Mizia Marques e Daniele Lopes encontraram na profissão de social media uma forma de sustentar-se financeiramente e fugir da sensação de exploração que sentiam em seus empregos anteriores
Vem chegando março, o Mês Nacional da História da Mulher. Para celebrar a importância da mulher em todos os âmbitos da sociedade, nada melhor do que relatar histórias protagonizadas por aquelas que, com força de vontade, inteligência e resiliência, superaram desafios e conquistaram o sucesso. A produtora de conteúdo e especialista em mídias sociais, Rejane Toigo, é uma dessas mulheres. Dentista de formação, vendedora por vocação, Rejane desempenhou muitas funções e passou por muitas frustrações até se encontrar como estrategista de mídias sociais. Hoje, é sócia-proprietária de uma agência chamada Like Marketing, que faturou R$ 15 milhões em 2022.
Tamanho sucesso, despertou em Rejane a vontade de compartilhar seus conhecimentos para que mais pessoas pudessem conquistar o que ela conquistou. Foi assim que elaborou um curso visando à formação de social media, mais especificamente, de social media estrategista, sua expertise. Durante o curso, Rejane percebeu que 80% dos alunos matriculados eram mulheres, com um perfil bem específico: estavam em transição de carreiras, buscando uma ocupação profissional que lhes proporcionasse mais flexibilidade de horários, para que pudessem dar conta da dupla jornada de trabalho, e um rendimento suficiente para suportar uma vida confortável.
Daniele Lopes, 38 anos, moradora de Santo André (SP), é uma dessas alunas que procuraram o curso no sentido de conseguir uma profissão que lhe proporcionasse sustento financeiro, com mais autonomia e independência. Grávida de seis meses, Daniele pediu demissão de um bom emprego de Executiva de Marketing de Logística, porque não conseguia mais lidar com a pressão e com o clima de competitividade tóxica entre os colegas. Na busca por uma recolocação, deparou-se com o preconceito. “Eu fiz diversas entrevistas de emprego e todas elas foram barradas quando eu disse que estava grávida”, diz.
Daniele precisava de uma renda, ao mesmo tempo que percebia suas prioridades mudarem. Em razão da gravidez, passou a buscar um emprego em que não fosse requisitado trabalho presencial. “A pandemia trouxe muito sofrimento, mas também alguns benefícios, tais como o trabalho remoto, que permite às mães dedicarem mais atenção à criação de seus filhos e ainda assim continuarem trabalhando”, explica.
Trabalhar como social media foi a saída encontrada por Daniele para conquistar essa liberdade de fazer o trabalho encaixar em sua vida e não o contrário. “Eu não precisar pegar trânsito para ir trabalhar é muito confortável. Além disso, é um tipo de trabalho que proporciona liberdade geográfica. Se eu quiser viajar, eu continuarei atendendo os meus clientes, sem problemas”, diz. Toda a liberdade que a profissão traz é algo que Daniele não quer mais abrir mão.
A profissão também permite à Danielle seu sustento financeiro. Ela, que, após demitir-se do emprego de executiva de marketing, não tinha rendimento algum, hoje fatura R$ 7200 mensais em contrato fechado, mas já conseguiu atingir até R$ 10 mil quando vendeu duas estratégias de marketing para seus clientes fixos. Para os próximos anos, Daniele pretende continuar crescendo dentro do modelo de trabalho que adotou e não pretender largar. “Eu quero conseguir mais clientes, para atingir o patamar financeiro que tinha quando era executiva, mas sem deixar de trabalhar remotamente, porque quero dedicar muita atenção ao meu filho que vai nascer”, diz.
A busca por profissão que lhe garantisse um bom rendimento financeiro, sem que fosse preciso passar por grandes jornadas de trabalho e sentir que estivesse sendo explorada a todo instante, foi que o levou Mizia Marques a realizar o curso de formação de mídia social. Brasileira de nascimento, Mizia passou a adolescência e parte da vida adulta na Venezuela. Lá, formou-se em administração de empresas e conseguiu seu primeiro trabalho, onde ganhava R$ 1,00 ao mês. “Eu trabalhava oito horas por dia para ganhar aquele salário e certo dia decidi que não poderia viver mais assim. Resolvi votar ao meu país de nascimento, para começar do zero”, relata.
No Brasil, empregou-se como assistente administrativa, mas a função que desempenhava excedia e muito aquela registrada no contrato trabalho. “Eu ajudava em tudo; empilhava caixas, varia galpões etc.” lembra. Depois de um tempo, Mizia começou a perceber que essa conduta muito mais do que refletir sua vontade de ajudar, era resultado de abuso por parte de seus empregadores. O fato de a empresa ser muito distante de onde morava e de não pagar benefícios, contribuiu para que Mizia se demitisse mais uma vez.
A incursão de Mizia pelo mundo das mídias sociais começou em Roraima, onde aguardava seu pai que a levaria de volta à Venezuela. “Comecei como gestora de tráfego e logo passei a receber financeiramente a mesma quantia do emprego anterior, só que sem me submeter a uma rotina diária, que era sair de casa à 6h para voltar às 20h”, diz. A vontade de gerar valor na vida das pessoas e o desejo de escrever, fizeram com que Mizia, posteriormente, migrasse do tráfego para social media e arrumasse um emprego em uma agência, onde mais uma vez uma rotina exaustiva voltou a lhe assombrar. “Eu ganhava R$ 3 mil e cuidava de 25 clientes. Chegou um momento que a minha saúde mental estava péssima, daí resolvi sair”, relata.
Atuar como estrategista social media, seguindo os ensinamentos de Regiane, permitiu que Mizia faturasse R$ 6 mil em apenas um mês, algo que até então não fora possível. Contudo, mais do que o rendimento acima do usual, esse tipo de trabalho, onde é possível definir seus horários, o local de trabalho, o cronograma a seguir, trouxe para Mizia uma sensação de empoderamento. “Eu comecei a me ver como empresária e não somente como uma funcionária. Isso aumentou a minha autoestima”, diz.
Rejane, Daniele e Mizia são exemplos de mulheres que, não obstante os inúmeros obstáculos enfrentados em suas trajetórias profissionais, conseguiram se reinventar. Hoje trilham caminhos promissores, desempenhando funções que permitem a elas uma liberdade, independência e autonomia difíceis de imaginar quando iniciaram suas carreiras. Por meio da profissão de social media elas não precisam negligenciar nenhum aspecto de suas vidas para serem bem-sucedidas profissionalmente. O fato de mulheres se fortalecerem para buscarem oportunidades de trabalho que se adaptem as suas rotinas e não ao contrário é uma vitória que merece ser celebrada no mês Nacional da História da Mulher.
Patrícia Jimenes
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