Motivo do aumento é a ausência de políticas públicas na educação; especialistas descrevem desafios e como reverter quadro
Um estudo divulgado pelo programa Todos pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostra que 41% das crianças de 6 e 7 anos não sabem ler e escrever. Esse é o maior índice de analfabetismo registrado no país desde 2012. De acordo com o periódico, cerca de 2,4 milhões de crianças brasileiras não foram alfabetizadas nesta faixa etária – o que equivale a 40,8% do total de brasileiros com a mesma idade.
O documento relata que o motivo do aumento é a ausência de políticas públicas após a pandemia da covid-19. Outro ponto importante são as famílias, que muitas vezes não possuem recursos – ou preparo cultural – para adquirir livros aos jovens.
Para a diretora pedagógica da Casa do Zezinho, Ana Beatriz F. Nogueira, para intervir neste cenário, é preciso constituir políticas públicas fortalecidas pelos fundamentos de uma educação sensível aos diferentes contextos, promovendo o desenvolvimento humano e local. “Já há uma grande reformulação no sistema educacional acontecendo, embora os desafios ainda sejam inúmeros, principalmente no período pandêmico”. E reitera: “Temos como premissa a responsabilidade de valorizar os profissionais da educação em todos os sentidos”.
Projetos sociais buscam mudar o ecossistema
Apesar dos números alarmantes, no Brasil existem projetos que buscam aliviar o cenário, dando oportunidade de ensino para crianças e jovens. Um deles é a “Pedagogia do Arco-íris”, técnica socioeducacional realizada por Dagmar Rivieri (Tia Dag), fundadora da Casa do Zezinho.
A ação tem como objetivo o desenvolvimento da autonomia de pensamento e ação da criança por meio de quatro pilares da educação: Ser (Espiritualidade), Saber (Filosofia), Fazer (Arte) e Conhecer (Ciências). “A pedagogia tem a possibilidade de propor novos começos e caminhos estratégicos de atuação (considerando os desafios dos profissionais ao desempenhar o seu papel), bem como da família em sua função como primeira instituição”, explica a especialista.
A organização recebe apoio de institutos, fundações, empresas privadas, e do poder público para a consistência da aplicação dos seus programas e projetos. Entre as atividades estão as oficinas de Filosofia; Gastronomia; Contação de histórias; Educação ambiental e sustentabilidade; Gastronomia: Oficinas de audiovisual; Programação; E-Sports; Cultura maker; Informática; Naturologia; Educação nutricional; Yoga; Oficinas psicoeducacionais: Mosaico; Cerâmica; Bilinguismo; Artes plásticas e atividades esportivas, além da promoção de vivências relacionadas ao mundo do trabalho.
“Lembro de casos aqui na organização onde chegaram crianças que não sabiam ler e escrever, e conseguimos reverter o quadro. Hoje em dia, temos no mercado profissionais em diversas áreas que tiveram passagem na Casa do Zezinho. Para educar, precisamos nos colocar no lugar do outro, sem discurso moral”, finaliza.
Para mais informações da ação, acesse o site.
Sobre a Casa do Zezinho:
A Casa do Zezinho é uma organização sem fins lucrativos que atende crianças, adolescentes e jovens, com idade entre 6 e 21 anos. Ao todo são mais de 1.100 Zezinhos matriculados. Todos são envolvidos em dois Programas: Aprender Brincando e Educação de Jovens para o Século XXI, e dentro destes programas acontecem as oficinas de educação, arte, cultura, tecnologia e desenvolvimento pessoal. Criando assim, condições para a formação do pensamento crítico, transformação da própria realidade e autoconfiança. Fundada em 1994, por Dagmar Rivieri, conhecida como Tia Dag, a instituição fica localizada no Capão Redondo, zona sul de São Paulo.
Amanda Cássia
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