Um tsunami poderá atingir o Planalto, prevê Bolsonaro para a próxima semana - Foto Bruno Alencastro / Agencia RBS
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The Intercept Brasil sente a falta de Bolsonaro e avisa que pode vir impeachment por aí

O conhecido veículo de informações da esquerda brasileira, The Intercept Brasil, sentiu a falta de Bolsonaro, chegando a afirmar na newsletter que envia a seus leitores: “É cedo para dizer que Jair Bolsonaro está nas últimas, mas é fato que seu governo está enfraquecido como nunca. Há algo de concreto acontecendo e as próximas semanas são muito importantes“.

Penso que é matéria exclusiva para os assinantes da newsletter pois não consta dos artigos publicados no site https://theintercept.com/brasil/ mas você poderá ler na íntegra logo abaixo.

A Newsletter da entidade aponta uma direção contrária à que afirmei no meu último artigo: Golpe Militar na festa do Golpe de 1964?

O título “Cheiro forte de impeachment” vem seguido do primeiro parágrafo muito esclarecedor: “Bolsonaro sentiu. Só o tempo permitirá avaliar a dimensão dos acontecimentos da última semana, mas a corrida da vacina foi um dos mais duros golpes dados contra seu governo em pouco mais de dois anos.”

A newsletter assinada por Leandro Demori, Editor executivo, acrescenta ainda no primeiro parágrafo: “O silêncio presidencial contrasta com o furor das redes sociais e do mundo paralelo do WhatsApp: só se fala na vacina e na “vitória” do governador de São Paulo, João Doria“.

O artigo conclui, antes dos últimos parágrafos em que pede dinheiro para continuar com seu trabalho investigativo: “É cedo para dizer que Jair Bolsonaro está nas últimas, mas é fato que seu governo está enfraquecido como nunca. Há algo de concreto acontecendo e as próximas semanas são muito importantes. Além do fim do auxílio e dos próximos passos da vacinação, temos a eleição da presidência da Câmara, fundamental para a sobrevivência do governo. Há uma crescente demanda por impeachment.

E, como se já estivéssemos no sábado de aleluia, conclama seus seguidores a malhar judas antecipadamente: “Vivemos um excelente momento pra ir pra cima do “mito”: é hora de expor para os brasileiros a verdade sobre o seu governo, denunciar sua relação com o centrão, bater sem dó nas narrativas alucinadas de Carluxo e nas mentiras elaboradas pelos militares”.

O que virá por aí? O golpe ou o impeachment? Estará certo The Intercept ou este jornalista que escreve a vocês?

O futuro nos dirá!

Veja o texto da newsletter:

Olá,
Sou responsável pela comunidade de apoiadores do Intercept e te escrevo para pedir que, por favor, não deixe de ler essa mensagem do nosso Editor executivo. Ela é muito importante para o futuro de todos nós e por isso estou te reenviando.
Um abraço,
Marianna Araujo
Diretora de Comunicação

Quinta-feira, 21 de janeiro de 2021
Cheiro forte de impeachment

Bolsonaro sentiu. Só o tempo permitirá avaliar a dimensão dos acontecimentos da última semana, mas a corrida da vacina foi um dos mais duros golpes dados contra seu governo em pouco mais de dois anos. O silêncio presidencial contrasta com o furor das redes sociais e do mundo paralelo do WhatsApp: só se fala na vacina e na “vitória” do governador de São Paulo, João Doria. Em um meme espalhado ontem, Bolsonaro aparecia em uma cadeira de barbeiro como se fosse um senhor que se perdeu na rua. Não há retrato melhor.
Monitoro alguns grupos nas principais redes e a sensação é a mesma em todas: o esgoto bolsonarista não sabe o que fazer. Hoje cedo, ao entrar em uma aba onde reúno “Brazil Right-Wing Influencers” no Facebook achei que as páginas tinham sido hackeadas: a imensa maioria falava bem da vacina e criticava Bolsonaro por sua inércia e ignorância. Os memes sobre as habilidades logísticas do ministro-general que ocupa a Saúde tomaram conta das redes dos apoiadores do presidente junto com outros tantos que retratam Doria como vencedor. Eduardo Pazuello parece apenas um homem de atitudes panacas.

