Estrada Velha de Alfredo Wagner ganha demarcação para caminhadas

Ação do Sítio Pedras Rollantes colocou uma placa a cada 250 metros

Aliado a uma alimentação saudável, caminhar é um dos melhores hábitos a serem cultivados por quem preza a saúde e o bem estar físico e mental. Se for ao ar livre, os benefícios se multiplicam. E agora, moradores, turistas e visitantes de Alfredo Wagner acabam de ganhar o primeiro caminho demarcado para as suas caminhadas. É na histórica Estrada Geral das Águas Frias, conhecida também como Estrada Velha, que recebeu 22 placas, uma a cada 250 metros, aproximadamente, informando a distância percorrida, quanto falta para chegar ao ponto mais distante e a elevação vencida.

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A placa “zero” fica na cabeceira da Ponte da Água Fria e a última, que marca 5.050 metros, fica perto da BR 282. Para chegar até lá, o caminhante vence uma elevação de 158 metros. A iniciativa é do casal Lu Eicke e Tarcísio Mattos, que moram bem no meio do trecho, no Sítio Pedras Rollantes, onde cultivam citros orgânicos e cuidam de uma pousada e de um café.

“Essa iniciativa do Tarcísio e da Lu é muito nobre porque eles estão pensando não somente no empreendimento deles, mas no bem do turismo local e da população. É uma ideia extremamente criativa. Fiquei surpreso e muito feliz por eles estarem pensando no desenvolvimento da cidade”, diz o Secretário de Turismo, Cultura e Juventude de Alfredo Wagner Juliano Quevedo.

Conheça os principais pontos da rota

É um caminho que faz parte da cidade, mas que também já foi importante para Santa Catarina, com muitas histórias e curiosidades. No primeiro trecho, por exemplo, em frente à placa que marca 225 metros, está a famosa Casa do Grêmio. Pouco mais adiante, perto dos 776 metros, fica um antigo marco que informava, para quem percorria a velha estrada que ligava Lages à Capital, a distância até Florianópolis. É um grande pedaço de granito retangular, onde está esculpido o número 117 e que está ali há pelo menos um século.

O caminho é em parte calçado, em parte estrada de chão. Muitos trechos são cobertos com vegetação nativa, com dezenas de arroios e quedas d’água. Se a sede aparecer, o caminhante pode se reidratar junto da placa dos 2 mil metros, onde está a primeira bica mantida pelos moradores. Mais adiante está o Sítio Pedras Rollantes: “Plantamos algumas mudas de Clemenules bem junto da cerca do terreno e logo as frutas estarão disponíveis para quem quiser. É só colher e comer”, diz Lu Eicke, lembrando que já faz bastante tempo que as goiabeiras fazem muito sucesso com quem passa por ali.

A próxima bica é mais do que uma bica. Perto da placa que mostra que o caminhante já percorreu 3.480 metros, Seu Walmor instalou praticamente um chuveiro em frente ao muro de sua casa. Logo adiante, perto da placa dos 3.720 metros, está a “Curva do 120”, nome que é uma alusão ao marco de granito da antiga estrada e que já não está mais por ali. Seguindo pelo lado direito, chega-se à “Cachoeira do 120”, onde fica uma piscina natural.

A Estrada Velha

A estrada é um caminho com mais de dois séculos de história. “Nereu Ramos passou por aqui antes de se tornar Presidente da República”, diz Tarcísio Mattos, em tom de brincadeira, mas com um fundo de verdade.

A Estrada Velha surgiu como uma trilha de tropeiros, aberta à facão, para ligar o Planalto Serrano com Desterro, antigo nome de Florianópolis, e facilitar o transporte de mercadorias, principalmente gado e madeira, entre a Serra e o Litoral. A trilha do século 18 tornou-se a Estrada Lages – Estreito no começo do século 20, e por ela, a partir de 1927, também passavam caminhões de carga, ônibus intermunicipais e ainda as comitivas de gado, como lembra Tanir Onofre, 82 anos, vizinho de cerca de Lu e Tarcisio.

Quando criança, Seu Tanir acompanhava o pai e o avô em tropeadas de dois dias. Buscavam o gado em Bocaina, pousavam em uma fazenda em Bom Retiro e chegavam em Barracão, hoje Alfredo Wagner, onde havia o matadouro da família. Uma parte da carne atendia o povoado e outra era enviada para o Mercado do Estreito, no litoral. E também automóveis transitavam por ali. Um deles deve ter tido como passageiro o lageano Nereu de Oliveira Ramos, 20º Presidente do Brasil.

Os primeiros relatórios que definem o traçado que passa em frente a Pedras Rollantes foram assinados pelo Presidente da Província de Santa Catarina, Fausto de Souza, em 1888, e descreve como deveria ser o trecho a partir do Rio Itajaí do Sul, até os Campos de Bom Retiro.

Sobre Pedras Rollantes

A Pousada Pedras Rollantes fica em Alfredo Wagner, Santa Catarina, 100 km de Florianópolis em direção à Serra. Tem apenas cinco unidades em uma área de 28 hectares em meio ao Vale do Rio das Águas Frias, bem perto do centro da cidade. Entre alguns dos diferenciais de Pedras Rollantes está a redução substancial de valores a partir da terceira noite de estadia, a entrega de uma cesta de alimentos para que os hóspedes preparem as suas refeições, criança até 12 anos é grátis e também não há cobrança para a estadia de pets. Além disso, foi abolido o check in ou check out. Pode chegar bem cedo e sair bem tarde.
Todo o atendimento é feito pelos sócios e a propriedade rural também é dedicada à produção comercial de citros com certificação orgânica, com destaque para a tangerina Clemenules. Há ainda o Café, servido nas tardes de domingo, sob reserva e aberto também a não-hóspedes.