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Universidade de Brasília cria biofertilizante que aumenta a produtividade

O biofertilizante é luminescente, o que permite seu rastreio.

Fertilizante que brilha

O Instituto de Química da UnB (Universidade de Brasília), em parceria com a Embrapa, desenvolveu uma nanotecnologia capaz de incrementar a produtividade das plantas, aumentar o valor nutritivo dos alimentos, reduzir o uso de defensivos agrícolas e tornar a lavoura menos vulnerável à seca e a pragas.

A substância, batizada de Krill A32, é um biofertilizante a base de carbono, luminescente, e está em fase de depósito de patente no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi).

O nome Krill é referência a pequenos crustáceos que servem como alimento a diversas espécies marinhas, inclusive baleias, e são fundamentais para a manutenção dos ecossistemas nos oceanos.

O nanocomposto, que é atóxico, pode ser aplicado nas raízes e nas folhas das plantas, foi testado em uma variedade de culturas, incluindo alface, algodão, alho, arroz, cacau, milho, soja e tomate. Como a substância é luminescente, é possível rastrear a sua absorção nos alimentos.

Como possibilita o crescimento rápido das plantas, o nanocomposto poderá ser utilizada na recuperação de áreas degradadas, no manejo florestal para produção de madeiras e celulose e na intensificação da atividade agrícola sem a necessidade de aumentar áreas plantadas e diminuir as florestas.

Otimização da fotossíntese e carregador

O Krill A32 funciona simultaneamente como um otimizador da fotossíntese e como um carreador de substâncias para proteger ou enriquecer a planta.

UnB cria biofertilizante que brilha para aumentar produtividade
Krill A32 enriquece alimentos, diminui necessidade de agrotóxicos e protege as plantas na seca.  [Imagem: Marcello Casal Jr / Agência Brasil]

“O que nós temos é um veículo. Esse veículo sozinho funciona como um estimulante que melhora a produção, melhora o aproveitamento da água, e melhora também a taxa de fotossíntese,” descreve a química Carime Rodrigues, uma das responsáveis pela pesquisa.

“Os primeiros estudos foram feitos via foliar. Isso porque o tamanho do estômato [conjunto de células localizadas nas folhas] é mil vezes maior que o tamanho do nosso composto. Ao passar, o Krill leva os íons, nutrientes que estão aderidos a ele. Seria como injetar na veia da planta”, detalha o engenheiro químico Rogério Faria, membro da equipe.

Juscimar da Silva, engenheiro agrônomo da Embrapa, acrescenta que o Krill “fica alojado na folha”, onde ele capta a luz do sol que a planta normalmente não utiliza”. De acordo com o especialista, o nanocomposto começa emitir luz na clorofila que transforma dióxido de carbono e água em carboidratos e oxigênio. “É como fosse pequenas luzes de LED dentro da planta, que recebe o sinal luminoso, converte em energia química com a qual vai fazer mais carboidratos, ter mais folhas e mais frutos,” assinala.

O aumento da taxa fotossintética faz com que a planta aproveite melhor a água que recebe, o que a torna menos vulnerável ao estresse hídrico causado pela estiagem das chuvas ou dificuldades de irrigação. O processo também aumenta a germinação de sementes.

Além das próprias propriedades que favorecem o desenvolvimento das plantas, o nanocomposto pode ser um veículo de carreamento para outras substâncias. Pode levar, por exemplo, zinco, selênio e ferro para os frutos e, assim, fazer a biofortificação para enriquecer alimentos.

Com informações da Agência Brasil – 12/08/2019


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