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MISSA EM AÇÃO DE GRAÇAS PELOS 78 ANOS DE NASCIMENTO E DE BATISMO DA JOVEM MARIA AMIDA KAMMERS

Os devotos da jovem Maria Amida Kammers se reunirão dia 13.01, domingo, a partir das 9h30min, na Igreja dedicada a São Bonifácio, em Taquaras, Rancho Queimado-SC, a 80 quilômetros de Florianópolis. Em solene Ação de Graças celebrarão os seus 78 anos de nascimento e de batismo. Maria Amida, assim como Santa Maria Goretti e a beata Albertina Berkembrock, deu a vida em nome da castidade. A Missa será na intenção da abertura do processo de beatificação de Maria Amida e será celebrada na acima mencionada Igreja, localizada a poucos metros de seu túmulo. Taquaras integra a Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Angelina-SC), na Arquidiocese de Florianópolis.

MARIA AMIDA KAMMERS: LÍRIO FORMOSO DE TAQUARAS – UM POUCO DE SUA HISTÓRIA

                                                    Por Toni Jochem

No dia dedicado a Santa Catarina de Alexandria –  25 de novembro – nas primeiras horas da madrugada, a golpes de machado, em seu quarto de dormir, foi cruelmente assassinada a jovem Maria Amida Kammers, por não ceder aos desejos sexuais de seu(s) agressor(es).

Foi em 1961. Faz 58 anos em 2019. Na ocasião, Maria Amida tinha 20 anos e dez meses de idade, era natural de São Pedro de Alcântara-SC, mas seus pais Bruno Kammers e Maria Rengel haviam se mudado, havia anos, para a localidade de Rio Acima, na aprazível região de Taquaras, hoje pertencente ao município de Rancho Queimado-SC.

Maria Amida nasceu em 14 de janeiro de 1941 e no mesmo dia foi batizada pelo Pe. Rodolfo Pereira Machado, na Igreja Matriz de São Pedro de Alcântara-SC, sendo padrinhos Leopoldo Kammers e Marta Rengel.

De família tradicionalmente religiosa, descende de imigrantes luxemburgueses, oriundos de Putscheid (distrito de Diekirch, cantão de Vianden), que haviam se estabelecidos na Quarta Linha, na Colônia Alemã Santa Isabel, em 1861. Hoje, a Quarta Linha integra o município de Angelina-SC.

Maria Amida era virtuosa, observadora dos preceitos religiosos, grande admiradora e devota da Virgem Maria e de Santa Inês. Era uma moça formosa e de belas feições físicas. Atraía olhares…  Participava assiduamente da associação de moças católicas denominada “Pia União das Filhas de Maria”, na Igreja Matriz dedicada a Santo Amaro, em Santo Amaro da Imperatriz-SC, cidade em que morava havia quatro anos e fora tragicamente assassinada. Teria morrido defendendo firmemente sua castidade, tal como Albertina Berkenbrock, no Brasil; e Maria Goretti, na Itália; além de muitas outras.

Ao amanhecer do fatídico dia do assassinato, Pe. Frei Fidêncio Feldmann-OFM, então pároco da pequena cidade de Santo Amaro da Imperatriz, foi um dos primeiros a ser chamados a testemunhar a triste ocorrência. Sobre o que viu/entendeu o citado pároco, literalmente escreveu: “Houve indícios de violação, mas ela morreu virgem. Mártir da virgindade? Deus o sabe” (Livro de Crônicas do Convento Franciscano de Santo Amaro da Imperatriz 1900-1969, p.157). Conhecedora da vida e das virtudes de Maria Amida, diante dos trágicos fatos, entre a população imperava a versão corrente de que Maria Amida foi morta “porque não se entregou” ao(s) assassino(s) e, dessa forma, preferiu conscientemente dar a vida pela castidade. Há muitos documentos testemunhais neste sentido. Maria Amida teria sido uma fiel “Filha de Maria” vivendo, na prática, os ensinamentos da mencionada Pia União. Mas, quem seria(m) o(s) assassino(s)? Perdura um grande mistério sobre as conclusões da apuração dos fatos pelas autoridades constituídas. A história desconhece alguém que tenha sido condenado judicialmente por este mal feito da maior gravidade.

O crime que tirou a vida de Maria Amida chocou e abalou a região inteira pela crueldade com que foi praticado, causando indignação geral. Depois do velório, em face da grande multidão consternada, seu sepultamento foi realizado na manhã do dia seguinte ao do crime, no cemitério da Igreja dedicada a São Bonifácio, em Taquaras. No local, uma simples sepultura, aberta em terra nua, recebeu o corpo de Maria Amida desfigurado pela violência que lhe ceifou a vida. Os depoimentos de testemunhas oculares nos dão conta de que a tristeza era geral. Não havia quem não se emocionasse. A população inteira estava enlutada, ferida, machucada. A missa de sétimo dia atraiu multidões a Taquaras. Todos queriam se inteirar do acontecido, prestar suas homenagens a Maria Amida e se solidarizar com familiares e parentes próximos.

Mas, era preciso vencer a dor e o luto; refazer-se; entender que a vida segue, não foi fácil. O tempo foi passando e o túmulo de Maria Amida começou a receber número cada vez maior de visitantes, tornando-se destino de muitos devotos. Considerada como “Mártir da Castidade”, décadas mais tarde, são muitas as pessoas que afirmam ter recebido graças e favores por intercessão de Maria Amida.

Essas histórias de fé realçam ainda mais o cenário paradisíaco de Taquaras e estão representadas nas inúmeras placas de agradecimentos, espontânea e silenciosamente colocadas sobre sua sepultura. A crescente devoção a Maria Amida vem ganhando  consistência, visibilidade e se materializa, considerando a existência de diversas placas, ex-votos, que os fiéis depositam sobre o seu túmulo, em sinal de agradecimento pelas graças alcançadas por seu intermédio.

Maria Amida, assim como Santa Inês, Santa Maria Goretti e a Beata Albertina, impelida pelo amor a Deus, representa para seus devotos um exemplo de jovem virtuosa que “abraçou a morte” para não ter sua pureza maculada. Ofereceu conscientemente sua vida pelo que acreditava. Viveu seu batismo e, sobretudo, testemunhou sua fé com seu próprio sangue.

A Arquidiocese de Florianópolis, em 2016, aprovou Oração Oficial pedindo graças por intercessão de Maria Amida a qual, gravada em placa metálica, foi solenemente colocada sobre o seu túmulo, tornando-se testemunha dos devotos que, sempre em maior número, ali vão pedir e agradecer.

Igreja Matriz dedicada a São Pedro de Alcântara, na homônima cidade, em Santa Catarina. Nessa Igreja, em 14.01.1941, Maria Amida foi batizada pelo Pe. Roberto Pereira Machado. Fotografia provavelmente da década de 1940.

Certidão de Nascimento de Maria Amida Kammers. Cidade natal: São Pedro de Alcântara-SC.


Certidão de Nascimento de Maria Amida Kammers. Cidade natal: São Pedro de Alcântara-SC.

Túmulo de Maria Amida localizado no Cemitério da Igreja dedicada a São Bonifácio, em Taquaras, Rancho Queimado-SC.

Oração Oficial, aprovada pelo Arcebispo de Florianópolis, Dom Wilson Tadeu Jönck, pedindo Graças por intercessão de Maria Amida.


Maria Amida Kammers é considerada Mártir da Castidade; foi assassinada aos 20 anos, em 1961, em Santo Amaro da Imperatriz-SC, na defesa de sua castidade.

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