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O que já se sabe sobre a tentativa de assalto em Guarapuava

(FOLHAPRESS) – Uma tentativa de assalto a uma empresa de transporte de valores levou pânico à cidade de Guarapuava, no interior do Paraná, durante a noite deste domingo (17) e a madrugada desta segunda (18). Três ficaram feridos, nada foi roubado e os bandidos fugiram.

O primeiro suspeito de envolvimento no ataque foi preso na tarde desta segunda. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, o detido é de Guarapuava e está ligado à parte logística do fornecimento de armas à quadrilha.
Entenda abaixo o que se sabe sobre o ataque e o que falta esclarecer.

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Como foi a tentativa de assalto?

Cerca de 30 criminosos fortemente armados usaram ao menos oito carros, entre os quais alguns blindados, para tentar acessar o caixa da empresa de transporte de valores Proforte. Os ataques começaram por volta das 22h de domingo e terminaram no início da madrugada, quando cessaram os barulhos de tiros ou explosões. A ordem cronológica dos acontecimentos ainda não está clara, mas os criminosos atiraram contra um batalhão da Polícia Militar e incendiaram carros e caminhões. Enquanto isso, os moradores se trancaram em casa.

Alguém morreu ou ficou ferido?

Três pessoas ficaram feridas, em situações ainda não detalhadas pela polícia. Um morador e dois policiais foram baleados, sendo que um dos agentes chegou a ser internado na UTI com lesão no crânio. No início da tarde, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná disse que os policiais continuavam hospitalizados, mas fora de perigo.

Como foi a fuga e a reação da polícia?

Os criminosos fizeram várias ligações ao 190 informando crimes falsos para tentar confundir os policiais, como assaltos a bancos e a existência de reféns, e bloquearam as saídas do 16º batalhão da PM incendiando ao menos dois caminhões. Mas havia equipes fazendo rondas nas ruas, que perceberam a movimentação atípica.

Elas chamaram reforços e puseram o plano de contingência em ação, fechando os acessos da cidade, segundo o coronel Hudson Leôncio Teixeira, comandante-geral da Polícia Militar paranaense. O secretário estadual de Segurança Pública, Romulo Marinho Soares, disse que isso fez com que os assaltantes, sem conhecimento das vias, se perdessem e abandonassem o local.

Ninguém foi preso, e eles fugiram em direção ao interior do estado. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o trânsito chegou a ser interditado nos kms 353 e 330 da rodovia BR-277 por dois caminhões incendiados pelos criminosos.

O que foi apreendido até o momento?

Foram apreendidos ao menos oito carros e nove armas de fogo (fuzis, armas calibre .50 e uma pistola) abandonados pelos criminosos durante a fuga, além de quatro capacetes, dois coletes balísticos, cinco toucas balaclavas, mochilas com remédios e mantimentos para fuga, entre outros objetos. Segundo o secretário, “o sangue nos veículos abandonados aponta que há bandidos feridos”.

O que está sendo feito agora?

Atualmente, além dos 60 integrantes do batalhão regional, outros 200 policiais estão atuando na cidade, assim como três helicópteros e equipes com cães, fazendo buscas e abordagens. A PM do Paraná disse que está conversando com a Polícia Militar de Santa Catarina, onde já houve casos semelhantes, para levantamento de informações que possam colaborar com as investigações.

Aeronaves do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) estão sobrevoando toda a área e auxiliando nas buscas realizadas por terra. A Polícia Civil instaurou uma investigação para desvendar o crime e identificar suspeitos, além de enviar papiloscopistas. A Polícia Científica também foi acionada para coletar vestígios e fazer as perícias nos armamentos e veículos abandonados pelos criminosos na fuga.

O que foi levado pelos criminosos?

Os bandidos não roubaram nada, segundo o secretário de Segurança e a empresa. “Eles queriam chegar na Proforte, uma empresa que tem um fluxo de dinheiro, e não lograram êxito”, afirmou Marinho à imprensa. Em nota, a Protege, dona da Proforte, disse que os criminosos não conseguiram acessar o cofre e que vai colaborar com as autoridades responsáveis pela investigação.

Por que um veículo blindado do Exército circulou pela cidade após o ataque?

O Exército afirmou que usou um veículo blindado para garantir a segurança de instalações militares fora do perímetro do quartel. A instituição negou que o blindado tenha sido usado para ajudar a polícia, como publicaram moradores de Guarapuava nas redes sociais, que filmaram o veículo. “Não houve nenhuma ação contra instalações militares”, afirmou em nota. “As providências adotadas seguiram o protocolo de segurança da organização militar, destinado a preservar a integridade física de patrimônio e pessoal.”

Como está a situação da cidade atualmente?

O tenente-coronel Joas Lins afirmou pela manhã que “a situação agora está normal, e a cidade está pacificada”. O prefeito de Guarapuava, Celso Goes (Cidadania), também afirmou que “os pais já podem levar seus filhos para escola”.

Onde fica Guarapuava e por que pode ter sido alvo do ataque?

A cidade tem 182 mil habitantes e fica no interior do Paraná, cerca de 250 quilômetros ao oeste de Curitiba. De acordo com o comandante do batalhão da PM de Guarapuava, o tenente-coronel Joas Lins, ela pode ter sido escolhida pela quadrilha por seus vários acessos a rodovias e também pela quantidade de dinheiro que existia na empresa de valores.

Segundo o secretário Soares, os suspeitos podem ter ligação com quadrilhas que agiram de forma idêntica em Araçatuba (SP) e Criciúma (SC).

Já houve outras ações do tipo na região?

Segundo a Polícia Militar, em novembro do ano passado o batalhão impediu que duas agências bancárias na cidade de Três Barras do Paraná, no oeste do estado, fossem assaltadas. Assim como agora, o grupo criminoso chegou à cidade durante a madrugada, bloqueou todas as rodovias que dão acesso ao município e iniciou simultaneamente, os ataques. No entanto, as equipes policiais sabiam dos planos do grupo, reagiram e houve confronto armado.

Ações desse tipo acontecem com frequência desde 2018, são realizadas por quadrilhas especializadas e fazem parte do chamado novo cangaço. São invasões de cidades de pequeno e médio porte por criminosos fortemente armados, em grupos de 15 a 30 homens, que chegam durante a noite ou madrugada em comboios de veículos potentes.


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