Alguns estimam 1,5 tonelada de produção
Em meio à florada, foi dada a largada para a safra do mel, que inicia no mês de agosto. Antônio Agêncio Pereira espera colher 1,5 toneladas do alimento em seus quatro apiários, em Jaciara. Caso atinja a marca, será a segunda grande conquista de Antônio do Mel, como é conhecido. Após cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT) e orientações da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), o apicultor já triplicou a produção de 400 para 1.200 kg.
Graças aos conhecimentos adquiridos, há cinco anos Antônio largou empregos na cidade, para se dedicar integralmente à apicultura. “O curso de apicultura do Senar abriu um horizonte para a gente trabalhar nesse ramo. Demos uma alavancada na nossa produção. Com a assistência esperamos expandir ainda mais”, afirma o produtor rural.
Hoje, o apicultor trabalha com 70 caixas de enxames divididos entre quatro apiários, um na sua propriedade e os outros em reservas legais em parceria com produtores da região. Além dos benefícios para a renda da família, Antônio se sente realizado em poder contribuir com o meio ambiente. “Graças à polinização das abelhas estamos contribuindo para um ambiente melhor. Estamos trazendo esses animais para o meio das reservas, para que eles possam aumentar a sua população e contribuir para melhorias ambientais. Isso é muito gratificante”.
Do outro lado da cidade, Mauro Bogato já trabalhava com apicultura como hobby, mas a partir dos cursos e assistência, ele já tem se imaginado trabalhando profissionalmente na área. “Fiz curso básico e avançado de apicultura e o de produção de abelha rainha. Os cursos deram uma base e a ATeG nos ajudou a profissionalizar mais. Com ela, comecei a fazer o manejo apícola de forma mais profissional, aplicando manejo no tempo certo para não perder nem tempo nem recurso”, explica.
Bogato possui diversos apiários, mas na sua propriedade, Sítio Recanto das Abelhas, foi implantado um apiário berçário. A diversidade da apicultura é o que o faz sentir-se mais atraído pela atividade. “Estamos com expectativa de que em um futuro bem próximo viva somente disso, porque são muitas fontes de renda possíveis como o mel, a cera, o própolis, o polén, produção de enxame, de abelha rainha e de geleia real. São várias opções para desenvolver ao longo do ano”, destaca.
Devido à oscilação do clima em 2022, o apicultor conseguiu apenas 300 kg de mel. Para este ano, a expectativa é dobrar essa marca. “Neste ano, já melhoramos para 40 kg por colmeia/ano e devemos alcançar de 700kg a 1 tonelada de produção nesta safra”, afirma.
Técnico de campo credenciado ao Senar-MT e apicultor, Marcos Aurélio, destaca que o volume de chuvas contribui para que esse ano seja promissor. “Estamos com grandes expectativas, por conta do clima favorável. Esperamos uma boa safra de mel”.
De acordo com o profissional, a assistência tem contribuído para apresentar a rentabilidade aos apicultores da região. “Analisamos o controle dos custos, receita de entrada e de saída, fazemos um cálculo para que a venda do kg do mel supere os gastos da atividade. Por meio da ATeG mostramos que é possível viver da apicultura, mas com pé no chão e começando aos poucos”, afirma.
HISTÓRIA – A cadeia produtiva começou a se desenvolver em Jaciara em 2021, após um treinamento de apicultura básica ofertado pelo Senar-MT e Sindicato Rural do município. Na época, Alberto Chiapinotto, presidente do Sindicato local, esteve presente no treinamento e fomentou a ideia de se organizarem ainda mais. “Sugerimos a criação de uma associação, eles aprovaram a ideia e conseguimos concretizar esse sonho que é de desenvolver a apicultura no município”, destaca.
Hoje, a Associação de Apicultores do Vale do São Lourenço (Apivale) já possui 42 associados, e com ajuda da Prefeitura Municipal, será a base para a Casa do Mel, iniciativa que consiste em um espaço exclusivo para os apicultores e que está atualmente em fase de construção.
Segundo Chiapinotto, com a força de vontade dos apicultores em se profissionalizarem, surgiu a necessidade da assistência técnica. “O produtor sabe produzir, mas a técnica melhora a produção e a renda. Eles estão aprendendo a produzir melhor em menos tempo e isso tem trazido bons resultados. Alguns saíram de 5 kg por colmeia para até 30 kg por colmeia”.
METODOLOGIA – A apicultura é uma das 13 cadeias produtivas atendidas pela ATeG no estado. Ao todo, são assistidos 330 apicultores em 11 frentes distribuídas pelos municípios de Alto Araguaia, Campo Verde, Diamantino, Jaciara, Juína, Lucas do Rio Verde, Porto dos Gaúchos, Rondonópolis e São José dos Quatro Marcos.
Segundo o supervisor da área, Túlio Marçal, a assistência tem auxiliado no manejo e gerenciamento das propriedades. “A apicultura tem tido destaque nos últimos meses, com bons resultados e isso impacta no aumento da demanda por assistência técnica. Mato Grosso ainda é o 15º estado produtor de mel, mas ainda temos muito a crescer”, destaca.
Para os apicultores interessados em receber a assistência técnica, basta procurar o Sindicato Rural que atende o seu município e solicitar o atendimento. É o Sindicato quem levantará um grupo de interessados e solicitará a abertura de uma nova frente de ATeG na região.
POR SENAR: Nágera Dourado
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