Meditação para a Semana Santa – As Três Quedas de Nosso Senhor e os Três Graus de Exaustão
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
Pode-se perguntar por que Nosso Senhor caiu três vezes ao longo da Via Sacra, e não duas ou quatro? Creio que há uma razão para as três quedas, pois tudo na vida e na Paixão de Nosso Senhor teve um profundo significado.
Sem pretender ser um exegeta, penso que essas três quedas revelam os três graus crescentes do esgotamento humano que Nosso Senhor experimentou, que devem ser meditados e servir de modelo para nós.
Quando se analisa o cansaço legítimo de um homem – não estou considerando o vício do cansaço do preguiçoso porque Nosso Senhor não tinha vício – podemos afirmar que há três graus diferentes.
No primeiro grau, uma pessoa que carrega o peso da missão colocada em seus ombros sente que todas as suas forças físicas se esgotaram e ele cai sob o fardo. Deitado no chão sob aquele peso, ele experimenta um alívio natural e recupera um pouco de fôlego. Depois, ele pensa: “Que carga pesada! Eu não posso levantar esta carga novamente! No entanto, é necessário que eu vá em frente, e desejo de todo o coração continuar a carregá-lo. Quero levar esse esforço, esse ato de dedicação, até o fim.”
Então, se ele não desiste e quer continuar carregando seu fardo, ele passa a buscar qualquer reserva de energia que não imaginava ter em sua vida normal. Ele encontra algumas, extrai essas energias desconhecidas para fazer um novo esforço e se levanta novamente.
Ele continua a carregar o peso até atingir o segundo grau de exaustão, quando cai novamente. Sobrecarregado pelo peso dessa segunda fase de cansaço, ele pensa: “Usei todas as forças que tinha e agora estou prostrado por causa desse enorme cansaço. Minhas últimas energias se esgotaram. Apesar disso, quero continuar.”
Ele medita sobre a nobreza e santidade do objetivo que persegue e, ao mesmo tempo, vê a impossibilidade que enfrenta para continuar. Ele sente desânimo e perplexidade. Onde ele encontrará forças para continuar carregando o peso que seu dever impõe?
Nesta fase, ele reza e diz: “Minha Mãe, ajudai-me agora ou não poderei fazer o que me está sendo pedido.” Ele procura nas profundezas de sua alma algum resquício de força e descobre que ainda há algo para dar. Assim, auxiliado por uma força sobrenatural mais do que por suas próprias forças, ele se levanta novamente.
Pela segunda vez, ele se levanta de sua queda e prossegue. Ele continua um pouco surpreso porque não percebeu que poderia continuar carregando seu fardo. Arrasta-se mais do que anda, mas vai em frente, porque está determinado a chegar ao fim. Com essa convicção ele avança mais.
Então ele cai pela terceira vez, o que representa o terceiro grau de exaustão. Ele está imerso na miséria, sente-se esgotado, como um saco vazio, sem uma gota de energia sobrando. Mas ele persevera. Ele olha para dentro de si e pensa: “Ainda posso esperar contra toda esperança.” Motivado mais pela perseverança moral do que pela força física, ele se levanta, mas não consegue dar mais um passo. É o momento da confiança cega, a noite escura, a imolação total. Ele dá o último suspiro de sua alma. Ao mesmo tempo, ele tem a visão mais lúcida de seu ideal e realiza o ato pleno de seu amor. Ele se entregou completamente. Ele está pronto para ser crucificado.
Quando Nosso Senhor chegou a este terceiro passo, Deus enviou Simão Cireneu para carregar Sua Cruz, porque Ele não podia mais suportar seu peso.
Esses são os três passos da exaustão e os três passos da dedicação humana.
Na medida em que um homem vence a si mesmo levantando-se de suas quedas sucessivas, ele brilha com novos graus de beleza moral. É a beleza da abnegação que atrai os outros. Quando a alma atinge o limite máximo de dedicação, quando ela deu tudo o que podia dar, então ela está preparada para atrair muitas outras almas para si. Por isso, depois de Nosso Senhor ter percorrido a Via Sacra, estava preparado para ser visto na Cruz por todos os povos da História e atraí-los. Ele havia passado por Sua completa imolação interior.
Quando Nosso Senhor foi crucificado, terminou a parte do sacrifício que dependia de Sua vontade. Então, começaria a parte mais sublime e atroz do sacrifício, durante a qual Ele sofreria cada vez mais. Mas aquela ação de carregar Sua Cruz havia terminado. Daí em diante, Ele se deitou na Cruz e a Cruz O carregou; Ele não carregava mais.
Em nossas vidas espirituais, devemos carregar nossas cruzes. Nosso Senhor quer que carreguemos nossos sofrimentos nos ombros, tomemos a iniciativa e caminhemos para a renúncia completa, dolorosa, trágica e terrível que somos chamados a passar para cumprir nossa missão.
Depois de darmos a prova de consumir todas as nossas energias para atingir esse objetivo, depois de estarmos em um estágio de exaustão completa, então Ele envia alguém para nos ajudar a percorrer o resto do nosso caminho e Ele permite que sejamos crucificados no cumprimento do nosso dever. Ficamos identificados com esse fardo para sempre. Nosso combate terminou e ganhamos nossa glória – como Ele fez.
Esta meditação do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira foi resumida e adaptada com base nas notas de Atila S. Guimarães
Postado em 11 de abril de 2022 no site Tradiction In Action.
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