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Agronegócio a todo vapor: Expodireto prova a força do setor

Números surpreendentes marcaram a 23ª edição da Expodireto

Por: AGROLINK –Aline Merladete

Parque lotado. Altas temperaturas. Visitantes de um lado para o outro conferindo as tecnologias e inovações. Grandes máquinas. O pequeno e o grande agricultor. Reencontros. Apertos de mão. É o resumo de cinco dias – intensos – de Expodireto Cotrijal. Em em Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul, não eram só os dias que estavam quentes, os negócios também estavam aquecidos. A feira foi a melhor e a maior: foram R$ 7 bilhões em negócios. 

Veja a reportagem especial de encerramento.

Em 133 hectares com uma infraestrutura completa, a feira reuniu 591 expositores. Sendo 230 da agricultura familiar. O evento bateu recordes não somente em vendas, mas com público também, ao total foram 320,5 mil pessoas circularam pelo parque – foi o maior de todas as edições.  A agricultura familiar também foi destaque, foram R$ 2,5 milhões em vendas. O pavilhão internacional alcançou R$114,9 milhões e os bancos fecharam mais de R$6,3 bilhões em financiamentos. 

E em uma imersão de novidades no mundo do agronegócio, há ainda mais espaço para conhecimento, o Fórum da Soja analisou a produção, mercado e impactos da política econômica no agro.  O painelista  Alexandre Lima Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja, tratou do tema “Soja Baixo Carbono e Sustentabilidade de Sistemas Produtivos”, no qual destacou que o Brasil é uma solução e não um problema para as mudanças climáticas. “As emissões da agricultura brasileira correspondem a 1% do total das emissões do planeta. As grandes emissões são feitas pelos países desenvolvidos na produção de energia a base de queima de carvão e de petróleo. Em torno de 75% das emissões do planeta vêm desses países, que precisam compensar essas emissões. E aí começam a surgir oportunidades como crédito de carbono e mercados específicos”, afirmou Nepomuceno.

Já o sócio-diretor e consultor em agronegócio na Agrinvest Commodities, Marcos Araujo, tratou do tema “Panorama Commodities e Tendências do Agronegócio”, que chamou atenção dos produtores para a formação de preço da soja. “Nós tivemos um ano desafiador, infelizmente houve uma quebra da safra gaúcha de sete a oito milhões de toneladas. Na produção argentina, uma quebra superior a 20 milhões em relação às estimativas iniciais. E essa quebra da safra argentina tem dado sustentação, principalmente, ao farelo de soja, que é um ponto de atenção porque a partir de maio a Argentina deve retomar o seu processamento industrial e fornecer para o mercado farelo e óleo de soja – o que poderia comprimir os preços da soja em grão ao longo do segundo semestre de 2023”, projeta Araujo.

No Fórum do Leite não foi diferente, conhecimento e discussões sobre o atual cenário nortearam o encontro. A 18ª edição do Fórum reuniu representantes dos produtores e das indústrias. O vice-presidente do Sindilat/RS, Alexandre Guerra, e o secretário-executivo do Sindilat/RS, Darlan Palharini, acompanharam as discussões, observaram a importância da digitalização para se alcançar avanços e como a união de esforços de produtores, indústrias e agentes públicos é o caminho para se ter um cenário mais positivo no setor leiteiro.  

A produção láctea brasileira precisa de ajustes básicos em seus sistemas de custo e de tratos relacionados à sustentabilidade para vencer barreiras comerciais e ambientais e avançar rumo a novos mercados. Segundo o presidente da CCGL e diretor-secretário do Sindilat/RS, Caio Vianna, é essencial que se busque maior eficiência sanitária e produtiva. “O Brasil tem ampla capacidade de produção, com abundância de luz, terras e grãos. Mas temos visto leite conseguindo entrar no nosso mercado de outros países. Há coisas a serem feitas além das barreiras tarifárias”, recomendou, lembrando que além do apoio do poder público, essa é uma tarefa também do setor, incluindo produtores e indústrias.

Um caminho na busca de maior eficiência é ampliar o uso da tecnologia na produção, tema que também deu rumo aos debates da manhã. Além da robotização da ordenha, o uso de plataformas de gestão como a Smartcoop, lançada em 2021 pela RTC/CCGL, são vistas como tendência. O uso do Smartcoop nas propriedades foi detalhado pela produtora de leite da CCGL e sucessora familiar, Larissa Zambiasi. De forma didática, ela apresentou as funcionalidades da plataforma e como o uso pode ser traduzido em benefícios e facilidades aos produtores. “É possível ter uma propriedade digital, com tudo na palma da mão e em tempo real. O Smartcoop é de todos os produtores de leite associados em cooperativas. Foi criado para facilitar a vida dos produtores, é uma plataforma nossa”, afirmou.

Para o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini, um dos grandes desafios apresentados é a necessidade do setor avançar em nível de competitividade. “Uma grande quantidade dos produtores no Rio Grande do Sul ainda precisa evoluir na competitividade. Para ele saber se é competitivo ou não, precisa de indicadores. Competitividade significa ter controles, como o Smartcoop proporciona, por exemplo. Quando falamos de competitividade, estamos comparando o Rio Grande do Sul a outros estados e também a outros países, principalmente Argentina e Uruguai”, observou. O evento também contou com a palestra ‘Mercado de lácteos: o que esperar para 2023’, ministrada pelo representante da companhia Rabobank, Andrés Padilha.

O preço diferenciado de maquinário atraiu produtores para aquisição de máquinas e implementos. Na feira, é possível conferir “uma vitrine a céu aberto” de equipamentos agrícolas com condições diferenciadas oferecidas. 

De acordo com as informações que foram divulgadas pela assessoria de imprensa da Expodireto, o  casal de produtores rurais Luiz Antônio e Maria Fátima Tamiozzo, de Coronel Bicaco, na região Noroeste do Rio Grande do Sul. Eles adquiriram uma semeadora de inverno, de 24 linhas.  “Já estava namorando há uns tempos esse maquinário. A questão do preço mais atrativo durante a feira foi determinante para comprar agora, já que os negócios saem um pouco melhor”, relata Luiz Antônio. A família trabalha com as culturas de soja, trigo e milho, em uma área de cerca de 400 hectares. Apesar da estiagem dos últimos dois anos, Luiz Antônio ressalta que é importante investir neste momento para não correr o risco de ficar estagnado.

Não é por acaso que a  23ª edição é a maior e a melhor já realizada. Foi uma semana de extrema realização – tanto dos visitantes, quanto da organização “A prova disso é o grande número de visitantes que tivemos, já no terceiro dia de evento, a feira já chegava ao recorde de visitação. Quando visitamos os estandes, percebemos que todos os expositores fizeram um trabalho impecável e estão ainda maiores que os outros anos, trouxeram muitas opções em tecnologia. Estamos crescendo a cada ano“, destacou o vice-presidente da Cotrijal, Enio Schroeder

O presidente da Cotrijal, Nei César Manica, em entrevista exclusiva para o Portal Agrolink, avaliou o evento de forma positiva, citou a presença política e as ações já previstas para minimizar os efeitos da estiagem no Rio Grande do Sul. Manica comemorou todos os recordes, além da Expodireto se consolidar ainda mais no calendário de eventos agro do Brasil.


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