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Há limite de gastos para reconstruir um Estado destruído por uma catástrofe climática?

­Qual é o preço que o Brasil está disposto a pagar para reconstruir um Estado devastado por uma catástrofe climática? Há um teto? Pois essa parece ser a pergunta infame feita na Faria Lima enquanto pessoas continuam a perder suas casas para uma enxurrada que deixa o Rio Grande do Sul embaixo d’água. A Câmara dos Deputados aprovou ontem o projeto de calamidade pública que facilita a liberação de recursos para o Estado, isso enquanto não se sabe qual vai ser a demanda de dinheiro. A catástrofe que afeta dois terços do RS ainda está em andamento. Há previsão de mais chuvas para esta semana e as águas que alagam agora Porto Alegre e região Metropolitana estão rumando à metade sul do Estado.

Oficialmente, são 85 mortes, uma centena de desaparecidos e mais de 1,2 milhão de pessoas afetadas pela tragédia. Pessoas sem casas, sem acesso a água potável, sem luz. E que vão precisar de ajuda para ter onde morar depois. O governo prepara um programa de financiamento para a reconstrução.

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A sinalização de que haverá desembolsos de recursos extraordinários, fora da meta fiscal, fez o Ibovespa fechar em leve queda ontem, na contramão do exterior. Nesta manhã, os futuros americanos operam sem direção única, com viés de alta. Não há tendência para o EWZ, que representa a bolsa brasileira em Nova York.

Parece tratar-se apenas de uma questão fiscal: não é. Ontem o chefe do Departamento de Estatísticas da instituição, Fernando Rocha, afirmou que a tragédia deverá impactar também as expectativas de mercado. Apenas no setor de alimentos, o Rio Grande do Sul é o principal produtor de arroz do país, grande fornecedor de trigo e soja e concentra uma parte importante da produção de carnes, especialmente aves.

A demora na reconstrução do Estado após as tragédias significa aumento no preço dos alimentos do país inteiro. É mais inflação, só que essa pesa mais no bolso dos mais pobres do país todo.

Só que o PIB do Rio Grande do Sul é o quinto maior do país. Para gerar superávit fiscal no país, é preciso que a economia do Estado dê sua dose de contribuição e arrecade impostos. Daí a necessidade de reconstrução rápida.

Olhando para o Ibovespa, há grandes empresas com atuação relevante no Estado. Falta de energia e água paralisam operações. Uma infraestrutura em frangalhos, com estradas destruídas, impede a chegada de matérias-primas e o escoamento da produção. De BRF a WEG, passando por SLC Agrícola, Gerdau e até varejistas, a lista de empresas com atuação relevante é imensa.

Pode-se esperar que uma queda no lucro dessas empresas, causada pela tragédia, tenha impacto na bolsa. E que as ações caiam. Mais um indício de que há um custo econômico em não investir na recuperação do Estado o mais rápido possível. Na economia, não existe apenas meta fiscal. Bons negócios.


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