O cenário é tão grave que epidemiologistas e infectologistas alertam que o país pode viver um cenário de guerra nas próximas duas semanas se nada for feito.
Thaís Guimarães, médica infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo teme que o Brasil entre em colapso caso medidas coordenadas não sejam tomadas e contem com a adesão da população.
“Vamos ter pessoas morrendo em casa ou morrendo na porta dos hospitais, porque não vamos ter onde interná-las. Vamos ter um cenário de guerra “, disse a especialista à CNN Brasil.
Para os médicos, o crescimento no índice de transmissão foi o principal responsável pelo agravamento da crise. Somado a isso, está a diminuição na faixa de idade das pessoas internadas, que já está abaixo dos 50 anos, o que preocupa, já que os mais jovens tendem a se aglomerar mais.
“O que foi vivenciado em Manaus é o que devemos ter no resto do país nas próximas semanas”, afirma Raquel Stucchi, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Espalhamento das variantes
A variante P1, também conhecida como variante brasileira, que foi identificada pela primeira vez em Manaus, se espalha mais rápido que as demais, o que aumenta o temor dos especialistas sobre o tamanho que a crise pode atingir.
“O que podemos supor é que a P1 vai se tornar dominante e se espalhar rapidamente”, alerta Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo. Entretanto, ela alerta que os estados não devem colapsar ao mesmo tempo, o que pode dar uma margem de ação aos governos estaduais e federal.
“É possível que a gente arraste essa pandemia no pior nível por mais tempo. Eu acredito que março vai ser muito ruim”, lamenta. “Se o país inteiro chegar ao nível de Manaus, com pessoas esperando tratamento de UTI, não é nem colapso, é tragédia”, diz a médica.
Guerra: Lockdown e vacinação
Para Ethel Maciel, são necessárias ações do poder público que envolvam a adoção de medidas restritivas mais firmes, além da aceleração da vacinação. “Deveríamos fazer lockdown, fechar tudo por 21 dias para evitar as mortes”, alerta.
“O que poderia mudar esse cenário é uma vacinação rápida, com mais de 1 milhão de pessoas sendo vacinadas por dia”, diz ela.
Porém, Ethel Maciel se mostra cética de que tais medidas serão tomadas por conta da pressão de outros agentes. “Não é possível neste momento por conta das pressões sofridas pelas autoridades, mas a gente precisa de um pacto social para salvar vidas”, completa.
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