Situação em que a placenta adere ao útero de forma incomum, infiltrando em sua musculatura, pode ter seus riscos minimizados quando se coloca em prática um acompanhamento médico próximo e um pré-natal atualizado
A placenta é um órgão de suma importância para a gestação, pois é responsável, entre outras funções, por transportar nutrientes da mãe para o feto, garantindo o seu desenvolvimento de forma saudável. Não obstante, o processo de placentação pode colocar a vida da gestante e do feto em risco, quando resulta no chamado acretismo placentário, situação associada a graves hemorragias no momento do parto.
De acordo com a médica obstetra, com mais de 20 anos de experiência profissional, dra. Bruna Pitaluga, em um mundo onde a hemorragia pós-parto é uma das causas de mortalidade materna mais comuns, a falta de informações a respeito do acretismo placentário pode significar a diferença entre a vida e a morte de muitas mulheres no país e no mundo.
O acretismo placentário ocorre quando a placenta adere ao útero de forma incomum, infiltrando em sua musculatura, podendo atingir outros órgãos da pelve feminina. Dra. Bruna explica que isso pode ocorrer pela maneira como a placenta se forma a partir dos trofoblastos, células fetais que não fazem parte da formação do embrião, mas são importantíssimas para o seu desenvolvimento.
“Ao se proliferarem nas vilosidades de ancoragem, estas células se fundem formando uma casca que encapsula o saco gestacional e regula o ambiente para que o embrião consiga se desenvolver”, relata. Mas estas células, sublinha a médica obstetra, ao se comunicarem com o ambiente interno para que possam proliferar, modificam sua estrutura, desenvolvendo características invasoras. “São estas características que permitem a estas células se locomoverem em direção às artérias espiraladas para realizar as modificações necessárias para que o processo de placentação ocorra”, explica.
A invasão do miométrio superficial é decorrência normal da modificação dos trofoblastos ocasionada pelas alterações sinalizações decorrentes da comunicação destas células com o ambiente materno. O acretismo placentário só irá ocorrer, destaca dra. Bruna, quando estes mecanismos estiverem alterados. “Se o ambiente uterino não for apropriado para que esse processo ocorra, maior será a penetração da placenta no miométrio, o que pode gerar diversos riscos e complicações clínicas”, diz.
Como dito, o acretismo pode acarretar graves hemorragias na hora do parto, principalmente se houver esforços para retirar a placenta. Nesse sentido, conforme a médica obstetra, um acompanhamento médico próximo e um pré-natal atualizado sendo posto em prática, para tornar o ambiente uterino adequado, são imprescindíveis à mitigação de riscos. “O obstetra que possui conhecimento e sabe dos dados de acretismo placentário é capaz de reduzir os riscos pelas condutas tomadas”, afirma.
Sobre Dra. Bruna Pitaluga
Formação em Medicina pela Universidade de Brasília – UnB
Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade de Brasília – UnB
Pós-graduação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN
Especialização em Medicina Funcional pelo Instituto de Medicina Funcional – IFM, EUA
Curso em Nutrigenômica pela Universidade da Carolina do Norte – UNC, EUA
Patrícia Jimenes
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