A pesquisa do índice XP/Ipespe, divulgada nesta segunda — feita, portanto, antes da aprovação da CoronaVac no domingo — já acusa a maior taxa de rejeição ao governo desde agosto de 2020. Esse caldo está em fervura há algumas semanas e o fim do auxílio emergencial vai aumentar ainda mais a temperatura. De 35% em dezembro, a taxa de entrevistados que consideram o governo ruim ou péssimo saltou para 40% – e o índice dos que avaliam o governo como bom ou ótimo caiu de 38% para 32%. Entre evangélicos, um dos grupos mais importantes de sustentação do governo, a aprovação caiu de 53%, em dezembro, para 40%. A reprovação subiu de 26% para 36%. 

Sentindo os sintomas da rejeição, depois de quase um ano de campanha desbragada contra a vacina e contra todas as medidas que poderiam reduzir as mortes, restou ao ex-capitão deixar de lado a falácia do “tratamento precoce” e agarrar-se a duas estratégias. A primeira delas é usar o general Pazuello como escudo.

Nas primeiras horas depois da aprovação da vacina, Bolsonaro sumiu. O general botou a cara em coletivas, eventos e entrevistas. Sempre subserviente, fazendo promessas que são desmentidas horas depois e sem nenhum constrangimento ao contar mentiras novíssimas e mostrar seu enorme despreparo para lidar com a maior crise sanitária em um século. A resiliência de Pazuello é chocante: ele está disposto a entregar tudo que sobrou de sua dignidade pra defender o governo. Quando sair do ministério, não restará a ele nenhuma credibilidade, nada de que possa se orgulhar. Será sempre reconhecido na rua como o homem que sabia que faltava oxigênio em Manaus, mas não fez nada.

Passará para a história como o ministro que é incapaz de organizar a entrega de pouco mais de 4 milhões de vacinas para os estados em um país de mais de 200 milhões de habitantes ou, o mais básico, incapaz de negociar compra de insumos com indianos e chineses. Sua melhor desculpa é que “o fuso horário da Índia é complicado”. Um adolescente mentindo para a mãe faria melhor.

A outra estratégia de Bolsonaro é risível. Depois de meses arrotando bobagens como “vaChina”, “calça apertada”, “não vou tomar, e ponto final”, “virar jacaré”, não há mais o que fazer. O jeito é tentar dizer que o governo federal apoiou a produção da vacina. É mentira. Tarde demais para colar. O Mito não só desacreditou a vacina como operou nos bastidores para atrapalhar o processo. Quer pagar de pai do filho alheio. É basicamente uma tentativa de sequestro.

É cedo para dizer que Jair Bolsonaro está nas últimas, mas é fato que seu governo está enfraquecido como nunca. Há algo de concreto acontecendo e as próximas semanas são muito importantes. Além do fim do auxílio e dos próximos passos da vacinação, temos a eleição da presidência da Câmara, fundamental para a sobrevivência do governo. Há uma crescente demanda por impeachment. Vivemos um excelente momento pra ir pra cima do “mito”: é hora de expor para os brasileiros a verdade sobre o seu governo, denunciar sua relação com o centrão, bater sem dó nas narrativas alucinadas de Carluxo e nas mentiras elaboradas pelos militares.

É esse o jornalismo que interessa ao Intercept no momento: jornalismo que reporta com responsabilidade, investiga com cuidado, denuncia com coragem. Tudo isso sem deixar de se pautar pelo interesse público, pela defesa dos direitos dos brasileiros e pela saúde pública. 

Nós queremos acelerar nosso trabalho nas próximas semanas, temos planos para isso, sabemos fazer jornalismo adversário e de impacto como ninguém e temos coragem de sobra. Só nos falta o apoio necessário para colocar todos os recursos à disposição do jornalismo independente que fará a diferença no futuro próximo.

Sim, tudo que o Intercept recebe de doação vai para o jornalismo e só para ele. Não temos investidores que recebam participação nos lucros. Somos uma enorme comunidade de profissionais e leitores que têm uma missão bem definida: fazer jornalismo independente que gere impacto.

Estamos vivendo um momento muito importante, eu não tenho dúvida. Por isso te pergunto: você quer fazer alguma coisa hoje? Ajude o Intercept com um apoio cidadão, justo e cheio de propósito. Ele tem o poder de fazer a diferença, de virar o jogo.

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Abraços,
Leandro Demori
Editor executivo

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