaldi e o General Canabarro nos combates em Laguna.

Fracassada a revolução farroupilha 1845, o Coronel Serafim refugiu-se nas proximidades da Catuíra de onde requereu ao governo imperial  duas léguas quadradas.

Canabarro também se saiu bem, diga-se de passagem, voltou ao Rio Grande do Sul e lá esqueceu seus sonhos republicanos e separatistas, voltando a servir o Império do Brasil.

Mas voltemos ao Coronel Serafim Muniz de Moura. A ocupação da área onde se encontra atualmente a Catuíra foi temporária, mas já favoreceu, e muito, a circulação de mercadorias e tropas entre Lages e Desterro através da Serra.

Quando foi instalada a Colônia Militar Santa Thereza, o primitivo local ficava entre as terras de Serafim Muniz de Moura e o Morro do Trombudo. Este local se mostrou inapropriado para a expansão da Colônia, por isso o Governo Imperial entrou num acordo com o Coronel, cedendo terras para ele, enquanto a Colônia mudava-se para o lado direito do Rio Itajaí, onde hoje fica Catuíra.

Após a morte do Coronel Serafim Muniz de Moura, seus filhos tentaram obter uma indenização pela ocupação da Colônia, porém, a documentação em posse do Governo provava o acerto realizado e a indenização em terras para o Coronel.

Outro episódio curioso, que foi notícia em jornais da época, é o escândalo provocado pelos descendentes de Serafim Muniz, possuidores de 4 escravos que trabalhavam na lavoura em suas terras. Eles possuíam os escravos, mas não declaravam. Para todos os efeitos os pobres escravos eram contados como sendo da vizinha Colônia Militar…

Só que… o Estatuto das Colônias Militares proibia a escravatura em suas terras. A exemplo do nobre Imperador Dom Pedro II e sua família que não possuíam escravos em suas propriedades, a nossa Colônia Militar seguia o Estatuto a risca.

O filho do falecido Coronel Serafim Muniz de Moura, Porfírio, foi intimado a fazer a declaração dos escravos ou pagar uma multa pesadíssima. Venceu a primeira opção.

Fico a imaginar as voltas que a história dá… Caso os revolucionários republicanos fossem bem sucedidos, não teriam ficado apenas em Lages, Laguna, etc. Teriam avançado e poderiam ter instalado a república no Brasil muito antes do fatídico 1889. Com certeza não teríamos o desenvolvimento desta região que recebeu todo carinho e atenção do Império.

A história poderia ter sido outra… mas não foi. A fuga do Coronel Serafim Muniz de Moura, o estabelecimento às margens do Rio Itajaí e seu acordo com o Governo Imperial, proporcionou a habitação desta região inóspita e de difícil acesso, mas de rara beleza.