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Cidades inteligentes: via de mão dupla

Cidade inteligente: uma via de mão dupla

Por Fabrício Ormeneze Zanini

O uso planejado de tecnologia, sustentabilidade e integração, com o objetivo de prestar melhores serviços e propiciar uma melhor qualidade de vida à população, parece um caminho sem volta. O ranking Connected Smart Cities, realizado pela Urban System, avalia cerca de 700 cidades brasileiras e reforça os ganhos que as estratégias aplicadas pelos municípios vencedores vêm proporcionando no dia a dia dos cidadãos.

Mas essa “receita” de sucesso é responsabilidade apenas de órgão públicos? Não! Veja, por exemplo, o quesito mobilidade urbana: só funciona bem se tiver a colaboração de todos os cidadãos. Não bastam leis bem elaboradas, pois, se não forem respeitadas, o trânsito se transforma num caos. Só flui bem quando motoristas, ciclistas e pedestres entendem seus papéis, responsabilidades, vantagens e desvantagens de cada agente participante.

A mobilidade urbana, inclusive, é um dos pontos que mais destacam a inteligência das cidades. A capital paranaense foi, e ainda é, referência mundial em modelo de transporte público, com a criação de vias exclusivas, terminais e linhas integradas. São mais de 1,3 milhão de passageiros transportados diariamente em mais de 250 linhas de ônibus.

O aplicativo Curitiba 156, lançado em março deste ano com o objetivo de abrir mais um canal de comunicação entre cidadãos e prefeitura, alcançou mais de um milhão de acessos em cinco meses, com destaque para consultas sobre transporte público. Além do app, a Central 156 presta atendimento telefônico, via chat e internet, captando de forma dinâmica as necessidades da população e problemas na infraestrutura da cidade. É possível inclusive cruzar dados de atendimento e ranquear as principais demandas, o que contribui com o planejamento e a tomada de decisão dos gestores municipais.

Isso funciona principalmente com a colaboração do cidadão, não apenas na solicitação de um atendimento que irá beneficiá-lo diretamente, como também em situações que atinjam um grande volume de pessoas, como um alerta sobre um poste prestes a cair ou com uma lâmpada queimada, por exemplo. Quanto maior o uso dessas ferramentas colaborativas, mais pessoas são beneficiadas e novas soluções são propostas.

É no dia a dia, com pequenos atos, que a transformação de uma cidade acontece. A inovação só se sustenta se houver demanda. Ainda são poucos os cidadãos efetivamente dispostos a deixar o carro de lado e usar o transporte público, o que beneficia meio ambiente, sustentabilidade e novos investimentos. Ou ainda desfrutar da implementação de ciclovias e novos meios de transporte mais sustentáveis, pensando não apenas na sua saúde física, mas na mobilidade da cidade. É uma reflexão necessária. O papel do cidadão é cobrar sim, mas também informar, colaborar e fazer sua parte em pequenas atitudes do dia a dia. E você? O que está fazendo para melhorar sua cidade de forma inteligente?

* Fabrício Ormeneze Zanini é diretor-presidente do Instituto das Cidades Inteligentes.

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