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Os sem-teto e sem-terra socorridos pelo jovem Dom Pedro II

O Imperador tinha 23 anos quando lidou com uma situação delicada; em fins de 1846 chegaram 78 imigrantes alemães no Rio de Janeiro que foram deixados no cais Pharoux. O agenciador da viajem não estava no local para receber os viajantes.

Um dos imigrantes, Matias Schmitz, escreveu suas memórias, relatando a epopeia pela qual passaram e o cuidado do jovem Imperador. O texto destas memórias pode ser lido em “Blumenau em Cadernos, tomo VII, volume 12”.

Estes imigrantes estavam destinados a Colônia Santa Izabel, para juntar-se a outras famílias que chegaram antes.

Eles ficaram ao relento, não falando a língua local, sem dinheiro, sem abrigo, na praça do Cais num mês de dezembro chuvoso. Obrigados a pedir comida nas residências próximas, a generosidade do carioca os ajudou como pode.

Dr. Robert Avé-Lallemant, médico alemão, encontrou esse grupo e deixou registrado em “Viagem pelo Sul do Brasil traduzido e publicado pelo Ministério da Educação e Cultura, Instituto Nacional do Livro, em 1953.

Passando pelo Cais Pharoux, o médico se depara com os imigrantes que já estavam alguns dias sem um destino: “Ninguém sabia o que fazer com eles, estavam sós e abandonados na praia e ficariam sem abrigo se não lhes tivessem concedido o miserável telheiro onde se deposita a lenha dos barcos a vapor.
Lá vi gente na sua aflição; alguns estavam doentes; fiz por eles o que pude; tive até de assistir a uma senhora que ali deu à luz em plena rua”.

Finalmente o agenciador da viagem dos imigrantes alemães apareceu, trazendo consigo um fazendeiro do Espirito Santo. Este havia se apossado de terras devolutas na Província capixaba e queria vendê-las aos Imigrantes.

O líder dos imigrantes, Matias Schmitz, reuniu-se com seus companheiros, que pediram um tempo para decidir. Enquanto isso, foram investigar sobre o fazendeiro e as terras que ele pretendia oferecer.

Recusaram a oferta, pedindo para serem transportados até a Colônia Santa Izabel em Santa Catarina como havia sido pago antes de partirem para o Brasil. Ficaram sabendo que o fazendeiro pretendia vender terras impróprias para a agricultura e sem documentação oficial.

Fazendeiro e agenciador, tentaram vencer os imigrantes pela demora e enrolaram o máximo que puderam, os deixando ao relento, passando fome e sem abrigo.

Matias, conta em suas memórias, que foi com mais alguns alemães, até o palácio onde morava o Imperador. Foi recebido pelo jovem Imperador que falava sua língua e se compadeceu deles, ordenando que fosse cumprido o trato feito.

Os imigrantes sairam impressionados e felizes com o pronto atendimento. Porém, passaram-se os dias e nada!

Dom Pedro II havia encaminhado os interesses dos colonos para que fossem atendidos, entretanto, o fazendeiro e o agenciador possuía contatos no Palácio que fez que ajudou, mas não obedeceu as ordens do Imperador.

Matias e seus amigos voltaram ao Palácio, tendo sido recebidos mais uma vez pelo Imperador, que imaginou que era uma despedida pois logo os imigrantes partiriam.

Dom Pedro II ficou indignadíssimo com o descaso e disse aos imigrantes que ele mesmo iria resolver a questão. E resolveu, alguns dias depois, o agenciador foi obrigado a reembolsar os imigrantes pelos custos da estadia e os encaminhou para Desterro e logo depois para a Colônia Santa Izabel.


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