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Alta de juros no Japão, recessão nos EUA leva recuo nas bolsas e eleva o dólar a R$ 5,80

Ibovespa recua para 124 mil pontos, acompanhando declínio global devido à alta de juros no Japão e receios de recessão nos EUA

O Ibovespa, principal índice da B3, caiu para 124 mil pontos, refletindo um movimento de aversão ao risco que se espalhou pelos mercados globais. O cenário negativo foi influenciado por duas notícias principais: a elevação da taxa de juros no Japão e as preocupações com uma possível recessão na economia dos Estados Unidos.

Impactos Internacionais

A bolsa de Tóquio registrou uma queda de 12,4%, a maior desde 1987, após o Banco do Japão decidir aumentar as taxas de juros pela primeira vez em anos. Analistas afirmam que a medida visa controlar a inflação crescente no país, mas também gera incertezas sobre o impacto no crescimento econômico. “A elevação das taxas de juros no Japão foi um choque para os mercados, que esperavam uma postura mais acomodativa por parte do banco central japonês”, explica Haruhiko Kuroda, ex-presidente do Banco do Japão.

Nos Estados Unidos, a notícia de que a Berkshire Hathaway, gestora do investidor Warren Buffett, reduziu sua participação na Apple em quase 50% provocou uma queda de mais de 8% nas ações da empresa na pré-abertura do mercado. Este movimento gerou um efeito cascata, afetando negativamente outras big techs e arrastando os índices Nasdaq e S&P. “A decisão de Buffett envia um sinal claro de cautela, especialmente quando se trata de um dos ativos mais valorizados do mercado”, comenta Dan Ives, analista da Wedbush Securities.

VIX e Dólar

O VIX, conhecido como o “índice do medo” por medir a volatilidade esperada do mercado, atingiu sua máxima em quatro anos, refletindo o aumento da aversão ao risco entre os investidores. Com isso, o dólar subiu mais de 1%, sendo negociado a R$ 5,80. “O aumento do VIX indica que os investidores estão buscando proteção contra uma maior volatilidade no curto prazo, o que impacta diretamente a demanda por ativos mais seguros, como o dólar”, analisa Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central do Brasil.

Cenário Nacional

No Brasil, além dos riscos externos, o mercado também enfrenta preocupações internas. O Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central, trouxe uma nova projeção de alta na inflação, o que piora o cenário fiscal do país. “A combinação de fatores externos negativos e a deterioração das expectativas inflacionárias domésticas criam um ambiente muito desafiador para o mercado brasileiro”, avalia Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.

A alta do dólar e a pressão inflacionária aumentam a incerteza sobre os rumos da política monetária do Banco Central, que já vinha adotando uma postura mais dura para conter a inflação. “A perspectiva de uma inflação mais alta coloca o Banco Central em uma posição difícil, pois pode ser necessário um aperto monetário adicional, o que impactaria ainda mais o crescimento econômico”, conclui Tony Volpon, estrategista-chefe da corretora WHG.

Conclusão

A combinação de fatores externos, como a elevação da taxa de juros no Japão e os receios de recessão nos Estados Unidos, com os problemas internos, incluindo a piora nas expectativas inflacionárias, formam um quadro complexo para o mercado brasileiro. A queda do Ibovespa para 124 mil pontos reflete a crescente aversão ao risco dos investidores, que buscam proteger seus portfólios em meio a um cenário de alta volatilidade e incertezas.


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