Segundo a especialista em mídias sociais Rejane Toigo, retratos falsos criam uma lacuna entre a aparência real dos jovens e o que eles acreditam que deveriam ser, o que pode causar problemas de imagem corporal e autoestima
As redes sociais multiplicaram as possibilidades de interação entre as pessoas. Canais como Instagram, Facebook, Youtube, entre outros, permitiram que o conhecimento se espalhasse a um número cada vez maior de pessoas e que empresas incrementassem suas vendas e seus negócios. A mestre em Neuromarketing, especialista em mídias sociais e fundadora da Like Marketing, Rejane Toigo, chama atenção também para a faceta sombria das redes. “Ela facilita que o usuário, principalmente jovens, seja impactado negativamente em sua autoestima, ao sofrer cyberbullying e se comparar com imagens de corpos que exibem uma perfeição inalcançável.
Rejane lança mão de dois levantamentos para embasar sua preocupação. A pesquisa da Girls’ Attitudes Survey, que mostrou que 71% das meninas e mulheres dos Estados Unidos, entre 7 e 21 anos, sentiram-se afetada de alguma forma através das redes sociais, em 2021, em razão dos discursos de ódio, imagens que as deixarem inseguras sobre sua aparência, assédio ou bullying. E o estudo do Instituto de Pesquisa Ipsos, feito em 2018, com 20, 8 mil pessoas, que mostrou que o Brasil é o segundo país em que as ofensas digitais são mais frequentes, perdendo apenas para a Índia.
Para a especialista e estrategista em mídias sociais, a ilusão propiciada pelos filtros de imagens de aplicativos como Instagram contribui e muito para esse ambiente tóxico nas redes. Rejane comenta que os jovens passam muito tempo nas redes sociais postando fotos e vídeos de si mesmos e curtindo e comentando fotos e vídeos de outras pessoas. Só que grande parte dessas imagens é alterada para que as pessoas pareçam mais bonitas e felizes. “Esses retratos falsos criam uma lacuna entre a aparência real dos jovens e o que eles acreditam que deveriam ser, o que pode causar problemas de imagem corporal e autoestima”, afirma.
Conforme Rejane, para que as pessoas não caiam nessas armadilhas, é fundamental que compreendam que a vida projetada na tela do celular nem sempre retrata a realidade. “De seu melhor amigo aos influenciadores e celebridades que eles seguem, a maioria hoje em dia filtra suas vidas de uma forma ou de outra nas redes sociais”, diz. Contudo, comenta a especialista em mídias sociais, se já é difícil para pessoas de qualquer idade não se compararem com padrões inatingíveis, imagina quando se é uma criança ou um jovem aprendendo a se adaptar na vida.
Dessa forma, segundo Rejane, torna-se fundamental o papel dos pais na tarefa de ensinarem os jovens a entender que a maioria das pessoas edita suas fotos e os acontecimentos de sua vida, para apresentar sua melhor versão online. “Eles devem explicar que nem tudo aquilo que é postado nas redes condiz com a realidade e também devem incentivar seus filhos a buscarem conteúdos positivos, que os façam sentir bem, compartilhando também algo na mesma linha”, comenta.
É tarefa dos pais também, de acordo com Rejane, ficarem atentos se seus filhos estão sofrendo cyberbullying, no sentido de evitar que isso afete mais autoestima deles quando postam suas fotos “normais”. “Para isso, devem procurar manter uma conversa franca com eles, saber se há algo os incomodando, olhar como estão suas redes sociais e que tipo de comentários eles têm recebido”, diz. Podem ajudar estes jovens também, segundo Rejane, os influenciadores digitais, propagando mensagens de que cada pessoa é única e que não há razão para comparações.
Patrícia Jimenes
Descubra mais sobre Jornal Alfredo Wagner Online
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.